1.9.11

Castelo de Santarém




Hoje vou referir mais um castelo em que praticamente desapareceu tudo aquilo que, no nosso imaginário, é um castelo com a torre de menagem, a praça de armas , os fossos etc ; o pouco que resta foi há muito descaracterizado no castelo de Santarém.
É aceite que a primeira ocupação humana desta zona remontará a um castro ou a uma povoação do século VIII antes de.Cristo. Quanto aos Romanos sabe-se que estiveram neste local desde 138 a.C. e lhe chamaram Scalabis, sendo um importante entreposto comercial no médio curso do rio Tejo . Com a conquista da península Ibérica pelas tropas de Júlio César, no ano 90 a.C., esta povoação passou a ser fortificada e a ter uma guarnição militar permanente, sendo então designada por Praesidium Juliia .
Com a invasão da Hispânia ( península Ibérica sob domínio romano ) pelos povos bárbaros (Alanos, Vândalos), a povoação foi dada a Sunerico no ano 460 dC, para seis décadas depois ser ocupada pelos Suevos. No século VII foi a vez dos Visigodos, altura em que era denominada como Sancta Irena , para no início do século VIII, ser ocupada pelos Muçulmanos que a designavam como Chantirein ou Chantarim. Tanta mistura de povos e culturas por certo deixaram marcas na maneira se ser destas gentes e no seu DNA.


Após séculos de ocupação islâmica, chega o movimento da Reconquista Cristã e Santarém foi, por diversas vezes, alvo das investidas dos reis asturo-leoneses, época em que as suas fortificações devem ter sido sucessivamente reparadas e reforçadas pelos Muçulmanos. Na época da Independência de Portugal, sob o comando do rei D. Afonso Henriques , o Castelo de Santarém foi conquistado, ficando sob domínio de Portugal. Um novo ataque muçulmano é realizado em 1181, encontrando-se na cidade o infante D. Sancho, tendo os assaltantes recuado diante de uma contra-ofensiva dos defensores. Sob o reinado de D. Fernando (1367-1383), este procedeu-lhe reforço e ampliação nas defesas, como por exemplo a reforma da Porta de Santiago, em arco ogival (1382),


As muralhas de Santarém foram severamente danificadas por um terramoto em 1531.

D. João IV (1640-1656), no contexto da Guerra da Restauração, e, mais tarde, D. Miguel (1828-1834), no decurso das Guerras Liberais, promoveram, em cada período, obras de modernização e reforço nas defesas da então vila. Este último serviu-se do castelo da vila como reduto, de Outubro de 1833 a 17 de Maio de 1834.
Chegada a paz e o progresso económico, Santarém foi elevada a cidade em Dezembro de 1868. A exemplo do que aconteceu em outros pontos do país, a expansão da cidade absorveu as suas defesas medievais das quais restam, em nossos dias, apenas remanescentes como o recinto fortificado da Alcáçova, a Porta de Santiago, a Porta do Sol e alguns pequenos troços das muralhas..
Na década de 1990 foram iniciados trabalhos de prospecção visando identificar troços remanescentes das antigas muralhas, bem como consolidação de alguns deles
Como castelo de montanha, possui elementos do estilo românico e do estilo gótico e era primitivamente constituído pelo recinto da alcáçova e pela muralha da vila, defendida por uma barbacã. Também existia uma cerca nos bairros ribeirinhos da Ribeira e do Alfange. A cerca da vila era rasgada por sete portas, designadas pelas sete vias de acesso:Porta de Santiago, de acesso à Ribeira; Porta do Sol, de acesso ao Alfange;Porta da Alcáçova;Porta de Leiria;Porta de São Manços ;Porta de Alporão, de acesso a Marvila; e a Porta de Valada.
Destas portas, restam apenas vestígios das duas primeiras: Um brasão de armas de Portugal, ladeado por uma epigrafia (actualmente mutilada e ilegível) ladeia os restos das ogivas, interna e externa, da Porta de Santiago. Em textos antigos são referidas como fazendo parte do castelo a Torre do Bufo na Alcáçova, a Torre de Manços e a torre de menagem, junto à Alcáçova mas só chegaram aos dias de hoje o recinto junto à Porta do Sol com três torreões coroados por merlões, que se prolonga sobranceiro ao vale do Alfange, na ribeira, integrado por uma guarita seiscentista em um dos vértices; troços de muralha junto à Porta da Traição, no monte sobranceira à Fonte das Figueiras; troços da cerca da vila na escola primária de Marvila (bairro do Pereiro) .o chamado Cabaceiro ou Torre das Cabasçs que mais parece uma construção recente pelos arranjos que lhe fizeram.
Pese embora a desilusão de não se ver um castelo como o idealizamos , uma visita ao jardim da Porta do Sol compensa pelo panorama que dali se avista.

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