2.2.12

TRILOBITES





Um dos fósseis que mais atraem os visitantes leigos de um museu geológico, excluindo os esqueletos de dinossauros, são sem dúvida os das trilobites.
As trilobites foram artrópodes marinhos que viveram nos mares do Paleozóico há muitos milhões de anos, mais propriamente entre (542-251 Ma). A maioria vivia em ambientes pouco profundos, arrastando-se pelo fundo, deixando por vezes marcas fossilizadas, denominadas por bilobites
As trilobites possuíam um esqueleto externo de natureza quitinosa que, na zona dorsal, era impregnado de carbonato de cálcio, o que lhes permitiu pela sua dureza´, deixar abundantes fósseis. O seu nome é devido à presença de três lobos que podem ser visualizados na região dorsal (um central e dois laterais). O exoesqueleto era dividido, longitudinalmente, em três partes: o escudo cefálico (cefalão), constituído pela zona anterior da carapaça ,que incluía os olhos e peças bucais, mas também boa parte da zona do aparelho digestivo do animal. Esta zona era uma peça única e não articulada; Seguia-se depois o Tórax, zona intermédia, articulada, constituída por um número variável de segmentos idênticos,
Por fim vinha o Pigídio, ou escudo caudal, a zona posterior da carapaça, que inclui, em algumas espécies, espinhos e ornamentação variada. O pigídio era, também, uma peça única.
Tal como hoje fazem os artrópodes (insectos, miriápodes, caranguejos etc) ao longo do seu crescimento, as trilobites sofriam várias mudas, descartando sucessivos exoesqueletos. Desta forma, um único organismo pode ter dado origem a vários somatofósseis. Em média, as trilobites atingiam entre 3 a 10 cm de comprimento, mas em alguns casos poderiam chegar a cerca de 80 cm de comprimento.
O seu sentido da visão era extremamente apurado e foram os primeiros animais a desenvolver olhos complexos. As trilobites surgiram no início da era Paleozóica, no Período do Câmbrico, e desapareceram no fim, no Período denominado Pérmico, isto é, na passagem para a era secundária. O grupo tem importância estratigráfica como fósseis de idade no Câmbrico, isto é datam perfeitamente este período.
Os fósseis das maiores trilobites do mundo foram encontrados em Portugal
Uma equipa internacional descobriu em Arouca ( perto de Aveiro) vários grupos de fósseis de trilobites Apesar de não haver espécies novas, a importância da descoberta deve-se à dimensão dos fósseis ;“ São as maiores trilobites do mundo”, disse Artur Sá co-autor com uma equipa espanhola do artigo publicado na revista "Geology".Em Canelas, no Geoparque Arouca, estão descritas 20 espécies de trilobites . As trilobites viveram durante mais de 280 milhões de anos até desaparecerem há 250 milhões de anos quando se deu a grande extinção do final do período Pérmico, muito antes da era dos dinossauros. Há 465 milhões de anos a zona da Arouca estava submersa e ficava pertíssimo do então pólo sul, junto da costa do primitivo continente chamado Gondwana que depois se fracturou e deu os actuais continentes. O frio e as águas com uma baixa concentração de oxigénio permitiram às trilobites crescerem mais, num ambiente protegido em que seres maiores com um metabolismo mais lento estariam bem adaptados. , afirma o palentólogo Artur Sá .Mas esta descoberta também lança luzes sobre o comportamento social destes animais. “Até agora o que se conhecia eram indivíduos solitários, aqui temos uma grande quantidade de trilobites todas juntas e metros e metros sem trilobites”, afirma o professor do departamento de Geologia da UTAD.

O investigador aponta duas razões que podem explicar o fenómeno: no mar, as trilobites juntavam-se para as mudas das carapaças, ficando agregadas para se protegerem enquanto as novas estruturas enrijeciam. Parte dos fósseis são das mudas e não de trilobites, o que dá força a esta teoria. Por outro lado, o objectivo do ajuntamento poderia ser a reprodução, como acontece em artrópodes actuais. O maior grupo de trilobites encontrado em Arouca pertencia à espécie Ectillaenus giganteus, e contava com mais de mil indivíduos com 15 a 20 centímetros que preenchiam uma área de 15 metros quadrados. As trilobites surgiram, viveram e extinguiram-se sem deixar quaisquer descendentes.
Atingiram o seu apogeu durante o Ordovícico (500 a 435 M.a.), quando terão existido 63 famílias agrupadas em oito ordens e quinze mil espécies, entrando depois em progressivo declínio que culminou com o seu desaparecimento no final do Pérmico (280 a 230 M.a.), altura em que ocorreu uma extinção em massa, a maior da história da vida na Terra, em que terão desaparecido cerca de 90 por cento das espécies marinhas e terrestres.

Uma vez que constituem um grupo de artrópodes marinhos completamente extinto, se quisermos ter uma ideia do seu aspecto teremos de nos deslocar a um oceanário para contemplar o caranguejo-ferradura (Limulus sp.), o organismo actual mais parecido com uma trilobite. Trata-se de um crustáceo que é considerado um “fóssil vivo”, uma vez que quase nada evoluiu quando comparado com o seu registo fóssil do Triássico (230 a 195 M.a.), período em que se julga que terá aparecido na Terra.
No entanto, apesar das parecenças entre ambos, muitas são as diferenças que os distinguem, pelo que, se pretendemos conhecer verdadeiramente as famosas trilobites, não nos resta outra alternativa que não seja vasculhar as jazidas fossilíferas à cata dos seus vestígios, esperando que eles nos dêem pistas sobre estas misteriosas criaturas.

Curiosamente, apesar de estarmos a falar de animais marinhos, as principais jazidas fossilíferas portuguesas localizam-se longe do mar, a dezenas ou centenas de quilómetros do oceano. Isto explica-se porque, como já explicamos atrás, esses lugares, no passado muito longínquo, fizeram parte do fundo marinho que depois viriam a dar as rochas que actualmente podemos contemplar à superfície e que guardam nos seus estratos valiosos tesouros: os fósseis de trilobites e de muitos outros habitantes dos mares paleozóicos.




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