3.10.10

O CASTELO DO PORTO


Tal como acontece em Coimbra , quem visita a cidade do Porto não encontra um castelo propriamente dito o que parece estranho numa cidade tão antiga. Os romanos referiram-se a um núcleo populacional junto ao rio Douro como Portuscale, na zona do morro da Pena Ventosa que é onde hoje se situa a Sé. Nesta zona encontraram-se vestígios romanos e pré romanos que atestam uma continua ocupação, logo deveria haver alguma edificação defensiva. ( Durante as décadas de 1980 e de 1990, as investigações arqueológicas realizadas nas traseiras da , nomeadamente na Casa da Rua de D. Hugo n.° 5, permitiram identificar um perfil estratigráfico que ilustra a evolução do núcleo primitivo da cidade. Destes estudos concluiu-se ter havido uma ocupação quase contínua do local desde os finais da Idade do Bronze.)
Continuando a atestar a ocupação da zona, diremos que no Itinerário Antonino ( sec II) aparece a designação de Cale ou Calem para o morro de Pena Ventosa e daí talvez Portuscale que, no primeiro quartel do século XII, era apenas citado como Portus , já que cale designava travessia ou passagem.
Mas houve ou não um castelo ? O que encontramos hoje são restos de dois muros defensivos , ambos medievais , a cerca velha ou sueva e a cerca nova mais conhecida por muralha fernandina. Terá sido sobre os alicerces da fortaleza sueva , arrasada no ano 825 pelo rei mouro Almançor que Moninho Viegas , trisavô de Egas Moniz ( aio de D. Afonso Henriques), teria mandado edificar a cerca velha no período da reconquista. Dentro desta cerca certamente haveria um castelo ou uma torre defensiva, mas dela não há vestígios.
Esta cerca velha existia ainda em 1120 já que , aquando da doação do burgo ao bispo D: Hugo, lê-se no documento mandado exarar por D.Teresa que além do burgo pertenciam ao bispo terrenos extra muros. logo havia uma muralha .Como a cerca velha se situa no morro da Pena Ventosa o castelo deveria situar-se dentro dessa cerca, onde hoje está a Sé.
No que respeita à cerca nova ( muralha Fernandina) diremos : A Muralha Fernandina começou a ser pensada em 1336, quando reinava em Portugal D.Afonso IV, devido à tentativa de invasão do rei castelhano D.Afonso XI.
Era necessário proteger uma cidade, que se tinha expandido para além da Cerca Velha .A muralha, que tinha uma altura de 30 pés (10 metros), ficou terminada no reinado de D.Fernando, daí a designação de Fernandina.O traçado seguia pela margem ribeirinha do Douro até ao limite com Miragaia, subia pelo Caminho Novo, pela Sé e descia pela escarpa dos Guindais até à Ribeira.( foto do texto) Esta muralha envolvia a cerca velha e os seus muros, reforçados por trinta torres, abriam para o exterior por várias portas e postigos. No interior da cerca nova outras cercas havia , delimitando a judiaria e os terrenos administrados pelas ordens religiosas. Em nome do progressivo desenvolvimento urbano a muralha Fernandina começou a ser derrubada no final do século XVII e os seus seculares muros foram sendo submersos pelo casario ou demolidos para a abertura de novas ruas. Para muitos dos edifícios públicos, que foram construídos a partir do séc. XVII, foram aproveitadas as pedras da muralha derrubada. No séc. XIX, a muralha sofreu a condenação final, sendo demolida na sua quase totalidade. O que hoje resta e vemos, é considerado monumento nacional.
Colocámos a hipótese de o castelo ou torre de defesa se ter situado onde hoje está a Sé. Não podemos esquecer que a Sé do Porto é um edifício de estrutura romano-gótica, dos séc. XII e XIII, tendo sofrido grandes remodelações no período barroco (séc. XVII-XVIII). No interior conserva ainda o aspecto de uma igreja-fortaleza com ameias, mas nada garante que a hipótese de ali ter sido a fortaleza .seja correcta

Sem comentários:

Arquivo do blogue