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7.6.12

CASTELO DE SOURE

O Castelo de Soure localiza-se na vila do mesmo nome, perto de Coimbra


no vale do baixo rio Mondego, numa pequena elevaão formada por aluviões, na confluência do rio Anços com o rio Arunca..Actualmente em ruínas e muito mutilado nos seus muros, integrava uma linha avançada de redutos defensivos de Coimbra

À época da invasão romana da Península Ibérica, acredita-se que um pequeno destacamento aqui se tenha instalado, para guarnecer a estrada que seguia para Coimbra. Dessa ocupação são testemunho diversas pedras posteriormente aproveitadas para a construção do castelo medieval.

Não há muita documentação sobre o cartelo medieval e, por isso, discute-se se a primitiva fortificação de Soure se deve à época das lutas da Reconquista cristã ou aos Muçulmanos, por volta do século IX, parecendo mais certo datá-la entre 1064 e 1111. Há consenso, entretanto, de que o castelo foi erguido às pressas, conforme testemunha o aparelho de seus muros. Por não querermos historiar na totalidade a vida do castelo diremos apenas que do século XIX aos nossos dias o castelo conservou-se na posse da Ordem de Cristo. Neste século, duas torres do castelo foram vendidas por João Ramos Faria a João Lobo Santiago Gouveia, conde de Verride e em 1880, a Câmara Municipal fez dinamitar a torre Sudoeste, que ameaçava ruir.

Na primeira metade do século XX pertenceu ao poeta Santiago Presado, que, na década de 1940, o colocou à disposição da Câmara Municipal. À época, esta não legalizou a oferta. O castelo foi classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 5 de Abril de 1949.

Em 1973, o castelo foi colocado à venda em hasta pública pelo valor matricial de 60.480$00, embora a transacção não fosse efectuada pelo Estado português. Depois desta curtíssima resenha histórica passemos à perte arquitectónica; como castelo de planície, é um raro exemplar da arquitetura militar proto-românica no país, com vestígios de obras no período gótico e manuelino. De pequenas dimensões, apresenta planta rectangular, em aparelho de alvenaria de pedra rude, tendo sido predominantemente utilizado como alcáçova, isto é residência.



Primitivamente contava quatro torres, uma das quais, a Nordeste, recolhida, e as outras três salientes. Subsistem apenas aquela e a de Sudoeste ,dinamitada parcialmente em 1880; a primeira seria a mais forte, provavelmente com a função de Torre de Menagem, com janela rasgada a pleno centro no segundo registro, remontando ao século XV ou XVI, a avaliar pela configuração das ameias.

Acede-se ao pátio de armas do castelo por um portão em arco rasgado junto à torre Nordeste, abrindo-se nesse pano de muralha quatro frestas no primeiro registro e quatro frestas no segundo. A torre Sudoeste apresenta a Norte duas janelas em arco e a Sul duas frestas e uma janela em arco entaipada, ao lado de janela de recorte quadrado.

Com o passar dos séculos, o castelo perdeu o seu carácter defensivo, confundindo-se com o casario que entretanto foi nascendo dentro dele. Esse facto retirou-lhe o enquadramento histórico necessário, para a apreciação do monumento.. Já que a incúria dos homens permitiu a sua destruição, quer por degradação natural provocada pelos séculos , quer por aproveitamento da sua pedra para construção, aqui deixamos o relato do que chegou aos nossos dias.

1.9.11

Castelo de Santarém




Hoje vou referir mais um castelo em que praticamente desapareceu tudo aquilo que, no nosso imaginário, é um castelo com a torre de menagem, a praça de armas , os fossos etc ; o pouco que resta foi há muito descaracterizado no castelo de Santarém.
É aceite que a primeira ocupação humana desta zona remontará a um castro ou a uma povoação do século VIII antes de.Cristo. Quanto aos Romanos sabe-se que estiveram neste local desde 138 a.C. e lhe chamaram Scalabis, sendo um importante entreposto comercial no médio curso do rio Tejo . Com a conquista da península Ibérica pelas tropas de Júlio César, no ano 90 a.C., esta povoação passou a ser fortificada e a ter uma guarnição militar permanente, sendo então designada por Praesidium Juliia .
Com a invasão da Hispânia ( península Ibérica sob domínio romano ) pelos povos bárbaros (Alanos, Vândalos), a povoação foi dada a Sunerico no ano 460 dC, para seis décadas depois ser ocupada pelos Suevos. No século VII foi a vez dos Visigodos, altura em que era denominada como Sancta Irena , para no início do século VIII, ser ocupada pelos Muçulmanos que a designavam como Chantirein ou Chantarim. Tanta mistura de povos e culturas por certo deixaram marcas na maneira se ser destas gentes e no seu DNA.


Após séculos de ocupação islâmica, chega o movimento da Reconquista Cristã e Santarém foi, por diversas vezes, alvo das investidas dos reis asturo-leoneses, época em que as suas fortificações devem ter sido sucessivamente reparadas e reforçadas pelos Muçulmanos. Na época da Independência de Portugal, sob o comando do rei D. Afonso Henriques , o Castelo de Santarém foi conquistado, ficando sob domínio de Portugal. Um novo ataque muçulmano é realizado em 1181, encontrando-se na cidade o infante D. Sancho, tendo os assaltantes recuado diante de uma contra-ofensiva dos defensores. Sob o reinado de D. Fernando (1367-1383), este procedeu-lhe reforço e ampliação nas defesas, como por exemplo a reforma da Porta de Santiago, em arco ogival (1382),


As muralhas de Santarém foram severamente danificadas por um terramoto em 1531.

D. João IV (1640-1656), no contexto da Guerra da Restauração, e, mais tarde, D. Miguel (1828-1834), no decurso das Guerras Liberais, promoveram, em cada período, obras de modernização e reforço nas defesas da então vila. Este último serviu-se do castelo da vila como reduto, de Outubro de 1833 a 17 de Maio de 1834.
Chegada a paz e o progresso económico, Santarém foi elevada a cidade em Dezembro de 1868. A exemplo do que aconteceu em outros pontos do país, a expansão da cidade absorveu as suas defesas medievais das quais restam, em nossos dias, apenas remanescentes como o recinto fortificado da Alcáçova, a Porta de Santiago, a Porta do Sol e alguns pequenos troços das muralhas..
Na década de 1990 foram iniciados trabalhos de prospecção visando identificar troços remanescentes das antigas muralhas, bem como consolidação de alguns deles
Como castelo de montanha, possui elementos do estilo românico e do estilo gótico e era primitivamente constituído pelo recinto da alcáçova e pela muralha da vila, defendida por uma barbacã. Também existia uma cerca nos bairros ribeirinhos da Ribeira e do Alfange. A cerca da vila era rasgada por sete portas, designadas pelas sete vias de acesso:Porta de Santiago, de acesso à Ribeira; Porta do Sol, de acesso ao Alfange;Porta da Alcáçova;Porta de Leiria;Porta de São Manços ;Porta de Alporão, de acesso a Marvila; e a Porta de Valada.
Destas portas, restam apenas vestígios das duas primeiras: Um brasão de armas de Portugal, ladeado por uma epigrafia (actualmente mutilada e ilegível) ladeia os restos das ogivas, interna e externa, da Porta de Santiago. Em textos antigos são referidas como fazendo parte do castelo a Torre do Bufo na Alcáçova, a Torre de Manços e a torre de menagem, junto à Alcáçova mas só chegaram aos dias de hoje o recinto junto à Porta do Sol com três torreões coroados por merlões, que se prolonga sobranceiro ao vale do Alfange, na ribeira, integrado por uma guarita seiscentista em um dos vértices; troços de muralha junto à Porta da Traição, no monte sobranceira à Fonte das Figueiras; troços da cerca da vila na escola primária de Marvila (bairro do Pereiro) .o chamado Cabaceiro ou Torre das Cabasçs que mais parece uma construção recente pelos arranjos que lhe fizeram.
Pese embora a desilusão de não se ver um castelo como o idealizamos , uma visita ao jardim da Porta do Sol compensa pelo panorama que dali se avista.

15.3.11

CASTELO DE SILVES

Muito embora haja inúmeras opiniões sobre a possível existência de um reduto defensivo anterior ao actual, talvez romano ou mesmo anterior, o que foi confirmado até hoje é a existência de uma muralha construída logo após a conquista árabe ,no séc. VIII, muralha essa quase totalmente oculta. O que existe actualmente remonta quase exclusivamente à ocupação islâmica (séc.XII-XIII), e à época das lutas da reconquista cristã feita pelos primeiros reis de Portugal.
O castelo, como não podia deixar de ser, situa-se no ponto mais alto da cidade, construído em rocha do tipo grés vermelho e próximo das torres da antiga Sé. Destruído parcialmente por vários terramotos acabou por ser recuperado em 1940, ao abrigo das comemorações nacionais da independência de Portugal.
Da sua estrutura fazem parte a Alcáçova que era a zona nobre do castelo, com uma área de 12.000 metros quadrados rodeados por uma muralha contendo duas portas : a principal que dava acesso à cidade (Medina) e outra a norte, mais pequena , de acesso directo ao exterior, a conhecida porta da traição.
As muralhas desta alcáçova são exteriormente reforçadas por onze torres de planta rectangular de concepção diferente, pois duas são albarrãs, isto é, destacam-se do pano de muralha através de um passadiço.
No interior da alcáçova existem duas cisternas, muito provavelmente mouras, uma das quais abobadada, o aljibe, e outra, conhecida por Cisterna dos Cães, muito profunda, havendo quem diga que liga ao rio. Estão em andamento trabalhos de investigação numa habitação muçulmana, quem sabe se o mítico Palácio das Varandas, o Axarajibe..
Como dissemos a porta principal do Castelo abria para a cidade que também era amuralhada. Ainda hoje são visíveis na zona norte e poente algumas torres albarrãs, quase não restauradas. Na Rua Nova da Boavista há duas grandes albarrãs e junto à Câmara Municipal outras três, uma das quais a mais importante porta da Medina, hoje Biblioteca Municipal e outrora a Casa da Câmara.
As Muralhas do Arrabalde envolveriam a parte mais baixa da cidade. Dessa estrutura de material mais pobre resta o conhecido Arco da Rebola (Rua da Cruz da Palmeira).
Completariam este forte dispositivo militar algumas barbacãs e fossos dispostos nos locais mais vulneráveis

12.2.11

CASTELO DE VISEU



Ultimamente, na etiqueta Castelos de Portugal, tenho procurado chamar a atenção para cidades onde os castelos desapareceram, restando uns curtos metros de muralha, como também é o caso da cidade de Viseu .
Segundo os vestígios descobertos, a povoação da época neolítica que deu origem a Viseu, nasceu no alto do monte onde se situa hoje a Sé. A localização do burgo fez dele um ponto de passagem do norte para o sul, tal como entre o litoral e o interior , daí que, durante a dominação romana, Viseu fosse um centro de grande importância. São prova disso os inúmeros vestígios arqueológicos encontrados na região, de que se destacam moedas, sepulturas, marcos miliários, pontes e principalmente as estradas que para a povoação convergiam em grande número.
São no entanto uns curtos trechos de muralha que permitem hoje recordar a sua anterior grandeza. A explicação do desaparecimento do castelo talvez esteja no facto da cidade não ter sido muito decisiva na luta pela reconquista cristã e, a pouco e pouco, essa acalmia acabar por absorver o castelo e a cerca medievais, aproveitando-se a sua pedra para edificar outras construções, o que foi um erro fatal nas situações de guerra que se seguiram. Com efeito, ao longo do reinado de D. Fernando , Portugal e Castela entraram em conflito por três vezes e Viseu foi atacada algumas vezes, sem grande defesa, até que a paz foi estabelecida, definitivamente, em 1411. Durante o reinado do mestre de Avis, uma nova muralha com sete portas começa a ser erguida , mas só ficou concluída no período de D. Afonso V. É dessa muralha “afonsina” que mostramos um esquema onde estão representadas as portas de soar (1),de S.José (2) , de Stª Cristina (3), de S. Miguel(4) de S, Sebastião (5), dos Cavaleiros (6) e a do postigo (7).



Como a sua importância de reduto militar vai decrescendo, a cidade começa a alargar para fora das muralhas e a fazer-se o desmantelamento das mesmas, para aproveitar a pedra já aparelhada, de tal forma que hoje é difícil reconhecer onde estavam situadas.
Como escreve João Luís Inês Vaz a muralha romana de Viseu é uma estrutura de defesa que datará do século III embora eles tenham fundado a cidade no século I e "traçaram-lhe um perímetro que tinha como limite o seguinte percurso actual: Rua da Regueira (lado norte), hoje Rua de João Mendes, Largo Mouzinho de Albuquerque, Rua do Carvalho, por uma linha direita ao Largo da Misericórdia, Rua do Chão do Mestre, Rua de D. Duarte, Largo de Santa Cristina até à Rua da Regueira (lado sul)".
É talvez do século III um troço dessa muralha e um torreão semi-circular que foi descoberto em Março de 2004 na Rua Formosa, quando decorriam as obras de requalificação daquela via pedonal. Estes vestígios estão agora visíveis através de uma placa de vidro assente ao nível do solo. Como no tempo de D. João I há referências a um castelo em ruínas, pode-se concluir que Viseu não tinha só muralhas , houve na realidade um castelo cuja data de construção é talvez do período da reconquista cristã.

3.10.10

O CASTELO DO PORTO


Tal como acontece em Coimbra , quem visita a cidade do Porto não encontra um castelo propriamente dito o que parece estranho numa cidade tão antiga. Os romanos referiram-se a um núcleo populacional junto ao rio Douro como Portuscale, na zona do morro da Pena Ventosa que é onde hoje se situa a Sé. Nesta zona encontraram-se vestígios romanos e pré romanos que atestam uma continua ocupação, logo deveria haver alguma edificação defensiva. ( Durante as décadas de 1980 e de 1990, as investigações arqueológicas realizadas nas traseiras da , nomeadamente na Casa da Rua de D. Hugo n.° 5, permitiram identificar um perfil estratigráfico que ilustra a evolução do núcleo primitivo da cidade. Destes estudos concluiu-se ter havido uma ocupação quase contínua do local desde os finais da Idade do Bronze.)
Continuando a atestar a ocupação da zona, diremos que no Itinerário Antonino ( sec II) aparece a designação de Cale ou Calem para o morro de Pena Ventosa e daí talvez Portuscale que, no primeiro quartel do século XII, era apenas citado como Portus , já que cale designava travessia ou passagem.
Mas houve ou não um castelo ? O que encontramos hoje são restos de dois muros defensivos , ambos medievais , a cerca velha ou sueva e a cerca nova mais conhecida por muralha fernandina. Terá sido sobre os alicerces da fortaleza sueva , arrasada no ano 825 pelo rei mouro Almançor que Moninho Viegas , trisavô de Egas Moniz ( aio de D. Afonso Henriques), teria mandado edificar a cerca velha no período da reconquista. Dentro desta cerca certamente haveria um castelo ou uma torre defensiva, mas dela não há vestígios.
Esta cerca velha existia ainda em 1120 já que , aquando da doação do burgo ao bispo D: Hugo, lê-se no documento mandado exarar por D.Teresa que além do burgo pertenciam ao bispo terrenos extra muros. logo havia uma muralha .Como a cerca velha se situa no morro da Pena Ventosa o castelo deveria situar-se dentro dessa cerca, onde hoje está a Sé.
No que respeita à cerca nova ( muralha Fernandina) diremos : A Muralha Fernandina começou a ser pensada em 1336, quando reinava em Portugal D.Afonso IV, devido à tentativa de invasão do rei castelhano D.Afonso XI.
Era necessário proteger uma cidade, que se tinha expandido para além da Cerca Velha .A muralha, que tinha uma altura de 30 pés (10 metros), ficou terminada no reinado de D.Fernando, daí a designação de Fernandina.O traçado seguia pela margem ribeirinha do Douro até ao limite com Miragaia, subia pelo Caminho Novo, pela Sé e descia pela escarpa dos Guindais até à Ribeira.( foto do texto) Esta muralha envolvia a cerca velha e os seus muros, reforçados por trinta torres, abriam para o exterior por várias portas e postigos. No interior da cerca nova outras cercas havia , delimitando a judiaria e os terrenos administrados pelas ordens religiosas. Em nome do progressivo desenvolvimento urbano a muralha Fernandina começou a ser derrubada no final do século XVII e os seus seculares muros foram sendo submersos pelo casario ou demolidos para a abertura de novas ruas. Para muitos dos edifícios públicos, que foram construídos a partir do séc. XVII, foram aproveitadas as pedras da muralha derrubada. No séc. XIX, a muralha sofreu a condenação final, sendo demolida na sua quase totalidade. O que hoje resta e vemos, é considerado monumento nacional.
Colocámos a hipótese de o castelo ou torre de defesa se ter situado onde hoje está a Sé. Não podemos esquecer que a Sé do Porto é um edifício de estrutura romano-gótica, dos séc. XII e XIII, tendo sofrido grandes remodelações no período barroco (séc. XVII-XVIII). No interior conserva ainda o aspecto de uma igreja-fortaleza com ameias, mas nada garante que a hipótese de ali ter sido a fortaleza .seja correcta

21.4.10

CASTELO DE ALMOUROL



Construído num afloramento granítico que forma uma ilhota no meio do rio Tejo e a uma curta distância de Vila Nova da Barquinha , está o castelo de Almourol que também já foi designado de Almoriol, Almorol, Almourel, e Almouriel. Edificado pelos Romanos sobre um possível castro lusitano , a facilidade de vigiar e defender este troço do rio que foi caminho de largo uso , fez do ilhéu de Almourol um local de interesse militar, antes e depois da reconquista cristã. Tomado aos mouros por D. Afonso Henriques , foi entregue à ordem dos Cavaleiros do Templo que o reconstruiu em 1171, sob direcção do mestre da ordem , Gualdim Pais . Com a extinção da Ordem do Templo passou para a Ordem de Avis , por decisão do rei D. Dinis . A muralha do castelo é reforçada por dez torreões , havendo alguns cilíndricos e de diferentes diâmetros Passada a porta, flanqueada por dois torreões , encontramos um terreiro entre a torre e ruínas de velhas instalações situadas a um nível inferior . Algures por aqui se abria a porta da traição , perto da qual existiu um poço que seria a boca de um dos túneis que ligariam o castelo à margem , isto segundo a crença popular. A torre de menagem de planta quadrada e de dois pisos , tem esculpido o antigo brasão templário. Ameias , seteiras, adarves, eirados e escadas de pedra encontram-se espalhadas pelos espaços restantes , num belo e bem conservado conjunto , pese embora tenha perdido, desde muito cedo, o interesse militar e ficado sem guarnição . A sua conservação natural deveu-se à dificuldade de acesso que só é feita de barco e a ser difícil transportar grandes pesos para as margens , ficando assim a salvo de ser espoliado pelos aproveitadores de pedras já talhadas , como acontecera com os outros castelos por todo o país.

3.4.10

O CASTELO DA LOUSÃ


O castelo da Lousã fica situado na margem direita da ribeira de Arouce ( um sub afluente do rio Mondego ) no alto de um estreito contraforte da serra da Lousã e toma esta designação por se encontrar a cerca de 1,5 Kms da vila com o mesmo nome.
É também conhecido como castelo de Arouce embora mais distante da actual povoação de Foz de Arouce. A antiga vila de Arouce, junto ao castelo, há séculos que desapareceu, restando hoje alguns pedaços de muros espalhados pela serra e não se sabe em que data foi iniciada a construção da fortificação para a sua protecção.
O documento mais antigo que refere esta povoação de Arouce data do ano 943 e é um contrato entre Zuleima Abaiud, um cristão que vivia no mundo muçulmano(um moçárabe ) e o abade Mestúlio do Mosteiro do Lorvão. Nesse documento é mencionado o topónimo Arauz que deve ter originado Arouçe.
Admite-se que a construção do castelo, ou talvez a sua reconstrução, remonte a 1080, quando a povoação de Arouce foi pacificamente ocupada pelo conde Sesnando Davides, governador da zona de Conimbria (Coimbra), por mandato de Fernando Magno, rei de Leão e Castela que havia conquistado aquela cidade aos mouros em 1064, antes da formação do reino de Portugal. O castelo de Arouce foi reconquistado pelos mouros por volta de 1124, e reocupado e reparado por D. Teresa do condado Portucalense e mãe de D. Afonso Henriques . Já com a formação do reino de Portugal , o castelo fez parte da linha de defesa fronteiriça que era o rio Mondego, juntamente com os castelos de Penacova, Soure, Miranda do Corvo Penela e Ladeia, isto até 1147.
Quando D. Afonso Henriques conquista Santarém e depois Lisboa, a linha de fronteira passa a ser o rio Tejo e o castelo perde importância militar mas continua a ser usado como residência de verão pela rainha D. Mafalda, esposa de D. Afonso Henriques. O castelo e a povoação de Arouce recebem foral em 1151 mas mais tarde , em 1160, um novo documento já fala em Lousã como coisa distinta de Arouce , o que demonstra que a antiga povoação romana voltara a ter população com a pacificação da região, crescendo de tal forma que recebeu foral de D. Afonso II, no ano de 1207.
O castelo, de pequenas dimensões, tem as muralhas reforçadas por três cubelos e uma praça de armas de apenas 130 metros quadrados. O portão de entrada é flanqueado por dois cubelos semi-cilíndricos. O topo das muralhas é percorrido por um adarve, defendido por merlões chanfrados . A torre de menagem é ameada e de planta quadrada e nela se rasga uma porta ogival, ao nível do adarve ,com seteiras do lado oposto e mais duas portas no piso superior. A torre de menagem deve ter sido erguida durante o século XIV em alvenaria de xisto da era Silúrica, como aliás as suas muralhas , dado ser esta a única pedra da região. A excepção é a guarnição da porta da torre de menagem em grés branco..Entre a vertente escalvada e a torre de menagem subsistem restos da galeria da poterna , saída secreta do castelo para algum local do povoado.
Os séculos e o vandalismo provocado pela busca de tesouros iam destruindo o castelo até que em 1939,1942 e 1945 se fizeram trabalhos de reparação . Outros trabalhos pontuais foram executados em 1950,1956,1964,1971 e 1985, permitindo hoje mantê-lo em bom estado, numa rica paisagem florestal.

13.12.09

CASTELO DE COIMBRA

Quem visita Coimbra fica admirado por não encontrar um castelo ou um pano de muralha , sendo esta uma cidade tão antiga com vestígios romanos e árabes . Será que nunca teve um castelo? Os documentos antigos provam a sua existência e, como não podia deixar de ser, localizava-se na zona mais alta da cidade, mais ou menos onde hoje está a Praça D. Dinis. Era neste local que se encontrava o castelo propriamente dito, com torres de defesa e de menagem, e dele partiam muralhas cercando o casario e descendo até ao rio,como mostra esta gravura de CONINBRIA.O castelo,cuja planta conhecida data do século XVIII, foi reconstruído no reinado de D.Afonso Henriques, sendo que D. Sancho I o mandou reforçar, aumentando o número de torres defensivas, uma delas em forma de quina junto á torre de menagem, chamada Torre de Hércules ou torre quinada. No século XVI começou a destruição da cintura de muralhas , quer pelo seu estado de ruína , quer porque a cidade crescia para fora delas e era necessária pedra para a construção dos grandes colégios universitários. A machadada final veio com a Reforma Pombalina da Universidade, na década de 1770. A construção de novos edifícios escolares e a beneficiação de outros, levou à destruição da área circundante à torre de menagem, tendo esta também começado a ser derrubada em 1773 para, a partir da sua base quadrangular, ser construído um novo observatório astronómico. Quando, dois anos mais tarde, se verificou que o local não era o melhor para as observações , as obras pararam, mas a torre de menagem já não existia . O novo observatório foi construído no extremo do pátio da universidade ,entre o Colégio de S.Pedro e a Biblioteca Joanina, tendo aí ficado até 1951, data em que foi demolido por haver já um outro moderno no alto de Santa Clara. Na segunda metade do século XIX, com a reforma dos Hospitais da Universidade, as inacabadas e abandonadas obras do primitivo observatório são aproveitadas para fazer a lavandaria e rouparia do hospital. Em 1944 estas instalações são desactivadas e demolidas expondo, pela última vez, a base da torre de menagem,como é documentado na fotografia que se segue.(A foto foi retirada do blog de Sérgio Namorado). Atrás está o Hospital de S.Lázaro que funcionou como hospital de doenças infecto -contagiosas. Neste local situam-se hoje as novas instalações da faculdade de Matemáticas.

Os vestígios mais conhecidos das antigas muralhas e portas que a cidade possuiu são a Torre de Anto e a Porta de Almedina, modificadas há muito
como habitação, o que mostramos a seguir.Em 1945, existia ainda no local onde terminava o aqueduto que abastecia o castelo um arco denominado ARCO DO CASTELO mas que nada tinha a ver com ele . Foi construído como suporte aos edifícos anexos,após o terramoto de 1755
(foto do aqueduto ,do arco do castelo e da porta de entrada do antigo Banco de Urgências dos Hospitais da Universidade ) Aqui fica um breve resumo do que foi um grande castelo e de como este foi desaparecendo, aos poucos e poucos , pelo aumento da cidade e da própria instalação universitária.
A muito custo conseguimos copiar uma planta do castelo cuja legenda é a seguinte : 1-Torre quinada ou de Hércules 2- Torre de Menagem 3- Porta do Castelo 4- Aqueduto A porta do castelo ficava a umas dezenas de metros do que é hoje a Porta Férrea da Universidade.

26.7.09

CASTELO DE PENEDONO

Este castelo roqueiro é uma soberba obra de arte com torres bem lançadas numa base de penedos encavalitados e construído mais como residência do que como fortaleza aproveitando, no entanto, as fundações e silharias de anteriores fortificações. Não se sabe ao certo a data do nascimento do povoado onde se insere ,nem a origem do nome , possivelmente islamita , pois a única documentação conhecida data do sec X. Um documento redigido e firmado no ano 960 aponta para o facto deste castelo ter sido mandado restaurar por Rodrigo Teodoniz que o deixou, por testamento, a sua filha Chamoa tendo esta, mais tarde, doado este e outro castelo à ordem religiosa fundada por sua tia materna Mumadona . Passa-se isto no período da reconquista cristã da Península Ibérica , com as fronteiras sempre a variar , vilas e povoados perdidos e reconquistados, arrasamentos , destruições , batalhas e mortes, numa lenta progressão para sul dos cristãos . Desta forma, o castelo mudou de mãos várias vezes até a reconquista final pelo rei de Leão , Fernando Magno. D. Sancho I de Portugal, o rei povoador, para além de incentivar a fixação de gentes manda restaurar os castelos de Numão,Penedono,Longroiva , Marialva, Trancoso, Pinhel, Guarda e outros, para manter o Reino de Portugal independente dos de Leão e Castela., principalmente deste último. A vila de Penedono gozou os privilégios das cartas forais de D. Sancho I, em 1195, e de D. Afonso II em 1217. A guerra da independência entre Portugal e Castela , provocada pela morte de D. Fernando , já que a sua filha D: Beatriz era casada com o Rei de Castela , leva a que o alcaide do castelo,Gonçalo Vasques Coutinho, combata ao lado do Mestre de Avis pela causa de D. João I como rei de Portugal.

A planta do castelo é triangular com lados recurvados para fora.Na parede sul elevam-se dois finos torreões com ameias ressaltadas funcionando como reforços da porta principal. Esta, por sua vez, é encimada por um arco que liga as duas torres. Na parte traseira do castelo ,dois outros fortes torreões completam este conjunto. De modestas dimensões o seu interior é rico em sinais de pavimentos, amplas janelas quadradas com bancos laterais em cantaria e uma cisterna elevada .



9.6.09

Castelo de ARNOIA

Este castelo roqueiro situa-se perto de Celorico de Basto, onde a penedia alterna com o arvoredo. Possui uma volumosa torre virada a sul ,com uma porta alteada dois metros em relação á base do terreiro e uma muralha pentagonal , ondeada de acordo com a sapata natural onde se apoia . Ainda virada a sul e sob a protecção imediata da torre, abre-se a singela porta da muralha. Bastante mutilado por absurdas crenças de "tesouros mouriscos ", este castelo merecia a atenção do poder local, pese embora nunca ter servido para defesa de uma povoação pois foi implantado em local quase inexpugnável e afastado de qualquer burgo , fazendo parte de um vasto plano estratégico de defesa regional. Fundado antes de existir Portugal, terá sido erguido pelos muçulmanos no século VIII. As primeiras investidas da reconquista cristã , no mesmo século , te-lo-ão danificado, sofrendo restauro já sob o domínio dos libertadores leoneses e potucalenses. De pouco interesse depois da reconquista cristã ,foi caindo no esquecimento. Não havendo grandes pormenores arquitectónicos para referir, falaremos de uma lenda.Conta a história que, no tempo do rei D. Dinis, era alcaide do castelo Martim Vasques da Cunha, partidário de D. Afonso , irmão do rei, que com este disputava o trono desde a morte de D: Afonso III .o Bolonhês. Por tal decisão partidária, pedira o alcaide a sua exoneração ao rei, mas D. Dinis recusava-a sempre. Para resolver a situação de maneira honrosa o alcaide ordenou a evacuação do castelo, trancou a porta por dentro, incendiou simbolicamente uma das casas e desceu da muralha dentro de um cesto preso a uma ameia. Como mandavam as regras da cavalaria abandonou o castelo deixando no interior tudo o que era preciso :" galo, galinha, gato, cão, sal, vinagre, azeite , pão, farinha, vinho, água, carne. peixe, ferraduras, cravos, bestas, flechas, ferro, corda, lenha, mós, alhos, cebolas, escudo, lança, espada,carvão, forja, funil, isca, pederneira, e pedras em cima das muralhas." Saíra com honra. O castelo foi , alguns meses depois, entregue a um novo alcaide Pêro Menedez que, segundo a lenda, morreu dentro do forno de cozer o pão da vila, pois se metera com uma jovem padeira viúva e esta , com a ajuda do irmão, assim se vingara. Em meados do século XX o castelo foi classificado como monumento nacional (decreto lei de 15/3/1946). O IPPAR concluiu obras de restauro e consolidação em Janeiro de 2004.


10.5.09

CASTELO DA FEIRA

Onde hoje se situa o castelo, fora outrora um santuário pré-romano devotado ao deus Bandevelugo Toireco. Aumentado pelos romanos e posteriormente cristianizado, o templo foi, a pouco e pouco , ficando degradado e os seus materiais usados na construção de uma fortaleza que apresentava reminiscências romanas e islamitas provocadas pelos povos que a ocuparam. Durante o início do reino de Portugal esta foi aumentada para o dobro e novas obras , nos séculos XIV e XV, deram-lhe o aspecto definitivo . D. Sancho I , no século XII, escolhera-o para alojar a sua mulher ( D. Dulce) e as filhas , quando ele falecesse. Mais tarde foi dado como dote a D. Isabel de Aragão (Rainha Santa Isabel) pelo então noivo, o rei D.Dinis. Os anos correm e, já no tempo de D. Fernando este monarca, pouco antes de falecer, outorga a posse do castelo ao conde de Barcelos , João Afonso Teles. A morte de D. Fernando cria um problema dinástico pois a sua filha D. Beatriz, herdeira da coroa portuguesa, era casada com o rei de Castela. O castelo da Feira é então tomado de assalto por Gonçalo Coutinho que advogava a causa de D. João ( mestre de Avis) para rei de Portugal. Após as batalhas de Trancoso e Aljubarrota , o já rei D. João I confisca todos os bens do Conde de Barcelos e as terras de Santa Maria da Feira são entregues ao senhorio de Nuno Álvares Pereira e na descendência deste ficou até 1700. É um neto de Nuno Álvares, de nome Fernão Pereira, que manda fazer uma remodelação profunda no castelo. As obras que duraram vários anos só terminam na alcaidaria de seu filho Rui que ainda mais o fortificou. De Júlio Gil no seu livro "Os mais belos castelos de Portugal" tirámos os seguintes apontamentos:

" ....da grande cerca medieval conhecem-se apenas os cortornos .....a praça de armas tem ameias desenhadas ainda para artilharia de trons .... Sobre a base da antiga torre de menagem elevou-se a monumental alcáçova palaciana contendo um salão de festas de magnífica abóbada gótica, quatro lareiras de aquecimento , galeria alta,tribuna de músicos, escada helicoidal para o eirado e seis janelas. ......A porta principal do castelo sob protecção de pequena barbacã tem certa complexidade nas entradas desenfiadas....... no flanco a nascente da muralha um cubelo rectangular protege o poço e a poente um cubelo casamata sugere ciclópica máquina de guerra.

14.3.09

CASTELO DE GUIMARÃES


Local embrionário dos ideais da independência de Portugal, este castelo tem prestígio e honra a que se acrescenta beleza arquitectural e paisagística . Embora não haja documentação comprovativa , nele se diz ter nascido D. Afonso Henriques , o infante que a si mesmo se armou cavaleiro. A história deste castelo deve remontar a dois séculos antes do nascimento de D.Afonso Henriques, quando a condessa Mumadona , viúva do senhor de Vimaranes, ali fez a fundação de um mosteiro para nele poder professar após a viuvez. Porém, o século X não permitia a paz nestas terras já que sarracenos e bárbaros assolavam os indefesos povoados para destruir, saquear e arranjar escravos ; os muçulmanos vinham do sul e os vikings, que eram marinheiros, subiam os rios com o mesmo propósito. Perante estes ataques ,Mumadona apressa a construção de uma defesa para o mosteiro e camponeses e assim , no outeiro do monte Latite, foi erguida uma simples torre e uma não menos precária muralha que já servia de protecção.
O conde D. Henrique e a sua mulher D. Teresa que embora filha de Afonso VI de Leão , desejavam a independência do récem criado Condado Portucalense, decidem ir morar para Guimarães (Vimaranes), sendo a primitiva torre defensiva ampliada e robustecidas as muralhas. Muitos anos depois, novas obras são realizadas por D. Diniz e D.João I, sendo hoje ainda visíveis as marcas da alcáçova do século XIV que ocupava dois pisos, bem como as amplas janelas para o exterior e duas lareiras.(ver foto 2) Três robustas torres se distribuem pelas muralhas bem como torreões de protecção ás portas que foram abertas na cerca. Acima de todas elas a torre de menagem de planta quadrada,forte e com frestas (foto 1). Largos e seguros ardaves ao longo dos parapeitos de ameias pentagonais unem torres e cubelos. O castelo era maior mas , no século XIX , a Câmara Municipal mandou destruir parte da muralha exterior, utilizando a pedra em obras locais, chegando ao cúmulo de ,em 1836, um vereador propor a destruição total do castelo e usar a pedra em obras de pavimentação das ruas. O bom senso ganhou por um voto e por isso hoje podemos apreciar , com orgulho, este castelo. Em oposição ás ideias do século XIX , ao governo de Salazar se deve a reconstrução da quase totalidade dos castelos que se encontravam ao abandono e degradados pelo roubo de pedra aparelhada para construções particulares, fazendo lembrar a destruição do Coliseu romano para edificar palácios. A obra de recuperação geral dos castelos pelo Estado Novo inseria-se nas comemorações do 4º centenário da reconquista da independência de Portugal que, como é sabido ,ocorreu em 1 de Dezembro de 1640.

1.2.09

Castelo de LANHOSO

No maior maciço rochoso de Portugal está edificado o castelo de Lanhoso e este alto pedestal granítico que o suporta deu-lhe enorme importância estratégica. A sua torre de menagem foi assente em restos de uma outra , bem mais antiga, não sendo por acaso que ela ali existisse já que estava na via romana de Astorga a Braga, em direcção a Chaves. O enorme cabeço granítico, quase inexpugnável, foi primordial para a construção da torre militar , cem anos antes de Cristo, torre essa ampliada no tempo do imperador romano Vespasiano. Antes da ocupação romana existiu naquele sítio uma citânia o que mostra que até os Celtas já haviam considerado o local como importante ponto estratégico. Durante a Idade Média a torre foi remodelada e serviu de residência senhorial a D. Teresa, mãe do primeiro rei de Portugal, não sendo verdade que aqui estivesse prisioneira do filho, após a batalha de S. Mamede. Em 1170, o castelo foi incendiado pelo seu alcaide Rodrigo Gonçalves Pereira, ao que consta por sua mulher o ter traído com um frade. Nesse incêndio morreu toda a gente que habitava o castelo, bem como os animais, todos considerados coniventes com o adultério. Desta feita ficou abandonado durante séculos.No século XVII, um abastado comerciante da zona decide ali erguer uma réplica do Santuário do Bom Jesus de Braga ,começando a utilizar a pedra das muralhas para construir o templo, escadório e capelas. Por pouco não desapareceu também o castelo ,salvo por ter desaparecido o tão fanático fervor religioso, com a passagem do tempo.Hoje pode observar-se uma extensa barbacã elíptica, a porta da cerca protegida por dois altos cubelos e a torre de menagem com a praça de armas de muralha casteleira. O castelo de Lanhoso situa-se a sul do rio Cávado e a norte do rio Ave, muito perto de Braga. Foi objecto de musealização no ano de 1996 ali se encontrando exposto um conjunto de achados como um capacete celta em bronze, esculturas romanas , fragmentos de telhas imbricadas e cossoiros ,isto é,peças em barro, redondas e furadas,que serviam de disco inferior dos fusos. Num dia de verão , é local a visitar fazendo as tão badaladas " férias cá dentro."

17.12.08

CASTELO DE VALENÇA Situado sobre o rio Minho e face á também fortificada cidade de Tui, a praça forte de Valença , teve uma vila dentro das suas muralhas, durante muito tempo. Hoje ainda restam recordações da fortaleza medieval integradas nas defesas posteriores impostas pelo uso da artilharia. São elas duas robustas torres , nascente, flanqueando a porta da Gaviarra e trechos de muralha ,no lado nascente e também a poente, nas proximidades da porta de S.João. Fazendo ainda parte das recordações medievais as armas reais de D. Afonso III e a entrada da cisterna com uma profunda escada. Valença, a velha Contrasta,inicia a sua história com a monarquia portuguesa e a D.Afonso V se deve o regresso ao nome actual. Durante séculos sofreu obras militares de vulto promovidas pelos reis D. Afonso III, D.Dinis, D.Fernando,D. João I D.Afonso IV e D. Manuel I. A altura e formas da fortaleza medieval deixaram de servir, como dissemos, a partir da época quinhentista com o aparecimento da pirobalística, ou seja , da artilharia. O que hoje vemos é uma fortaleza construída no sentido norte-sul e com uma ligeira curvatura.



Conforme nos conta Júlio Gil em" Os mais belos castelos de Portugal", os perímetros e da obra adicionada, a coroada, cercam-se de fossos e sobre eles o relêvo em taludes. Paralelo a este existe um segundo recinto, as falsas bragas .Revelins protegem algumas cortinas e portas das muralhas, tendo um ficado em esboço, entre os baluartes de Santa Ana e de S:Jerónimo, a sudoeste da coroada. Além disso possui ainda o baluarte de Santa Bárbara e os meios baluartes de S. José e Santo António., eriçando-se a fortaleza com outros sete baluartes. Duas portas fortificadas , a da Coroada e a do Meio,têm pontes sobre o fosso. Com a guerra da Restauração da Independência,tentaram os espanhóis tomar a fortaleza várias vezes, sendo sempre repelidos. Durante os períodos de acalmia iam-se fazendo novas obras de defesa pois de Espanha "nem bom vento nem bom casamento", obras estas que se prolongaram até meio do século XVIII. Durante as Invasões Francesas as tropas do general Soult chegaram a tomar parcialmente a praça-forte, fazendo explodir a Porta do Sol e bombardeando o resto do complexo com artilharia instalada em Tui. Mesmo assim a fortaleza de Valença manteve-se fora do domínio francês e as tropas de Soult não voltaram a atravessar o rio Minho. A luta intestina entre D. Miguel e o irmão D.Pedro IV, também deixou marcas nestas velhas muralhas que só deixaram de ter utilidade no início do século XX. Ao findar este século notava-se já, em alguns locais, a necessidade de reparações provocadas pela incúria dos moradores e a ignorância dos turistas que a visitam. A última grande reparação foi feita para as comemorações do Centenário da Independência em 1940. Actualmente há estudos e pequenas obras de conservação que desejamos sejam frutuosas.

1.12.08

CASTELO DE MELGAÇO


"Entre as relíquias do nosso passado histórico que ajudaram ao longo dos séculos a robustecer a Nacionalidade, são decerto os castelos que melhor falam á nossa alma , na vibração ou na saudade que a sua contemplação em nós desperta. Mas não nos basta contemplar no escrínio do tempo, como formas inermes ou redivivas da grandeza que os definiu. É preciso também saber amá-los, encarando o cortejo de heroísmo e tragédias de que foram cenário para sentir a carga espiritual que deles se desprende."(Veríssimo Serrão)

Durante a curta ocupação muçulmana, no século IX, levantaram os invasores, aqui em Melgaço, uma fortificação que pretendia ser de apoio ao seu falhado plano de avanço sobre Santiago de Compostela. Na altura, a região encontrava-se deserta devido á invasão muçulmana e, pouco tempo depois,com a retirada islâmica o castelo acabou por ficar em ruínas. Sabe-se que, em 1182, já aqui existia de novo uma população, pois D. Afonso Henriques lhe concede foral, sendo edificado novo castelo (1170) dada a importância estratégica de Melgaço contra as investidas do Reino de Leão.O castelo foi ampliado no tempo de D. Dinis, com a elevação de uma segunda linha de muralhas envolvendo o quadrilátero inicial de ângulos recurvos.Os diferentes azares da Guerra da Restauração da Independência levaram ao castelo outros cercos, destruições e reconstruções , um duro preço por ocupar sítio tão estratégico. De uma terceira linha de muralhas do século XVII já pouco resta devido aos desastres das guerras e também devido á ocupação pelos invasores franceses que aqui ficaram até ao dia 11 de Junho de 1808, data em que foram expulsos definitivamente. O castelo é de planta circular e está dividido em três recintos; as muralhas ameiadas têm duas portas e três torres ,com a torre de menagem de secção quadrangular e uma outra de secção pentagonal.. Ligado a este castelo existe a lenda da Inês Negra, baseada no cerco sofrido pelo castelo a mando de D.João I, já que ele se encontrava ocupado por forças leais a Castela. Da série de assaltos e escaramuças entre a nobreza instalada dentro dos muros da vila e as classes populares instaladas fora desses muros, no chamado arraial resultou um facto que é narrado em documento antigo : ......escaramuçaram duas bravas mulheres, uma da vila e outra do arraial, e andaram ambas aos cabelos e venceu a do arraial.....(Crónica de D. João I, por Fernão Lopes)

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