3.4.10

O CASTELO DA LOUSÃ


O castelo da Lousã fica situado na margem direita da ribeira de Arouce ( um sub afluente do rio Mondego ) no alto de um estreito contraforte da serra da Lousã e toma esta designação por se encontrar a cerca de 1,5 Kms da vila com o mesmo nome.
É também conhecido como castelo de Arouce embora mais distante da actual povoação de Foz de Arouce. A antiga vila de Arouce, junto ao castelo, há séculos que desapareceu, restando hoje alguns pedaços de muros espalhados pela serra e não se sabe em que data foi iniciada a construção da fortificação para a sua protecção.
O documento mais antigo que refere esta povoação de Arouce data do ano 943 e é um contrato entre Zuleima Abaiud, um cristão que vivia no mundo muçulmano(um moçárabe ) e o abade Mestúlio do Mosteiro do Lorvão. Nesse documento é mencionado o topónimo Arauz que deve ter originado Arouçe.
Admite-se que a construção do castelo, ou talvez a sua reconstrução, remonte a 1080, quando a povoação de Arouce foi pacificamente ocupada pelo conde Sesnando Davides, governador da zona de Conimbria (Coimbra), por mandato de Fernando Magno, rei de Leão e Castela que havia conquistado aquela cidade aos mouros em 1064, antes da formação do reino de Portugal. O castelo de Arouce foi reconquistado pelos mouros por volta de 1124, e reocupado e reparado por D. Teresa do condado Portucalense e mãe de D. Afonso Henriques . Já com a formação do reino de Portugal , o castelo fez parte da linha de defesa fronteiriça que era o rio Mondego, juntamente com os castelos de Penacova, Soure, Miranda do Corvo Penela e Ladeia, isto até 1147.
Quando D. Afonso Henriques conquista Santarém e depois Lisboa, a linha de fronteira passa a ser o rio Tejo e o castelo perde importância militar mas continua a ser usado como residência de verão pela rainha D. Mafalda, esposa de D. Afonso Henriques. O castelo e a povoação de Arouce recebem foral em 1151 mas mais tarde , em 1160, um novo documento já fala em Lousã como coisa distinta de Arouce , o que demonstra que a antiga povoação romana voltara a ter população com a pacificação da região, crescendo de tal forma que recebeu foral de D. Afonso II, no ano de 1207.
O castelo, de pequenas dimensões, tem as muralhas reforçadas por três cubelos e uma praça de armas de apenas 130 metros quadrados. O portão de entrada é flanqueado por dois cubelos semi-cilíndricos. O topo das muralhas é percorrido por um adarve, defendido por merlões chanfrados . A torre de menagem é ameada e de planta quadrada e nela se rasga uma porta ogival, ao nível do adarve ,com seteiras do lado oposto e mais duas portas no piso superior. A torre de menagem deve ter sido erguida durante o século XIV em alvenaria de xisto da era Silúrica, como aliás as suas muralhas , dado ser esta a única pedra da região. A excepção é a guarnição da porta da torre de menagem em grés branco..Entre a vertente escalvada e a torre de menagem subsistem restos da galeria da poterna , saída secreta do castelo para algum local do povoado.
Os séculos e o vandalismo provocado pela busca de tesouros iam destruindo o castelo até que em 1939,1942 e 1945 se fizeram trabalhos de reparação . Outros trabalhos pontuais foram executados em 1950,1956,1964,1971 e 1985, permitindo hoje mantê-lo em bom estado, numa rica paisagem florestal.

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