Mostrar mensagens com a etiqueta Enigmas da antiguidade. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Enigmas da antiguidade. Mostrar todas as mensagens

15.6.11

GÖBEKLI TEPE



Hoje vou falar-vos de uma jazida arqueológica muito antiga , do tempo em que a humanidade era ainda nómada e não tinha descoberto a agricultura, pelo menos nesta zona onde hoje se situa a Turquia .
Göbekli Tepe é o cimo de uma colina onde foi encontrado o que se pensa ser um santuário . Esta jazida arqueológica, que está a ser escavada por arqueólogos alemães e turcos, foi construída por povos caçadores recolectores , 10.000 anos antes das populações se tornarem agricultoras. Este achado revolucionou o que se sabia sobre o Neolítico e sobre o início do que se considerava o aparecimento da civilização e das religiões. Devido à forma dos edifícios, não se sabe se Gobekli Tepe eram casas de habitação ou templos, mas pensa-se que seriam templos porque os dois pilares centrais das estruturas encontradas, estão virados para Oeste, o que pode revelar sentimento religioso.
Göbekli Tepe já havia sido referenciada por uma equipa americana, que reconheceu que a colina não poderia ser inteiramente natural, mas pensou ser um mero cemitério bizantino abandonado. Desde 1994 as escavações conduzidas pelo Instituto Arqueológico Alemão e pelo Museu de Şanlıurfa, sob a direcção do arqueólogo alemão Klaus Schmich fizeram com que se tivesse certeza de que se tratava de um sítio pré-histórico embora gerações de agricultores locais frequentemente tivessem movido as pedras para limpar o terreno . Desta forma, muita evidência arqueológica foi destruída ..
Durante as escavações a grande sequência de camadas estratificadas sugere muitos milénios de actividade, talvez desde o mesolítico. A camada com indícios de ocupação humana mais antiga continha pilares monolíticos ligados por paredes construídas grosseiramente para formar estruturas circulares ou ovais. Até agora, quatro construções como essas foram desenterradas, com diâmetros entre 10 e 30 metros, mas pesquisas geofísicas indicam a existência de mais 16 dessas estruturas.
Os monólitos que formam os pilares centrais são decorados com relevos esculpidos de animais mas também por pictogramas abstractos. Esses sinais não podem ser classificados como escrita, mas podem representar símbolos sagrados amplamente compreendidos, por analogia com outros exemplos de arte rupestre do neolítico.
Os relevos atrás citados representam leões, touros, raposas, gazelas, burros, serpentes e outros répteis, insectos, aracnídeos e pássaros, particularmente abutres e aves aquáticas. Os abutres aparecem com destaque na iconografia de Çatalhüyük uma outra jazida não muito longe dali. Acredita-se que nas culturas neolíticas do sudeste da Anatólia os mortos eram deliberadamente expostos para serem devorados por abutres e depois enterrados os ossos ,como acontece na Ìndia. As casas ou templos postos a descoberto, são edifícios megalíticos redondos. As paredes são de pedra tosca, com 12 pilares monolíticos de calcário, com cerca de 10 toneladas cada, em forma de T, com altura até 3 metros, e com 2 pilares maiores no centro da estrutura. Como há provas que tinham cobertura pensa-se que tais pilares serviam para suportar a estrutura do telhado. O pavimento estava revestido com terrazo (mistura de restos de pedra, normalmente mármore, com um aglomerante). A parede exterior tinha uma espécie de degrau/banco que rodeava o edifício.
.

5.8.10

TEMPLÀRIOS ....verdades ou mitos


Quando criei a etiqueta Enigmas da Antiguidade previ que alguns dos meus leitores seriam seguidores do conteúdo dos textos mas que outros os achariam um disparate pegado. No entanto, o que ontem era verdade , hoje já não o é, com o oposto também a aplicar-se e isto em qualquer campo do conhecimento humano. Sem querer de forma alguma comparar-me a Galileu que no século XVIII foi condenado só porque defendeu que a Terra girava em torno do Sol, o que ia contra as ideias da Igreja Católica, por que hei-de eu escamotear a opinião de alguns estudiosos sobre os TEMPLÁRIOS, mesmo que isso fira a susceptibilidade de algum meu habitual leitor? O futuro decidirá sobre quem tem razão. Vamos então ao tema:

Muito se tem escrito sobre os Templários e os seus presumíveis mistérios , em virtude de, no século XVIII, correrem muitas lendas sobre esta Ordem militar . Tanto os seus detractores como os seus defensores publicaram centenas de livros e escritos com os respectivos argumentos. Durante o romantismo afirmava-se que “os bons cavaleiros eram vítimas de um poder tirânico” . Esta e outras teses foram cultivadas pelos movimentos esotéricos e ocultistas que haviam surgido para preencher o vazio deixado pelo progressivo desaparecimento da influência da religião católica da vida pública . A eles se juntava a ascensão de movimentos maçónicos, sociedades fechadas com misteriosos rituais .
O final abrupto da Ordem do Templo , fruto da inegável inveja e da intriga do rei Filipe IV de França e de confissões arrancadas sob tortura, e ainda a condenação à morte na fogueira do seu último Grão Mestre, considerado herege e bruxo, foram um magnífico ponto de partida para fazer voar a pena dos escritores. Vejamos alguns factos :
OS TEMPLÁRIOS FORAM SACRÍLEGOS . A principal acusação que recaiu sobre a ordem foi de sacrilégio, o que constituiu motivo suficiente para que fossem presos e processados . A denúncia consistia em que, para se entrar na Ordem , os noviços eram obrigados a cuspir na cruz e a renegar Cristo . Documentos , há pouco desclassificados de secretos , revelam o seguinte : o Papa Clemente V teria chamado o Grão Mestre Jacques de Molay e outros dirigentes para lhes pedir explicações sobre o assunto; estes reconheceram ter sido usual tal prática, com a finalidade de só admitir na Ordem os mais abnegados, sacrificados e obedientes . Tendo os noviços jurado obediência cega aos seus superiores, era dada essa ordem como ” prova de fogo “. Se por um lado havia a obediência cega, por outro não podiam renegar a Fé. Muitos negavam-se a cumprir tal ordem apesar de ameaçados com punhais e adagas e outros cuspiam de forma a não acertar no crucifixo ; outros ainda, não sabendo o que fazer, fugiam . Estas reacções dos noviços eram analisadas pelos mestres para decidir se seriam aceites como cavaleiros . Devemos aqui dizer que idêntico pedido os esperaria se caíssem nas mãos dos sarracenos , sendo a recusa punida com a decapitação. O mais curioso é que esta prova existiu durante mais de cem anos sem que qualquer Papa se incomodasse com tal, até que Clemente V , por razões que adiante veremos, resolveu mandar investigar.
OS TEMPLARIOS PARATICAVAM SODOMIA . Esta imputação vem ligada à anterior .O noviço depois de superada a prova de obediência era recebido com um beijo na boca , típico da fraternidade monástica que o acolhia e comum em outras ordens religiosas. Parece que este beijo seria seguido de outro no umbigo e nas nádegas como prova de total obediência. É possível que algum dos preceptores exagerasse neste terceiro beijo e ordenasse ser dado no pénis. Estes excessos não deveriam ser aceites pelos postulantes, sendo então exortados à castidade mas dizendo-lhes que se esta castidade fosse uma grande renúncia , então deveriam aceitar apenas relações homossexuais com os seus irmãos. Uma vez mais os noviços se deviam mostrar avessos a tal , embora permanecendo em silêncio como sinal de respeito. Nas exaustivas averiguações que se empreenderam quando se dissolveu a Ordem e que abarcaram umas mil audições , apenas seis cavaleiros declararam ter tido relações homossexuais , o que é uma percentagem ínfima e idêntica á encontrada em outras ordens religiosas que nunca foram perseguidas por tal motivo.
HEREGES E IDÓLATRAS . O secretismo da Ordem facilitava suspeitas de todo o tipo, como a de adorarem secretamente um ídolo com a forma de uma cabeça barbuda que levavam sempre com eles. Dizia-se que o facto era devido á convivência com os muçulmanos e essa cabeça pintada seria Maomé. Sabe-se que os Templários traziam consigo as imagens das cabeças de Santa Úrsula e de Santa Eufémia, mas a de um barbudo nunca foi comprovado. Há quem admita que , a ter esta acusação validade, seria a pintura do sudário que os cavaleiros adorariam por reafirmar a morte e ressurreição de Cristo, numa atitude para combater a ideologia dos cátaros que negavam a divindade de Cristo.
ERAM MAUS COMBATENTES . Embora documentos muçulmanos afirmem serem os Templários combatentes ferozes e disciplinados que preferiam a morte a retirar do campo de batalha , a verdade é que os cavaleiros foram acusados da perda da Terra Santa . Pese embora algumas falhas de vulto no plano militar, a perda da Terra Santa deveu-se mais ao clima de rivalidades entre os mestres templários do que a serem maus combatentes .As intrigas entre os mestres minaram a resistência dos cruzados, como é o caso do mestre Gerard de Ridefort que, incompreensível e suspeitosamente, salvara a vida nas duas ocasiões em que Saladino o capturara. A verdade é que quando em 1291 caiu o último reduto cristão (S. João de Acre) foram os Templários os seus defensores e não outros cruzados.
OS TEMPLÁRIOS ERAM CORRUPTOS . Outra das acusações feita contra a Ordem era a de possuírem uma enorme fortuna, superior à dos reis, fruto do saque de guerra , roubo e usura. Chegaram mesmo a acusá-los de ter rotas navais secretas para a América ( Colombo seria um Templário) de onde traziam carregamentos de ouro e prata. A verdade é que em meados do século XIV, já com a Ordem Templária extinta, os marinheiros europeus não se aventuravam a descer a costa atlântica de África , quanto mais atravessar o oceano para ir á América do Sul. A sua imensa fortuna devia-se a doações particulares da Igreja e de Reis , tanto em moeda como em edifícios, povos e feudos. Isto permitia, juntamente com as isenções fiscais que gozavam, amealhar imensa fortuna que era acrescida com a venda de relíquias trazidas da Terra Santa , uma das mercadorias mais lucrativas da época. Os Templários afirmavam que as lascas de madeira que vendiam não eram fragmentos da cruz de Cristo, mas que tendo estado em contacto com fragmentos verdadeiros, guardados em Jerusalém , tinham adquirido propriedades milagrosas. Se a Ordem em si era rica , chegando a financiar vários estados , os seus membros apenas tinham direito aos bens de família e a uma pequena verba de 4 dinários . A que se deve então a acusação de corruptos ? Em finais do século XIII, com S. João de Acre já perdido, os Templários atribuíram ao Papa Bonifácio VIII um elevado subsídio para o aliviar de apuros económicos . Ao saber disto, o rei de França , Filipe IV; exigiu ao tesoureiro da Ordem no país, 300.000 florins em ouro para aguentar as loucas despesas da sua corte. Como esta quantia nunca mais era amortizada pela corte de Filipe IV, começaram as intrigas para que os bens da ordem passassem para a coroa francesa e a dívida do papado anulada mas, para isso, o Papa Clemente V tinha de extinguir a Ordem.
O Papa estava num dilema : ou salvava os Templários mas a Igreja de França afastava-se de Roma , ou acabava com a Ordem e não haveria um cisma religioso . Clemente V atrasou imenso a sua decisão mas quando o rei Filipe IV mandou executar na fogueira , em 1308, o bispo de Troyes sob a acusação de bruxaria , o Papa começou a ceder . Acusou a Ordem de indignidade e maus hábitos embora a absolvesse de praticar heresia. Como a pressão do rei continuava muito forte, o Papa acabou por extinguir os Templários em 1312, sendo executado o seu Grão Mestre por ordem real. Depois disto começaram as lendas ! (ver ainda nesta etiqueta Enigmas, “Os Templários e os seus segredos”)


Apresento abaixo uma relação bibliográfica para quem deseje aprofundar o assunto das Cruzadas e dos Cavaleiros Templários:
- História das cruzadas – S. Runciman, Imago, 3 volumes, 2002 – 2003
- Templários: Os cavaleiros de Deus – Edward Burman, Círculo do Livro, 1997
- História dos cavaleiros templários: e os pretendentes de sua sucessão seguida da história das ordens de Cristo e Montesa – Élize de Montagnac, Madras, 2005
- Locais sagrados dos cavaleiros templários – John K. Young, Madras, 2005
- No tempo dos cavaleiros da Távola redonda – Michel Pastoreau, Círculo do Livro, 1989
- Templários em Portugal: a verdadeira história – Pedro Silva, Ícone, 2005
- Os cavaleiros de Cristo: templários, teutónicos, hospitalários e outras ordens militares na idade média – Alain Demurger, Jorge Zahar, 2002
- As viagens do descobrimento – Eduardo Bueno, Objetiva, 1998
- The Templars and the Assassins: The Militia of Heaven – James Wasserman, Destiny Books, 1st edition, 2001.
- História das Cruzadas - Joseph-François Michaud, Editora das Américas, 7 volumes, Tradução Pe. Vicente Pedroso,1956.
- Secret Societies of the Middle Ages – The Assassins, the Templars and the Secret Tribunals of Westphalia – Thomas Keightley, Weiser Books, 1st edition, 2005.
- Portugal Templário – A presença templária em Portugal – José Manuel Capêlo, Editora Zéfiro, 1ª Edição, 2008.

6.5.10

OS SEGREDOS DA CAPELA SISTINA

Na etiqueta “ enigmas da antiguidade” temos tratado de variados casos de civilizações antigas, sem nunca afirmar que somos detentores da verdade absoluta e será nessa linha de pensamento que abordamos “os segredos da Capela Sistina “, de acordo com o livro com o mesmo título, de Roy Doliner e Benjamin Blech e de uma entrevista dada pelos autores à revista de história Clio.
Entender Roma é perceber que ela é uma cidade repleta de segredos, com mais de três milénios de mistérios, e não há nenhuma parte de Roma que encerre mais segredos do que o Vaticano. O próprio nome “Vaticano” tem uma origem surpreendente : há mais de 28 séculos, antes mesmo da lendária fundação de Roma por Rómulo e Remo, vivia naquele local um povo chamado Etrusco. Tal como os hebreus e os romanos, os etruscos não enterravam os seus mortos dentro dos muros das cidades. Por este motivo, construíram um cemitério enorme numa encosta de uma colina local onde, mais tarde, se viria a edificar a cidade de Roma. O nome da deusa etrusca pagã que protegia a necrópole, ou cidade dos mortos, era Vatika.
Vatika tem vários outros significados em etrusco antigo. Era o nome de uma uva de gosto amargo que crescia naturalmente na encosta, usada pelos camponeses no fabrico do vinho que adquiriu a má fama de ser um dos piores e mais ordinários do mundo antigo. Era ainda o nome de uma erva estranha que crescia naturalmente na encosta do cemitério e que, quando ingerida, provocava alucinações e delírios. Mais tarde, nesse local foi construído o circo de Nero, o imperador louco. Foi neste circo, segundo a tradição da igreja, que São Pedro foi executado, crucificado de cabeça para baixo, e enterrado numa área próxima. Este local tornou-se o lugar de visitação de um número tão grande de peregrinos que o imperador Constantino, ao converter-se parcialmente ao cristianismo, fundou um santuário na zona que os romanos continuaram a chamar de colina Vaticana. Um século depois de Constantino, os papas começaram também a erguer neste lugar o palácio papal. Coincidências ou um lugar de atracção negativa?
O que significa “Vaticano” nos dias de hoje? Pode referir-se à Basílica de São Pedro; ao Palácio Apostólico dos Papas, com mais de 14 mil aposentos; ao complexo dos Museus Vaticanos com mais de 2 mil salas; à sede da hierarquia político-religiosa de cerca de um quinto da população humana ; ao menor país do mundo, a Cidade do Vaticano. É de facto estranho se pensarmos que o menor país do planeta, com uma área aproximada de um oitavo do Central Park de Nova York, abriga a maior e mais valiosa igreja do mundo, o maior e mais sumptuoso palácio do planeta e um dos maiores museus da Terra.
O local mais fascinante de todos, porém, está provavelmente situado dentro dos muros da antiga fortaleza da Cidade do Vaticano, cujo significado simbólico quase todos os visitantes ignoram. A sua importância teológica pode ser melhor compreendida se percebermos que esta realização católica era algo expressamente proibido aos judeus. No Talmude, é claramente proíbido a qualquer pessoa construir uma réplica, em tamanho real, do Templo Sagrado de Jerusalém , noutro local que não seja o próprio monte do Templo . Esta lei foi decretada para impedir sangrentos cismas religiosos, como os que aconteceram mais tarde no Cristianismo (entre o catolicismo romano, a ortodoxia oriental e grega e o protestantismo) e, no Islão, entre sunitas e xiitas. Porém,há seis séculos, um arquitecto católico que não estava sob o jugo das leis talmúdicas fez exactamente o que era proibido ; desenhou e construiu uma incrível cópia em tamanho real do compartimento mais recondito do Templo Sagrado do rei Salomão . Para chegar às medidas e proporções exactas, o arquitecto estudou os escritos do profeta Samuel da Bíblia Hebraica, nos quais ele descreve o primeiro Templo. Esta reprodução maciça do heichal, a parte posterior do primeiro Templo, ainda existe hoje e é chamada Capela Sistina, sendo o destino de mais de quatro milhões de visitantes por ano que vêm para ver os incríveis afrescos de Miguel Ângelo e reverenciar um local sagrado do cristianismo. Terá sido de propósito a construção desta capela ? É que antes da criação desta réplica do heichal do Templo Sagrado de Jerusalém existiu, durante a Idade Média, uma outra capela exactamente no mesmo local. Era chamada Capela Palatina, ou Capela Palaciana. A justificação para a nova construção foi a seguinte: como todos os governantes europeus tinham suas próprias capelas reais para rezar em privado , julgou-se necessário que o Papa também tivesse uma em seu próprio palácio. O objectivo era mostrar o poder da Igreja que tinha de ser visto como maior que o de qualquer soberano secular. A Igreja estava determinada a provar que era o novo poder reinante na Europa e esperava espalhar a cristandade, ou seja, o império do cristianismo, por todo o globo. Esta capela foi projectada para ser um indício da glória e do triunfo futuros, e por isso o Papa desejava que a sua opulência ofuscasse todas as outras capelas reais da Terra.
Além da magnífica capela Palatina, existia também a Niccolina, uma pequena capela particular estabelecida pelo papa Nicolau V, em 1450, decorada pelo grande pintor renascentista Frei Angelico. Esta é uma pequena sala numa das partes mais antigas do Palácio Papal, com a capacidade de abrigar o Papa e alguns de seus assessores pessoais. Voltemos á história da construção da Capela Sistina !
A história tem início com o pontífice Sisto IV que desejou que a capela fosse ainda maior e mais rica que a Capela Palatina, com a única finalidade do seu nome vir a ser recordado como Papa. O nome de baptismo de Sisto era Francesco della Rovere. Nascido numa família humilde do noroeste da Itália, numa cidade próxima a Génova,o sacerdócio foi o seu caminho natural, pois quando jovem tinha inclinação intelectual, mas nenhum dinheiro para frequentar uma universidade. Tornou-se monge franciscano e aos poucos galgou os degraus da escada administrativa e educacional da Igreja, e por fim chegou a ser cardeal em Roma, no ano de 1467. Foi eleito Papa sem muito alarde por um conclave de apenas 18 cardeais e adoptou o nome de Sisto IV.
Quando o papa Sisto IV iniciou seu reinado em 1471, a Capela Palatina corria o risco de desmoronar. Era uma construção pesada, assente em um local perigoso, o solo mole do antigo cemitério etrusco da encosta da colina Vaticana. Curiosamente, esta situação simbolizava perfeitamente a crise da própria igreja quando Sisto assumiu o poder pois ,apenas 18 anos antes, Constantinopla caíra nas mãos dos muçulmanos, marcando a morte do Império Cristão Bizantino. Muitos temiam que Roma pudesse sofrer o mesmo destino de Constantinopla.
Apesar de todas estas ameaças à existência do cristianismo, Sisto IV gastou grandes quantidades do ouro do Vaticano na revitalização dos esplendores de Roma, reconstruindo igrejas, pontes, ruas, fundando a Biblioteca Vaticana e começando uma colecção de arte que se tornaria no Museu Capitolino, hoje o mais antigo do mundo em funcionamento. O seu projecto mais famoso, porém, foi a reconstrução da Capela Palatina. Há muito sobre a história da Capela Sistina que parece obra do destino. Segundo as fontes mais confiáveis, o trabalho de renovação da capela teve início em 1475. Neste mesmo ano, na cidade toscana de Caprese, nascia Michelangelo Buonarroti, ou Miguel Ângelo. Seus destinos unir-se-iam ainda mais fortemente uns anos mais tarde. O papa Sisto IV decidiu não apenas reconstruir a capela papal decadente, mas aumentá-la e torná-la mais sumptuosa pois, como já dissemos, desejava que todos recordassem a sua passagem pela cadeira de S. Pedro. Para isso contratou um jovem arquiteto florentino de nome Bartolomeo(“Baccio”) Pontelli. A especialidade de Pontelli era a construção e o reforço de fortalezas. Isto era especialmente importante para Sisto IV, pois o pontífice tinha tanto medo dos muçulmanos turcos quanto das turbas católicas de Roma. Foi então desenhado o projecto de uma capela enorme, maior que a maioria das igrejas, com um bastião de fortaleza no topo para a defesa do Vaticano.
Talvez nunca saibamos ao certo de quem foi a idéia de construir a Capela Sistina como uma cópia do Templo Sagrado dos judeus mas Sisto IV, instruído nas Escrituras, conhecia as dimensões exactas, encontradas nos escritos sobre o profeta Samuel no segundo Livro dos Reis. Com isto em mente, talvez se tenha sentido ansioso para dar expressão concreta ao conceito teológico de “sucessionismo”, idéia que significa que uma fé pode substituir outra anterior que deixou de ter efeito . A crença, segundo o sucessionismo, era a de que as filosofias pagãs greco-romanas foram substituídas pelo judaísmo que, por sua vez, fora superado pela Igreja Católica, a fé verdadeira que invalidava todas as outras. O Vaticano pregava que os Judeus, por terem morto Jesus e rejeitado os seus ensinamentos, foram punidos com a perda de seu Templo Sagrado, da cidade de Jerusalém e também da sua terra natal. Além disso, teriam sido condenados a vaguear pela Terra para sempre, como um alerta divino a todos que se recusassem a obedecer a Igreja. ( Este ensinamento foi rejeitado e proibido categoricamente no Segundo Concílio do Vaticano de 1962)
Independentemente de quem teve a idéia, a nova Capela Palaciana foi elaborada para substituir o antigo templo judeu, na qualidade de novo Templo Sagrado da Nova Jerusalém que, a partir de então ,seria a cidade de Roma, a capital do cristianismo. Suas medidas são 40,93 metros de comprimento por 13,41 de largura e 20,70 de altura, exactamente como as da secção posterior retangular e longa do primeiro Templo Sagrado, completado pelo rei Salomão .Um facto ainda mais notável que a maioria dos visitantes não percebe, é que em conformidade com a intenção de reproduzir o local sagrado que existia na antiga Jerusalém, o santuário foi construído em dois níveis. A metade ocidental, que abriga o altar e a área particular destinada ao papa e seu séquito, tem cerca de 15 centímetros a mais de altura do que a metade oriental, originalmente reservada aos espectadores comuns. Esta secção mais alta corresponde ao recesso mais recôndito do Templo Sagrado original, o Kodesh Kodoshim, o Santo dos Santos, onde apenas o sumo sacerdote podia entrar, e somente uma vez ao ano, no Yom Kippur, o Dia da Expiação ou Dia do Perdão. O sumo sacerdote passava simbolicamente pela parochet, a cortina espessa e decorada de linho torcido, chamada pelos evangelhos de véu, para fazer as orações de grande importância pelo perdão e pela redenção do povo. Para mostrar exactamente onde este véu era localizado no Templo de Jerusalém, foi construída na capela do Vaticano uma enorme parede divisória de mármore branco em forma de grade, com sete “chamas” de mármore no topo, para corresponder à menorá sagrada, o candelabro de sete braços que iluminava o santuário judeu nos templos bíblicos. Coincidência ou intenção ? Mas há mais !
O tecto original da capela Sistina era ilustrado com um tema simples, comum em muitas sinagogas: um céu nocturno pontilhado de estrelas douradas. A cena era uma alusão ao sonho que Jacob teve enquanto dormia sob as estrelas (Génesis 28: 11-19), logo após fugir da casa de seu pai. Ao fazer esta referência simbólica à história do sonho de Jacob, o tecto expressava outra ligação com o Templo Sagrado de Jerusalém.Para tornar a capela ainda mais singular, foi dada grande atenção também ao seu piso. Trata-se de uma obra-prima impressionante que geralmente passa despercebida aos olhos do visitante comum, pois a sua visão é encoberta pelos pés de milhares de turistas e ignorada por causa dos afrescos do tecto, mundialmente conhecidos. O piso é uma retoma, no século XV, do estilo medieval de mosaico cosmatesco.( A família Cosmati desenvolveu sua técnica inconfundível em Roma nos séculos XII e XIII.) Este estilo decorativo era uma criação imaginativa de formas geométricas e de espirais ,em peças cortadas de mármore e vidro colorido ,muitas delas retiradas de templos e palácios romanos pagãos. Há exemplos maravilhosos destas decorações e assoalhos cosmatescos autênticos em alguns dos conventos e das igrejas e basílicas mais antigas e belas em Roma e no sul da Itália. É de consenso geral que estes assoalhos muito especiais eram apreciados não apenas por sua beleza e riqueza de cores e materiais, que incluíam o pórfiro roxo, de valor inestimável, mas também por sua espiritualidade esotérica. Muito já se escreveu sobre estes mosaicos, e disso já se ocuparam teólogos, arquitectos e até mesmo matemáticos. Em parte, os mosaicos conferem a qualquer santuário uma sensação de espaço, ritmo e fluidez de movimento mas também servem como instrumento de meditação, de maneira semelhante aos labirintos comuns nas igrejas da Idade Média. O desenho do piso da Sistina foi elaborado para servir a quatro funções principais. Primeiro, embeleza a capela com uma graça toda especial ; Segundo, ajuda arquitectonicamente a definir o espaço, ao mesmo tempo em que o alonga e dá a sensação de fluidez de movimento. Em terceiro lugar, “dirige” os movimentos e a ordem dos ritos durante uma missa da corte papal, mostrando onde o papa deve se ajoelhar, onde a procissão deve parar durante o canto de certos salmos e hinos, onde os celebrantes do serviço religioso devem ficar, onde o incenso deve ser colocado, entre outras coisas. Por fim, a função menos conhecida de todas é de instrumento de meditação cabalística, que mais uma vez liga a capela às fontes judaicas antigas. Dentro dela, há uma gama variada de símbolos místicos: as esferas da Árvore da Vida, os caminhos da alma, as quatro camadas do universo e os triângulos de Filo de Alexandria.
Cabala significa literalmente em hebraico “aquilo que se recebe”, e refere-se às tradições místicas que compreendem os segredos da Torá, as verdades esotéricas que revelam o conhecimento mais profundo do mundo, da humanidade e do Todo-Poderoso. Filo era um místico judeu de Alexandria, no Egipto, que escreveu dissertações sobre a Cabala no século I da era cristã. Ele é normalmente considerado o elo central entre a filosofia grega, o judaísmo e o misticismo cristão. Seus triângulos apontam para cima ou para baixo para mostrar o fluxo de energia entre a acção e a recepção, o masculino e o feminino, Deus e a humanidade, o mundo inferior e o superior.
Uma outra ligação com o templo judeu é o facto notável de que o Selo de Salomão é um símbolo recorrente nos pisos cosmatescos, e encontrado nos desenhos do piso da Capela Sistina. Este símbolo era considerado a chave para a sabedoria esotérica antiga dos judeus. O selo, composto de uma combinação dos dois triângulos de Filo sobrepostos, apontando para cima e para baixo, é chamado hoje de Estrela de David. A estrela é praticamente um emblema universal do judaísmo, e foi escolhida para ser a figura central da bandeira do estado moderno de Israel. Porém, no final do século XV, ainda não era um símbolo representativo do povo judeu, mas de seu conhecimento místico arcaico.
O entendimento do significado mais profundo do selo enquanto parte da Capela Sistina requer uma contextualização. A evidência arqueológica mais antiga do uso judeu deste símbolo é a de uma inscrição atribuída a Josué ben Asayahu no final do século VII a.C. A lenda por detrás desta associação com o rei Salomão – e daí o seu outro nome, Selo de Salomão – é bastante fantasiosa e muito provavelmente falsa. Nas lendas medievais judaicas, muçulmanas e cristãs, assim como em um dos contos das Mil e Uma Noites, o Selo de Salomão, com seu formato hexagonal, era um anel-sinete mágico que supostamente pertencera ao rei e que lhe concedia o poder sobre os demónios (ou jinni), ou de falar com os animais. Segundo alguns pesquisadores, a razão pela qual este símbolo é mais comumente atribuído ao rei David é porque o hexagrama representa a carga astrológica da hora do nascimento de David ou de sua unção como rei. Porém, o significado mais profundo e certamente o mais correcto é a interpretação mística que o associa ao sete, o número sagrado, com suas seis pontas ao redor de seu centro.
O número sete tem uma importância religiosa especial no judaísmo. Na Criação, temos os seis dias seguidos do sétimo, o Sabát, o dia de descanso declarado santo por Deus e dotado de uma bênção singular. Todo o sétimo ano é um ano sabático, no qual a terra não pode ser cultivada, e após sete ciclos de sete anos, o ano Jubileu traz liberdade aos que tinham sido vendidos como escravos e aos que se tornaram escravos por causa de dívidas, e o retorno das propriedades aos seus donos originais. Porém, o facto mais importante de todos para a compreensão do significado do uso do número sete nos mosaicos do chão da Capela Sistina é a sua ligação com a menorá do antigo Templo, cujas sete lâmpadas de óleo se apóiam em três braços que saem de cada lado de uma haste central. Já foi sugerido que a Estrela de David se tornou um símbolo padrão nas sinagogas justamente por ser elaborada segundo o esquema 3+3+1: um triângulo para cima, um para baixo e o centro; e isto corresponde precisamente à estrutura da menorá..
Entretanto, graças a artistas, como os da família Cosmati e Michelangelo, o simbolismo judeu continuaria a ser conhecido cada vez mais, por meio de todas as suas obras mais famosas. O segredo mais estranho da capela mais católica do mundo é que o mosaico gigante de seu chão está repleto de Estrelas de David.
AS APARÊNCIAS ENGANAM nos afrescos originais do século XV
A atracção principal da Capela Sistina , porém, não é nem o seu chão nem o seu tecto, mas as suas paredes. Partindo da parede frontal do altar, começam duas séries de painéis – uma sobre a vida de Moisés e outra sobre a de Jesus, duas histórias bíblicas contadas de maneira semelhante ao formato de histórias em quadrinhos.
Para pintar tantos afrescos de execução tão trabalhosa, foi trazida uma equipe formada pelos principais pintores de afrescos do século XV. Se quisermos ser mais precisos, diríamos que a equipa foi enviada. É importante saber disso por causa de quem os enviou, ou seja, Lorenzo de Medici, o homem mais rico de Florença ,o mesmo homem que mais tarde descobriria Miguel Angelo e o criaria como um de seus filhos.
O papa Sisto IV odiava Lorenzo e sua família, e lutara contra eles durante muitos anos. Sisto desejava tomar o controle de Florença, capital do livre-pensamento, e de grande riqueza, para que pudesse então assumir o controlo de toda a Itália central. Em 1478, o papa tentou eliminar Lorenzo e todo o clã dos Medici de uma vez por todas,planeando assassinar Lorenzo e seu irmão Giuliano ,na Catedral de Florença, em frente ao altar principal, durante a missa de Páscoa. O elemento mais blasfemo do plano era o sinal escolhido para marcar o momento da matança: a elevação da hóstia. Até mesmo assassinos profissionais de sangue frio recusaram este trabalho, e o papa teve de contar com a ajuda de um padre e do arcebispo de Pisa. Estes dois trataram dos detalhes juntamente com Girolamo Riario, o sobrinho mais corrupto de Sisto. O papa se recusou a ouvir os pormenores, dizendo de maneira evasiva: “Façam o que for necessário, contanto que ninguém seja morto”. Entretanto, ele ordenou ao seu líder militar Federico da Montefeltro, o duque de Urbino, que reunisse 600 soldados nas colinas ao redor de Florença e esperasse pelo sinal da morte de Lorenzo. O ataque vergonhoso seguiu conforme o planeado… até certo ponto. Giuliano de Medici morreu no local, ferido com 19 punhaladas mas Lorenzo, embora ferido gravemente, conseguiu escapar por um túnel secreto e sobreviveu. O sinal para a invasão de Florença nunca foi dado. Os florentinos enfurecidos, ao invés de se levantar contra o clã Medici, como Sisto IV esperava, assassinaram os conspiradores. Foi necessário que o próprio Lorenzo intercedesse pessoalmente para que os cidadãos não matassem o cardeal Raffaele Riario, outro sobrinho do papa que não tivera nenhum envolvimento no golpe. Dois anos mais tarde, o papa cedeu e o Vaticano e Florença declararam uma trégua. Foi exactamente nesta ocasião que a nova capela estava pronta para ser redecorada.
Por que razão Lorenzo enviou então os seus pintores mais talentosos para decorar a capela, glorificando o homem que matara o seu irmão e tentara também assassiná-lo? Segundo as fontes oficiais, este gesto foi uma “oferta de paz”, um acto de perdão e reconciliação. Porém, a explicação oficial é talvez outra e é essencial para se entenderem as mensagens dos afrescos, de conteúdo nem um pouco conciliatório.
Lorenzo de facto enviou a elite artística: Sandro Botticelli, Cosimo Rosselli, Domenico Ghirlandaio, que mais tarde seria professor de Michelangelo por um breve período, e Perugino, pintor da Umbria, que posteriormente seria mestre de Rafael. Além de ter de revestir todas as quatro paredes da capela com as séries de painéis sobre a vida de Moisés e a de Jesus, eles foram encarregados de acrescentar uma faixa superior de pinturas retratando os primeiros trinta papas e também um grande afresco da Assunção da Virgem Maria ao Céu na parede frontal do altar, entre as duas janelas. Com tantos afrescos a executar, a equipe de artistas posteriormente trouxe Pinturicchio, Luca Signorelli, Biagio d’Antonio e alguns assistentes. Todos eles eram florentinos orgulhosos, com exceção de Perugino e seu pupilo Pinturicchio.
O papa planejara o seu próprio desenho com várias camadas de simbolismo para a capela. Este tinha o objectivo de ilustrar o sucessionismo para o mundo, como já afirmamos, provando que a Igreja era a herdeira legítima do monoteísmo, por substituir o judaísmo. Para atingir este intento, cada painel da história de Moisés foi emparelhado com um da história de Jesus. A série de painéis de afrescos da parte norte narra a vida de Jesus, da esquerda para a direita, na ordem cristã. A série da parte sul conta a história de Moisés, mas da direita para a esquerda, na ordem hebraica. Esta disposição resultou em oito “pares”:
A descoberta de Moisés bébé no Nilo O nascimento de Jesus na manjedoura
A circuncisão do filho de Moisés O baptismo de Jesus
A ira de Moisés e sua fuga do Egipto As tentações de Jesus
A separação das águas do mar Vermelho O milagre de Jesus caminhando sobre as águas
Moisés no monte Sinai O sermão da montanha de Jesus
A revolta de Coré Jesus entregando as chaves a Pedro
O último discurso e morte de Moisés A última ceia de Jesus
Anjos defendendo o túmulo de Moisés Jesus ressurgido do túmulo
Algumas das “ligações” requerem um esforço de imaginação, mas a idéia era demonstrar que a vida de Moisés serviu apenas para prenunciar a vida de Jesus.
Um outro objectivo do papa era promover o culto da Virgem Maria. Sisto IV queria dedicar a capela à Assunção de Maria ao Céu, celebrada todos os anos no calendário católico no dia 15 de Agosto. Por este motivo, Perugino pintou o afresco gigante da subida de Maria ao Céu na parede do altar, retratando o próprio papa Sisto IV ajoelhado diante dela.
O último desejo do papa – e provavelmente o mais caro ao seu coração – era glorificar e solidificar a sua própria autoridade suprema e a de sua família Rovère. O papado ainda se refazia de séculos de cismas, escândalos, antipapas, intrigas e assassinatos. Havia apenas cinquenta anos que a corte pontifícia retornara a Roma, após o assim chamado “exílio babilónico” dos papas em Avignon, na França. O papa Sisto estava ansioso para demonstrar não só a supremacia do cristianismo sobre o judaísmo e da autoridade divina dos papas sobre o mundo cristão, como também a sua superioridade pessoal sobre todos os papas que o precederam. Foi por esta razão que, por sua ordem, Aarão, o primeiro sumo sacerdote dos judeus, e Pedro, o primeiro papa, foram vestidos de roupas azuis e douradas, as cores heráldicas da família della Rovere. É por isso também que a capela está repleta de desenhos de carvalhos e bolotas em todos os cantos: “rovere” significa “carvalho”, e esta árvore é o símbolo do brasão da família. Pelo mesmo motivo, Sisto também colocou o seu próprio retrato acima da série de pinturas dos primeiros trinta papas, bem no centro da parede frontal, junto à Virgem Maria no Céu.
Com isto em mente, voltemos à nossa questão: por que Lorenzo enviou os seus melhores artistas a Roma para executar este trabalho de auto-engrandecimento do homem que tramara contra ele e sua família? Conforme alguém demonstrou, a resposta é simples: para sabotar a amada capela de Sisto IV.
Muito provavelmente, foi Botticelli o agitador e coordenador do grupo do projecto de pintura dos afrescos. Os textos oficiais sobre a Capela Sistina apontam Perugino como o líder, mas uma análise rápida demonstra que ele – o único que não era de Florença – não fazia parte da trama. Seu estilo e esquema de cores são completamente diferentes de todos os outros painéis, e o seu simbolismo não contém nenhuma mensagem antipapal; ao passo que, por toda a capela, os outros artistas parecem livres para dar vazão às suas críticas.
Cosimo Rosselli tinha um cachorrinho branco que se tornou o mascote dos artistas da Toscana. Não sabemos se permitiam que o cachorro brincasse dentro da capela enquanto os pintores trabalhavam, mas podemos vê-lo fazendo travessuras em todos os painéis de afrescos, exceto os de Perugino, da Umbria. Na Última Ceia, ele aparece saltando junto aos pés de seu dono. No afresco Adoração do Bezerro de Ouro, ele parece na verdade estar saindo do painel e entrando na capela.
Temos que admitir que a presença de um cachorro no santuário não é um grande insulto, e não é mais que uma possível impureza ritual. Porém, os florentinos inseriram imagens bem mais fortes em seus trabalhos para seu ajuste de contas com o papa. Botticelli era quem tinha o maior ressentimento. Após a execução dos conspiradores que atacaram os irmãos de’ Medici, Botticelli fizera um afresco mostrando seus cadáveres pendurados na catedral para exibição pública. Esta pintura continha legendas sarcásticas atribuídas ao próprio Lorenzo de Medici. Como parte do tratado de paz oficial entre o Vaticano e Florença em 1480, Sisto insistiu para que este afresco fosse totalmente destruído. Botticelli certamente não estava inclinado a esquecer ou perdoar isso. Por esta razão, em seu painel da Fuga de Moisés do Egipto, ele inseriu um carvalho – o símbolo da família della Rovere – acima das cabeças dos arruaceiros pagãos que Moisés afugenta. Perto dos carneiros inocentes e da visão sagrada da Sarça Ardente, colocou uma laranjeira com um cesto de laranjas, o símbolo da família florentina Medici. Na Revolta de Coré, Botticelli vestiu o rebelde Coré de azul e dourado, as cores do clã della Rovere, e bem ao fundo retratou dois barcos: um naufragado, representando Roma, e um outro navegando tranquilamente, com a bandeira de Florença orgulhosamente tremulando no seu topo. No quadro das Tentações de Cristo, ele inseriu o amado carvalho de Sisto em dois lugares: um junto a Satanás quando este é desmascarado, e outro cortado e pronto para ser queimado no Templo.
Biagio d’Antonio, outro filho orgulhoso de Florença, não queria ser deixado para trás. No seu painel, a Separação das Águas do Mar Vermelho, ele mostra o mau faraó usando as cores da família Rovere e uma construção de aparência suspeita, semelhante à própria capela, sendo tragada pelas águas vermelhas revoltas.
A nova capela, ainda chamada de Palatina, foi consagrada na festa da Assunção de Maria em 15 de agosto de 1483. O papa, orgulhoso, oficiou a cerimônia mas estava totalmente desconhecedor da grande quantidade de insultos secretos contra ele. Faleceu um ano mais tarde, feliz mas sem saber que Lorenzo conseguira ridicularizar a sua intenção de fazer da capela um serviço à egolatria papal.
Visto em retrospectiva, é surpreendente notar o quanto os primeiros artistas puderam agir livremente dentro da Capela Sistina. Entretanto, o verdadeiro mestre das mensagens ocultas surgiria uma geração mais tarde… Miguel Angelo e com muito mais a dizer.
Este mestre realizou uma grande obra na Capela Sistina com a ideia de transmitir uma mensagem de tolerância e amor universal e, ao mesmo tempo, vingar-se do papa Júlio II que fora sobrinho de Sisto IV. Assim, onde Júlio II queria uma imagem de Jesus Cristo, Miguel Ângelo pintou Zacarias, o homem que alertou para existência de sacerdotes corruptos e incentivou os judeus a reconstruir Jerusalém. O artista colocou a cara de Júlio II na figura de Zacarias e vestiu-o com um manto azul e ouro , cores da família do pontifice, e não resistiu a pintar por detrás da figura dois pequenos anjos fazendo um gesto obcesno na nuca do visado.
Na pintura de Adão e Eva no Pecado Original, quem apanha o fruto proibido é Adão e a serpente tem braços e pernas , tal como é descrito no Midrash hebreu. Na arca de Noé esta é representada como uma grande caixa e não como um barco, exactamente como é descrita na Tora ; estão ainda representados dois homens , de gatas, vestidos com as cores dos cidadãos de Roma ,numa forma pura de humilhação.
No grande mural do altar mor , conhecido como Juízo Final, Miguel Ângelo pinta a Virgem Maria como que incomodada com a atitude do Filho para com os pecadores.Neste enorme mural foram incluídos rostos de personagens conhecidos na época como opositores à classe dirigente da Igreja. Num acto de rebeldia , pintou-se a ele próprio na figura de S. Bartolomeu, numa espécie de assinatura que era proibida aos pintores da época. Podemos ainda dizer que para retratar o pecado da avareza pintou um homem com uma bolsa de dinheiro á cintura e junto dela duas chaves cruzadas imitando o emblema do Vaticano, numa crítica mordaz ao Papa Júlio II.
Recordamos haver uma mensagem neste blogue com o título JUIZO FINAL, na etiqueta arquitectura.

6.12.09

O fim do mundo em 2012 ?


A notícia continua a percorrer o mundo em jornais e revistas, bem como ,no Google, o número de pesquisas sobre este tema já vai nos seis milhões , repartidos pelos sites que não param de crescer. Todo este alvoroço por causa de um calendário Maia que termina numa data correspondente a 21 de Dezembro de 2012 da nossa era. Parece que ,naquela data,um corpo celeste irá surgir repentinamente no nosso sistema solar e produzir o caos que destruirá a Terra ; gigantescas erupções solares produzirão enormes abalos sísmicos e forte vulcanismo. Pelo meio , um alinhamento perfeito de vários planetas do nosso sistema solar com o centro da galáxia ,produzirá uma fatal atracção para o planeta Terra. Tudo a conspirar para que 21 de Dezembro de 2012 seja o último dia da humanidade , mas nenhumas provas científicas são apresentadas.Isto para já não falar das inúmeras vezes que citando Nostradamus e outros que tais , nos foram reveladas datas, já passadas, para o fim da Terra. Os Maias , como outros povos antigos, estavam ligados a uma ideia cíclica do tempo e 2012 correspondia,no seu calendário, ao fim de um ciclo começado a 11 de Agosto do ano 3113 antes de Cristo. Este ciclo deveria durar 1.872.000 dias ,logo a data de 21 de Dezembro de 2012 para terminar o calendário.Findo este calendário seria construído outro. Toda esta confusão que por aí vai, foi alimentada pelo filme catastrófico de Emmerich designado " 2012 aquilo que os Maias previram" e onde são apresentados fenómenos geológicos e geofísicos que acabariam na destruição da Terra, o que nós tentaremos desmontar. Nos últimos milhões de anos a Terra registou cinco inversões de polaridade magnética (como está provado pelos magmas dos fundos oceânicos). sem que a vida tivesse desaparecido. A Terra,na sua órbita, acompanha a rotação do Sol à volta do centro da galáxia e, por causa disso, está todos os anos num plano de alinhamento galáctico,sem que isso tivesse tido qualquer consequência nefasta . O sol sempre teve fases de actividade mais ou menos intensas e desde 2007 que está num período de acalmia; mesmo que ele se encontre em actividade máxima em 2012, os registos mostram que esses picos nunca interferiram letalmente com a vida. Quem se pode queixar serão talvez os radioamadores com as interferências.Quanto á colisão de um corpo celeste desgarrado,vindo provavelmente da cintura de Kulper, nenhum deles seria capaz de destruir a Terra na totalidade e nem os astrónomos , sempre atentos, previram qualquer colisão num futuro próximo. Não podemos esquecer as inúmeras profecias do fim da Terra , nunca concretizadas, senda a última na passagem do milénio ,em 2000. Posto isto ,desejo a todos um bom filme "2012" e um bom Natal nesse ano futuro de 2012, com a crise económica e desemprego resolvidos e sem situações de guerra ou guerrilha.

15.9.09

O PODER DAS PEDRAS

Confesso que, como geólogo, me sinto atraído pelas redes moleculares dos cristais das pedras preciosas e semipreciosas que fui obrigado a estudar em disciplina ministrada pelo já falecido professor doutor José Custódio de Morais. Nada me leva a negar que, como elementos da natureza, os cristais não possuam capacidades energéticas que possam vir a ser utilizadas a nosso favor. Basta pensar no quartzo, cujos átomos podem oscilar numa dada frequência , certa e precisa, quando excitados por uma fraca corrente eléctrica. Se assim não fosse e não teríamos os modernos e vulgares relógios que usamos. Correndo o risco de aparecer por aí um qualquer "zé ferino" a duvidar de tudo o que está para além da sua imediata e sensorial percepção do mundo, tentarei desenvolver o tema proposto. Recordo para já que há rochas a emitir energia e esta, embora não sentida pelo homem, existe, como foi comprovado já no início do século XX. É o caso do radão, gás radioactivo libertado pelos granitos e que, sendo prejudicial ao homem, é considerado uma " energia negativa". Será com um espírito de total abertura a fenómenos ora inexplicáveis que pesquisarei sobre o asunto nas fontes disponíveis .
Desde sempre o Homem se sentiu atraído por locais onde se faziam sentir energias cósmicas e poderes mágicos , bastando para o corroborar, a leitura dos relatos , em todas as épocas e culturas, de factos neles ocorridos. Esses locais foram considerados sagrados ou mágicos e neles se construíram templos e monumentos. O professor Jorg Purner, da universidade de Innsbruck, verificou que esses locais exercem uma forte acção sobre as varas dos radioestesistas , provando haver alí correntes energéticas de origem geológica, embora ainda não descodificadas na sua essência.Também não podemos esquecer que a nossa saúde e até os nossos sentimentos são influenciados por energias. Ninguém hoje põe em dúvida a influência sobre a saúde do campo magnético das linhas de muito alta tensão, das antenas dos telemóveis e das lâmpadas de baixo consumo ; também está provado que a duração da luminosidade solar altera o biorrítmo dos humanos e de outros seres vivos. Já não se duvida que o tempo meteorológico age sobre a psico de certos indivíduos. Se estas energias são hoje conhecidas e estudadas, por que duvidar da existência de outras ,ainda não detectadas laboratorialmente e vindas dos minerais? Haverá na Terra zonas de grandes concentrações de magnetite que criem um campo magnético próprio, susceptível de influenciar o comportamento humano ? As suas linhas de força estender-se-ão como e até onde? James Lovelock (1919-?), ecologista britânico e autor da teoria da Geia , diz-nos que as fotografias tiradas pelos astronautas mostram este planeta como uma ilha de vida , um superorganismo ,vestido de azul ,capaz de regular os seus processos metabólicos tendo, como complemento á sua estrutura e formas visíveis, um padrão invisível de distribuição de energia. Será este padrão invisível de distribuição de energias gerado pelos cristais das rochas? Não o posso afirmar ,nem o posso negar. Se nos tempos primitivos os cristais eram usados como ferramentas de cura, hoje também participam nessas curas enquanto componentes vitais da tecnologia médica. É difícil acreditar o quanto os cristais influenciam a nossa vida; sem eles não teríamos computadores , modernos equipamentos de comunicação ou a cirurgia laser. Se os cristais desempenharam papel importante na antiga arte médica , continuaram a fazê-lo nos nossos dias sob os aspectos já referidos. Graças aos cristais o milagre da alquimia foi possível; mais de 1500 rádio isótopos foram sintetizados, por acção de partículas atómicas aceleradas sobre os cristais. No entanto,não precisamos de ter um acelerador de partículas para mostrar as propriedades energéticas dos cristais ; se batermos com um martelo na extremidade de um macro cristal de quartzo veremos , em plena escuridão, aparecer uma pequena faísca no outro extremo do referido cristal. Magia ? Hoje diremos que não. O que aconteceu foi apenas isto: a energia cinética da pancada foi alterada, pelo cristal, em energia eléctrica. Outro exemplo: se aproximarmos um cristal de turmalina da chama de uma vela , veremos que o cristal atrai a chama e depois a repele. Hoje sabe-se que o fenómeno é devido ás cargas eléctricas que se formam á superfície do cristal mas, no passado, era "magia". E os fenómenos piezo eléctricos dos cristais ,hoje utilizados no dia a dia , não são uma maravilha e mistério da natureza? De tudo isto fica claro que a principal característica dos cristais será a transformação de energia , pois a que sai deles é diferente da que entrou. Será que eles podem transformar energias físicas em biológicas e vice-verso ou, dito de outra maneira: será que as propriedades dos cristais se aplicam em níveis mais subtis da mente, como os nossos antepassados acreditavam ? Muitos cientistas modernos pensam que sim , embora os efeitos, ditos espirituais, não possam ser medidos mecânicamente , apenas sentidos pelos utilizadores crentes . Chegado a este ponto ,deixo para os curiosos e crentes a pesquisa de numerosos "sites" sobre os poderes mágicos das pedras sem que, com esta atitude, esteja a defender a veracidade das afirmações neles contidos. Como exemplo do que por lá se lè , transcrevemos : Quartzo verde é a pedra da energia e protege a saúde;Olho de Tigre é a pedra da luz e previne o mau olhado;Ametista , acalma a mente ;Quartzo rosa a pedra do amor . É uma lista enorme ! Será verdade ou crendice ? Coloco-me na posição daqueles que afirmam: Não acredito em bruxas, mas que as há,...há!. Se no início do século XX alguém dissesse que as casas totalmente de granito possuíam uma "atmosfera maléfica " (radão) e necessitavam de bom arrejamento chamar-lhe-iam crendeiro ,supersticioso ou charlatão. e no entanto é verdade! Deixo-vos com uma afirmação de Jean Rostand : NÃO TENHO VERDADES, APENAS CONVICÇÕES.

29.5.09

CARTAGO E OS SACRIFÍCIOS HUMANOS

Durante muito tempo , Cartago não se livrou da fama de possuir uma enorme estátua de bronze ,com uma fogueira dentro ,para onde eram atiradas crianças de tenra idade,num ritual de sacrifício ao deus Moloch ,como afirmava o grego Diodore que viveu cem anos antes de Cristo. Em 1921, foi descoberta uma necrópole com milhares de estelas suportando urnas em terracota contendo restos calcinados de crianças muito jovens , por vezes acompanhados por restos de animais , fazendo assim crer que o grego Diodore falara verdade. A arqueologia aceitou esta interpretação simplista e o mito continuou mas, após alguns decénios de investigação, a ideia foi posta em causa. Desta feita , o termo "molk" que se encontra na maioria das inscrições das estelas não designa um deus mas um ritual que poderá significar , quando associado á palavra baal, oferenda ou sacrifício de substituição. Por outro lado, nem na Sicília, Sardenha ,Espanha ou próximo oriente, foi encontrada qualquer estátua do tipo citado no início, mesmo nos locais tidos como sagrados pelos cartagineses. Hélène Bénichou-Safar que estudou longamente este assunto, verificou que nas outras necrópoles cartaginesas não havia sepulturas de crianças. Por quê então a concentração de sepulturas de crianças num único local ? Os peritos de medicina legal não conseguiram mostrar se as crianças foram queimadas vivas ou se eram cadáveres. Verificou-se ainda que os ossos contidos nas urnas de terracota , por vezes, pertenciam a mais de uma criança, fazendo assim cair por terra a ideia de que a figura dessas Estelas representava a criança sacrificada. Ficou comprovado que todos os corpos foram cremados na mesma posição o que anula a ideia de crianças atiradas de qualquer maneira para a fornalha do deus . Para complicar mais o problema há Estelas sem urnas funerárias e urnas sem Estela . A leitura dos epitáfios leva a supor que o ritual que presidia á incineração era privado e não uma atitude de expiação pública. Por tudo isto por que não admitir que eram nado-mortos ou crianças de tenra idade que não vingavam devido a infecções ,subnutrição, acidentes e outras causas vulgares na época e enterradas num local próprio ou específico ? Não esqueçamos que, entre nós, foi hábito haver nos cemitérios talhões reservados a crianças . A cremação talvez se devesse á ideia de assim poder levar até á divindade um ser ainda puro que tinha falecido. Este é mais um enigma da antiguidade em que somos levados a pensar ter contornos menos macabros que os inicialmente apresentados.

10.3.09

MOAI

A ilha de Páscoa, perdida no meio do oceano Pacífico a 3760 kms do Chile, de início não tinha nome e era o único mundo conhecido dos seus habitantes que, depois de uma chegada enigmática, nunca foram mais além. Depois tomou o nome de Rapa Nui e, nos nossos dias ,ilha de Páscoa, sendo conhecida pelas gigantescas e enigmáticas estátuas como a que vemos ao lado e a que se dá o nome de moai. As primeiras pesquisas sistemáticas sobre a ilha datam do final do século XIX e terão sido feitas por William Judah Thomson que chegou a Rapa Nui em 1886. Este oficial da marinha terá obtido dos anciãos informações detalhadas sobre as suas origens e posterior divisão em dois clãs, denominados "orelhas curtas" e "orelhas compridas ".Na sua investigação contabilizou 555 estátuas e plataformas cerimoniais,além de grutas e testemunhos de arte rupestre. Muito mais tarde,em 1934, o suíço Alfred Métraux fez pesquisas linguísticas e etnográficas bem como aos petróglifos encontrados, tendo estes estudos sido publicados em 1939. Um ano após a publicação destes estudos, Thor Heyerdahl demonstrou que o povo desta ilha teria vindo do Peru e não da Ásia ,como se supunha até então. Por que foi a ilha escolhida para ser habitada, ou quem construiu os enormes moai são perguntas que ainda hoje se colocam.Os moai foram esculpidos na cinza vulcânica endurecida do vulcão Rano Raraku, na ponta nordeste da ilha e depois transportados para a zona costeira. Aí foram colocados em plataformas (ahu) paralelas ao mar e de costas para ele, com a excepção de sete moai que olham para o mar, em Ahu Akivi. Estima-se que tenham sido esculpidos entre os anos 1400 e 1600 depois de Cristo. De tamanhos diferentes ,representam seres humanos das virilhas para cima. A cara tem maxilar inferior robusto, boca fechada de lábios avançados e um nariz proeminente com narinas bem delineadas. As mãos têm longos dedos estilizados apontando para o sexo. Julga-se que representam os sábios do clã ( chefes ou sacerdotes ) ainda em vida e colocados nas plataformas. Quando o retratado morria e era enterrado embalsamado abaixo da estátua, esta transformava-se em moai, pois a pedra absorvia a alma do defunto. Por tal razão, ainda hoje nenhum indígena se encosta ou toca num moai, a não ser naqueles que ainda se encontram nos locais onde foram esculpidos. Pesando toneladas, pergunta-se como foi possível transportá-los de tão longe até ao local onde foram implantados. Em 1993, uma empresa japonesa chegou á ilha para reerguer quinze moai de Ahu Tangaraki que, em 1960, tinham sido derrubados por um maremoto. O trabalho levou três anos pois os guindastes tombavam com o peso. A falta de árvores na ilha leva os arqueólogos a pensar se as gigantescas estátuas não teriam sido transportadas em trenós, rolando em cilindros feitos de troncos de árvores, tal como se pensa ter acontecido na construção das pirâmides incas e egípcias. Ao serem estudados pólens fósseis, alguns cientistas salientam o facto de , há vários séculos, a ilha proporcionar todos os meios de subsistência mas que a excessiva cultura e os incêndias provocados pelas guerras locais destruíram o equilíbrio ecológico, levando os seus habitantes á fome. Outro enigma da ilha é exibido nas paredes e colunas de muitas casas, em pictogramas entalhados na madeira das tábuas e que são indecifráveis ainda hoje. Estes pictogramas representam seres vivos, desde homens a animais marinhos, bem como armas e outros que parecem ser lemes. Embora todos os originais estejam em museus fora da ilha, localmente existem cópias fieis e de uma delas apresentamos a foto a seguir.

6.1.09

OS TEMPLÁRIOS e seus segredos

A ordem dos Templários, primitivamente chamada de " Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão ", terá sido fundada em 12 de Junho de 1118, por nove cavaleiros com a intenção de defender Jerusalém e guardar o Santo Sepulcro dos infiéis , bem como proteger os peregrinos que se dirigiam á Terra Santa. Esta era a justificação oficial, pois parece que Hugues de Payens e os seus oito companheiros tinham por missão descobrir a Arca da Aliança que Salomão teria para ali mandado. O interesse pela Arca não seria só religioso mas também pelos segredos escritos que conteria, uma sabedoria antiquíssima que Moisés teria adquirido na sua iniciação em terras do Egipto. Esses escritos das Tábuas da Lei, não destinados ao conhecimento público, formariam uma enciclopédia compacta de natureza científica, escrita em linguagem codificada. A ideia dos cavaleiros era pôr em prática, com muito cuidado e de forma experimental, a verdadeira Lei Divina , a chave dos segredos do Universo,para bem da humanidade. Terá sido o rei Baldwuino II quem recebeu os nove cavaleiros, tendo estes permanecido em Jerusalém, durante vários anos , em trabalhos de pesquisa nas ruínas do Templo de Salomão. Estes trabalhos secretos de pesquisa devem ter dado resultado pois quando regressaram á Europa vinham cheios de glória e sabedoria , tendo este regresso coincidido com a aparição brusca das catedrais góticas. Saliente-se que o estilo gótico não foi uma evolução da arquitectura romana que a precedeu, era algo de novo. A arquitectura romana baseia-se numa força que actua de cima para baixo, com a cúpula redonda a pressionar ,com o seu peso, os muros ou paredes, estabilizando assim a construção. Os arcos em ogiva da catedral gótica baseiam~se na pressão que age de baixo para cima, numa tensão dinâmica que exigia cálculos constantes que superavam os conhecimentos da época. Os Templários revolucionaram também a agricultura praticando uma racionalização até então desconhecida. Outro facto misterioso está no campo financeiro: se os reis estavam, normalmente, sem dinheiro, as cidades eram pequenas e pobres, o que estaria por detrás da construção de várias catedrais góticas que consumiam somas astronómicas? De onde vieram os operários especializados, do arquitecto ao escultor? Esta classe de operários, treinada numa técnica nova era livre para, em caso de necessidade, se deslocar de uma obra para outra , originando assim os " pedreiros livres". Mas há mais mistérios !Como é que somente nove cavaleiros conseguiam proteger os peregrinos, guardar o Santo Sepulcro e defender Jerusalém ? Se os Templários juraram pobreza, como se tornou a Ordem uma das mais ricas, chegando ao ponto de financiarem os reis e o Papa ? Se existiam os cruzados para conquistar Jerusalém para quê os Templários ?Tudo muito estranho ! Diz-se que os nove cavaleiros ao instalarem-se nas ruínas do Templo de Salomão, encontraram os túneis secretos que levavam ao tesouro da biblioteca onde estavam guardados os segredos da arquitectura gótica, de navegação, de astronomia e outros, bem como as tábuas da Lei e a Arca da Aliança. A Ordem do Templo era constituída por vários graus sendo o primeiro o dos cavaleiros. Tinham graus inferiores como clérigos, irmãos servidores ,criados e artífices. Embora a Ordem tenha sido abalada na sua razão de ser quando o sagrado sepulcro foi tomado pelos muçulmanos, ainda era poderosa e imensamente rica. A corte de França e o Papa deviam-lhe dinheiro ,pelo que essa riqueza passou a ser cobiçada pelo rei de França , Filipe ,o Belo. Os Templários corriam perigo, pois o rei já havia confiscado os bens dos lombardos e judeus , expulsando-os. O rei sabia que os Templários possuíam 150.000 florins de ouro, 1o.000 casas e solares,inúmeras fortalezas ,pratas ,ouro e jóias por toda a Europa. Desta feita Filipe e o Papa, ajudados por opositores de outras Ordens, armam uma cilada , acusando os Templários de hereges. Em13 de Outubro de 1307 o rei manda prender todos os templários e o seu grão-mestre Jacques de Molay que, submetidos a torturas pela Inquisição, acabam por confessar o que o Rei e o Papa pretendiam, mesmo não sendo verdade. O Papa, para se livrar da dívida tenta ,através do Concílio de Viena de 1311 , acabar com a Ordem dos Templários. Não o conseguindo, convocou em privado um outro ,em 22 de Novembro de 1312 . Neste aboliu a Ordem , admitindo não haver provas de heresia. As riquezas dos Templários foram confiscadas em benefício da Ordem de S: João, embora grossa parcela fosse parar aos cofres do Rei Filipe. Em Portugal, o rei D. Dinis não aceita as acusações e funda a Ordem de Cristo para a qual passou alguns Templários. Desta forma os segredos ciosamente guardados pela Hierarquia Interna da Ordem que diferia da Hierarquia Externa que era profana e militar, vieram parar ao nosso país em1307. Em 1416, o Infante D.Henrique torna-se grão-mestre da Ordem de Cristo e deve ter tido acesso aos segredos fenícios de marear. Um deles seria a possibilidade de navegar no hemisfério sul e encontrar um caminho para oriente, o que foi realizado por Vasco da Gama. Não é por acaso que as caravelas ostentavam, nas velas, a Cruz de Cristo(em fundo branco), que era uma pequena alteração da Cruz dos Templários.


Em 1550, D.João III convence o Papa Júlio III a fundir as duas hierarquias e com isso os réis de Portugal passam a ser Grão- mestres, com acesso aos segredos dos Templários. Ora os Templários tinham, como já dissemos,relatórios de navegadores que já haviam percorrido regiões desconhecidas ,e preciosidades como as tábuas de declinação magnética que corrigiam as bússolas. Á medida que as navegações avançavam, eram feitos novos mapas astronómicos que forneciam orientação pelas estrelas no hemisfério sul a que só os iniciados tinham acesso. Pedro Álvares Cabral, estava no comando da esquadra porque era Cavaleiro da Ordem de Cristo e tinha por missão tomar posse de terras secretamente conhecidas,isto é.o Brasil. A sua presença era indispensável pois só a Ordem de Cristo tinha autorização para ocupar territórios de infiéis. Assim, e a coberto de uma tempestade, desgarra-se da frota com destino a oriente, ruma em sentido contrário e vai ter a terras de Vera Cruz. A Espanha tradicional adversária de Portugal e sem estes conhecimentos de navegação, faz uma política contrária junto do Vaticano para minar o monopólio da Ordem de Cristo e assim, em1492, o Papa Alexandre VI (um espanhol de Valência) reconhece em duas bulas, o direito de posse dos espanhóis sobre o que Colombo havia descoberto, rejeitando as reclamações de D.João II de que as novas terras pertenceriam a Portugal. Este diferendo entre Portugal e Espanha levou a que estes , em 1494, negociassem um tratado para dividir o novo mundo, o Tratado de Tordesilhas .Portugal saiu-se bem deste acordo: os espanhóis, pelas bulas papais, tinham direito às terras situadas a mais de 100 léguas a oeste e sul dos Açores e Cabo Verde, mas pelo Tratado de Tordesilhas essa linha imaginária passou para 370 léguas e, desta forma , as terras descobertas por Cabral estariam sob alçada de Portugal, facto que os nossos vizinhos desconheciam. Muito mais se pode imaginar dos segredos que os Templários possuiam e como estes foram sendo guardados e transmitidos através de Sociedades Secretas, mas não há provas concretas , por isso ficamos por aqui .
««

10.12.08

ARTE GÓTICA ...enigmas escondidos

Quem visita as catedrais góticas, com as suas dimensões gigantescas de interiores sumptuosos que parecem ser iluminados por uma luz e um espírito sobre-humanos, fica com a ideia de pura perfeição. Imagine-se o efeito que estas construções não terão tido sobre os povos da Idade Média que as visitavam. Não é fácil datar o aparecimento do gótico embora ele apareça subitamente entre 1130 e 1140 em França. Desenvolvendo-se atinge o apogeu em algumas décadas sem qualquer ligação com estilos anteriores. Juntamente com os arquitectos, são os canteiros, os carpinteiros, os ladrilhadores e os vidreiros os obreiros destas maravilhas. Que contextos místicos terá esta arquitectura e que segredos encerra ? Outra pergunta se pode colocar: serão os locais onde estas catedrais estão implantadas ,lugares de concentração de energias? Por exemplo, a grande catedral de Chartres foi implantada numa pequena elevação de uma localidade insignificante na época, mas que fora destino de peregrinações em tempos pré-cristãos Nesta catedral ,orientada em sentido oposto ao habitual nos templos cristãos, a relação ,entre o comprimento a largura e a altura, é estranha e nada vulgar.O mesmo se pode dizer dos vitrais, capazes de decompor os raios de sol de modo tão extraordinário que , até á data, foi impossível fazer outros iguais.

Os grandiosos vitrais, o portal central, as torres e o labirinto desenhado no chão representam uma vivência cujo centro espiritual estava em Jerusalém, daí dever ser obra da Ordem dos Templários. Em plena idade média de onde vieram os conhecimentos necessários á construção das grandes abóbadas góticas? E o dinheiro para as construir? Não veio das colectas realizadas junto dos peregrinos e do povo e muito menos das abastadas ordens Beneditinas e Cistercienses. Só poderiam ter sido financiadas pelos Templários, cuja lendária riqueza, ainda hoje,permanece um mistério. Curioso também o facto de nenhuma das representações da vida de Jesus, inspiradas pelos templários, conter cenas da crucificação e isto porque aqueles recusavam-se a reconhecer o homem crucificado como sendo o verdadeiro Jesus Cristo o que, mais tarde, foi usado nos processos de acusação contra os cavaleiros desta ordem. Os elementos indispensáveis nas catedrais góticas são as rosáceas nas imponentes fachadas, as altas agulhas das torres tocando os céus, os arcos botantes e contrafortes, responsáveis por uma melhor distribuição de peso, tudo contendo saberes que eram excessivos para a época.


Esperemos que estes mistérios todos sejam um dia desvendados!

3.12.08

PETRÓGLIFOS

Já ouvimos dizer que a natureza se está a vingar dos abusos contra ela cometidos pelo homem nestes últimos séculos, daí as catástrofes globais climáticas com consequências na agricultura, na economia e na vida das populações. Se hoje nos agarramos á tecnologia para sobreviver, há milénios o homem vivia num mundo de criaturas e forças que o podiam conduzir á morte ou á vida tentando, através de práticas mágico-religiosas, defender-se da natureza. Os vestígios mais antigos dessas práticas são as gravuras rupestres (petróglifos) que encontramos em todos os continentes. Essas gravuras esculpidas na rocha com artefactos também de pedra, por vezes pintadas com tintas naturais, mostram motivos variados que julgamos ser astronómicos ou ainda mitológicos e xamanísticos, autênticos livros esculpidos na rocha. Encontramos estes petróglifos na costa gélida do Alasca e na quente Califórnia para já não falar na América do Sul onde abundam, o mesmo se passando na Europa e Ásia. No continente sul-americano muitos destes lugares sagrados são só do conhecimento das populações locais, nos quais sentem campos de forças especiais de modo a estabelecerem ligação com os seus antepassados e espíritos protectores. Já noutra "postagem" nos referimos á Pedra Letreira de Gois e ás enormes figuras de Nasca. O testemunho por detrás destes traçados das culturas da Idade da Pedra continua em segredo ,sendo curioso que na Europa, onde a pesquisa histórica está mais avançada, os círculos,espirais e símbolos animais, são os mesmos em todo o mundo. Será que os círculos concêntricos mostram a fertilidade e a água essencial á vida , ou haverá um outro segredo maior ?



As espirais representarão forças cósmicas? É que estas espirais não estão só nas gravuras rupestres mas também esculpidas em gigantescos túmulos, em escaravelhos e pinturas fúnebres do antigo Egipto. Será que a espiral se integra no complexo movimento cíclico do Sol e na sua influência sobre a água e a fertilidade animal e vegetal ? É sobretudo a espiral dupla que, no âmbito dos seus movimentos giratórios, para dentro e para fora, dá azo á interpretação de retorno e renovação, ao ciclo da vida e morte. No formato de uma espiral, quer seja tridimensional em forma de parafuso, ou plana e bidimensional, não é possível encontrar um verdadeiro princípio ou fim. A espiral continua a girar eternamente como a Via Láctea. E a dança dos dervixes (ordem mística do Islão) recriará o movimento do Universo em forma de espiral e a própria criação ? Conseguirão eles através desta dança em espiral captar as manifestações do Divino ?




E que diremos dos quadrados ? Os cantos são os pontos mais extremos do horizonte visível e correspondem aos solestícios ou aos nossos pontos cardeais. Um aspecto curioso é que quando o quadrado que simboliza o mundo, em conjunto com o altar central, é projectado para o céu, surge a pirâmide dos Maias ou dos Astecas.Teorias muito controversas afirmam que a similitude dos petróglifos e de outros símbolos arquétipicos de diferentes culturas e diversos continentes é o resultado, conforme Carl Jung, de uma estrutura herdada geneticamente no cérebro humano. Outros afirmam que esses desenhos (quadrados e espirais ) foram realizados pelos xamãs num estado alterado de consciência, induzido pelo uso de alucinogénios naturais, pois essas formas geométricas aparecem quando há problemas de visão e alucinação produzidas por drogas ou estímulos físicos. Seja como for,acredita-se que muitos petróglifos representam um tipo de linguagem fazendo referência a algum tipo de fronteira territorial entre tribos, para além de significados religiosos. Esta linha de pensamento leva-nos á escrita rúnica, uma das mais antigas , com milhares de anos. A raíz composta RU é de origem indo-europeia e significa mistério ou segredo.


Os antigos povos nórdicos acreditavam que as runas possuíam poderes mágicos, daí os xamãs as colocarem nas casas, nos barcos e nos leitos do enfermos .No alfabeto rúnico cada símbolo/letra representa uma energia específica e, devido a essa energia,as runas não eram só usadas como letras de alfabeto, mas também como talismãs mágicos, cujo valor era passado oralmente pelos mestres aos iniciados .

17.6.08

PEDRA LETREIRA

Quem seguir pela antiga estrada nacional nº2 Chaves -Faro,hoje estrada nº112, ao Km 290,8, na Portela do Vento, concelho de Gois, encontrará o cruzamento para Castelo Branco. Nesse cruzamento está uma antiga casa de cantoneiros e ,ao lado dela, nasce um caminho carreteiro em direcção ao cabeço da Fonte Fria. Seguindo esse itinerário encontrará um afloramento de xisto pré-Câmbrico onde estão gravadas uma série de figuras geométricas. O processo utilizado para esculpir as figuras do petróglifo, foi o da abrasão,com um instrumento ponteagudo e duro, possivelmente um machado de xisto anfibólico . O que vemos "desenhado" afigura-se a um arco e flecha ,tendo á volta o que se julga ser a representação de pontas de seta e de alabardas, usadas pelos povos da antiguidade, na idade da pedra, possivelmente 2000 anos antes de Cristo. Além destas, outras figuras estão representadas e cuja descrição minuciosa seria fastidiosa para os não especialistas. Diremos apenas que aparece um desenho em xadrez enviesado, semelhante a um fragmento exumado num dólmen da Lomba do Canho, em Arganil, uma região próxima. Parecida com esta só a Pedra Escrita de Ride Vides, Vilariça, Alfândega da Fé, em Tràs-os-Montes. Qualquer que venha a ser a interpretação a dar à Pedra Letreira, não foi por mero acaso que o homem do paleolítico ali deixou um documento da sua vida anímica. Daí que apresentemos apenas umas fotografias ,retiradas de uma pequena brochura intitulada A PEDRA LETREIRA , da autoria de João Castro Nunes, A.Nunes Pereira e A. Melão Barros, edição da Câmara Municipal de Gois ,no ano de 1959.

12.5.08

NAZCA

A propósito dos temas publicados sob a etiqueta "Enigmas da antiguidade", alguém me perguntava se estávamos sós no Universo ou se aquelas obras se deviam a seres de outros planetas. Á pergunta respondi com um talvez sim, talvez não, resolvendo colocar mais um enigma no blog. Se observarmos a fotografia aérea que abaixo reproduzimos, vemos um gigantesco pássaro, destacando-se no solo escuro do topo plano de uma montanha, próximo de Nasca, no Perú.

As linhas que formam a figura tem alguns quilómetros de comprimento e seguem a direito. Quem teria criado , há milhares de anos, estes desenhos misteriosos, cujas imagens só podem ser vistas do ar ? São aranhas , macacos, colibris, peixes, lagartos , o que se encontra desenhado num solo pobre de vegetação, nesta zona Peruana com a extensão de quinhentos quilómetros quadrados. O macaco desenhado no solo tem 145 m e só se pode ver do ar, não havendo qualquer elevação nas redondezas para o observar, bem como no caso das outras figuras.

Para além das imagens de animais, surgem desenhos geométricos em grande número, fazendo lembrar as pistas de aterragem de um aeroporto. Alguns investigadores, entre eles Maria Reich (1903-1998) que estudou durante décadas estes desenhos, pensam que as várias linhas e figuras de Nazca remetem para pontos onde os astros apareciam e desapareciam no horizonte. A idade destes desenhos deve situar-se a algumas centenas de anos antes da era cristã e, para serem realizados, foram movimentadas toneladas de pedras.


SERÁ QUE OS INCAS SABIAM VOAR ? Se observarmos pinturas feitas em cerâmica da cultura Nazca,vemos objectos que parecem balões de ar quente e talvez fosse este o processo que eles tinham para enviar os chefes tribais defuntos para o Sol, conforme rezam as lendas. E que material usavam para fazer os balões ? Também parece haver resposta: foram encontrados tecidos em túmulos, cuja densidade, leveza e resistência á ruptura chegam a ultrapassar os materiais modernos usados no balonismo. Se os Incas sabiam voar, os criadores dos desenhos gigantescos podiam vigiar a execução rigorosa das linhas e figuras. Até este momento, estou na posição dos que acreditam que estamos sós no Universo como seres humanos, o que não invalida a possível existência de outras inteligências não humanas. Alguns arqueólogos e estudiosos da inteligência extra-terrestre afirmam o seguinte: " Astronautas extra-terrestres construíram duas pistas de aterragem, na planície não povoada de Nazca, para aí fazer descer as suas naves espaciais. Após a partida dos "deuses" para os mundos estelares, as tribus da época pré-inca que ansiavam pelo regresso desses deuses, construiram novas linhas e figuras que evocariam a memória dos visitantes cósmicos . Também alguns desenhos parecem ser uma mensagem em código binário, ou um sistema visual de aproximação de voo." Por mim,é mais um enigma da antiguidade.

7.4.08

NAN MADOL


Na pequena ilha de Temuen, no oceano Pacífico,fica situada Nan Madol um conjunto de 82 ilhas artificiais com construções e fortificações em pedra e uma idade estimada em 200 anos antes de Cristo. Alguns dos 400.000 blocos de basalto destas construções chegam a pesar 2.500 Kg.Quem construiu esta Veneza do Pacífico e como as pedras foram transportadas pelas selvas húmidas e pelas águas pouco profundas do mar, é um enigma. Nan Mandol em polinésio significa " o lugar dos espaços livres", sendo conhecido como recife celestial pelas populações locais que acreditam ser ali que os deuses desceram á Terra. As 82 pequenas ilhas artificiais têm alicerces aquáticos formados de pedras maciças , preenchidos com fragmentos de pedra e de coral. Por cima foram construídas habitações semelhantes a pequenos fortes que resistem às investidas do mar. Que conhecimentos de engenharia ou máquinas poderosas possuiriam os seus construtores ? Seria esta a mesma sabedoria que permitiu, na Europa da Idade da Pedra, erguer menires e outras construções idênticas com preceitos astronómicos ? É que David Childress, arqueólogo americano, descobriu em mergulhos a 25 m de profundidade,monólitos em posição vertical, em linha perfeitamente recta que termina nas profundezas do oceano. Nan Mandol foi uma cidade grande ,com um verdadeiro labirinto de corredores subterrâneos. Para Walter Langbein, especialista em assuntos de astronáutica, este sítio era o local onde "seres das estrêlas" desciam á Terra. Segundo ele, os túneis subterrâneos onde circula água que alimenta lagos artificiais em ilhas artificiais, não foi obra de seres humanos, mas de seres inteligentes anfíbios de outro planeta. As lendas da Polinésia falam do seguite : " Em tempos remotos desceu dos céus uma canoa. Não chegou vinda do mar alto, mas dos céus que ficam por cima. A bordo vinham três homens. Esse barco voador veio ter a Nan Mandol tendo pairado no ar sobre a ilha. Os homens do barco convidaram um chefe local para ir a bordo e juntar-se a eles. Depois partiram e ,quando voltaram, esse chefe tornou-se o primeiro rei " . Consta que durante a ocupação Japonesa, entre 1919 e 1944, mergulhadores da marinha terão encontrado debaixo de água não apenas o que resta das residências, das estradas e das abóbadas, mas também algo que surge nas lendas, a casa dos mortos, onde estariam sepultados os antigos governantes. Os mergulhadores da armada japonesa terão encontrado caixões feitos em platina, perfeitamente estanques, tendo trazido pedaços deste valioso metal. Espantoso é o facto de numa relação dos principais bens exportados em 1930, constar platina, juntamente com a baunilha,tapioca e madrepérola. Este valioso metal deve ter enriquecido os cofres do Império Japonês durante muito tempo, só terminando quando dois mergulhadores não regressaram das suas excursões subaquáticas ao sítio onde estavam os caixões de platina. Este é mais um ENIGMA DA ANTIGUIDADE, semelhante ao que publicámos em Janeiro de 2008.

31.1.08

O MONSTRO de LOCH NESS

Tudo começou em Agosto de 1963, quando uns agricultores a trabalhar junto do lago Ness,na Escócia, notaram um movimento na superfície da água daquele profundo lago . Um deles ,de nome Ayton ,viu uma criatura gigantesca, semelhante a um réptil,cuja cabeça se elevava cerca de dois metros acima do nível da água. O tronco teria uns dez a doze metros de comprimento. Já antes,em 1933, existia o relato do casal Mackey que por ali passeava. Descreveram, a um jornal local, que o animal tinha duas bossas,cada uma delas com 3 metros de comprimento. Desencadeou-se então uma verdadeira onda de histeria,com vários relatos de avistamentos e até uma fotografia do " monstro ".Todos estes relatos acabaram por ser declarados falsos, mas a "nessiemania" estava lançada. Uma das provas mais convincentes da existência real do Nessie foi apresentada em Agosto de 1972.

O lago foi então navegado por barcos equipados com sonares e a 8 de Agosto, o sonar detectou um objecto com cerca de oito metros e nas imagens do eco, surgem os possiveis contornos de uma criatura com as características de pescoço comprido e bossas. Em 1975 uma outra expedição voltou a produzir imágens semelhantes, pelo que chegaram a classificar esse possível animal como Nessiteras rhombopteryx. Seria ele o último dinossauro do mundo,já que pelas descrições feitas se asemelha aos eslasmossauros, que povoaram a Terra há 60 milhões de anos ? Infelizmente para nós o lago, devido á grande carga de partículas em suspensão na água, não permite aos mergulhadores fazer qualquer fotografia e no fundo lago há uma densa e impenetrável camada de lodo que não deixa ver o fundo nem com sonar. Animais idênticos parece terem sido avistados no Canadá .O Ogapogo vive no lago Okanogan e terá 22 metros de comprimento. Por sua vez o Manipogo, captado em vídeo por câmaras automáticas, terá 8 metros e vive num pequeno lago no leste do Quebeque. Também no Japão há relatos idênticos mas aquilo que está por detràs destas aparições contitui um enigma,tal como o Nessie, que nunca foi avistado pese embora o lago seja pecorrido diàriamente por barcos ,com o intuito de o fotografar .

Arquivo do blogue