26.9.09

SANTA CLARA -A-VELHA

O convento que foi fundado em 1283, pela abadessa D. Mor Dias, na margem esquerda do rio Mondego, frente á antiga cidade de Coimbra e entregue a uma comunidade de freiras clarissas, teve uma edificação de volumetria modesta. Durou pouco tempo esta comunidade de freiras pois um longo litígio com os frades crúzios de Coimbra levou-a à extinção .em 1311.. Em 1314, D.Isabel de Aragão (Raínha Santa) casada com o Rei D. Dinis, solicitou ao Papa autorização para, naquele local, construir um mosteiro onde desejava vir a ser sepultada. As obras começarem no ano seguinte sob a orientação do arquitecto Domingos Domingues, o mesmo do mosteiro de Alcobaça. A arquitectura era um misto de romanico e gótico, com predominância deste último. Possuia uma planta de três naves de altura semelhante , sem transepto e com as naves divididas em sete tramas ; a cobertura das naves era inteiramente de pedra .(ver foto abaixo de João Gomes Mota)A iluminação era realizada por duas rosáceas, uma em cada topo da nave central, e por janelas duplas nas paredes laterais. Posteriormente foi acrescentado á igreja um claustro e uma sala capitular , além de outras dependências. A igreja foi sagrada em 1330, mas o local da sua implantação fora uma má escolha por ser terreno de aluvião. Logo em 1331 , uma cheia do rio Mondego invadiu o recinto, tendo começado o lento afundamento do edifício devido ao próprio peso. Para compensar este afundamento um novo plano de chão foi construído a meia altura da igreja , o que obrigou à elevação das naves primitivas. Muito embora ao longo dos séculos que se seguiram se tenham feito trabalhos de drengem e conservação, o mosteiro e a igreja foram abandonados em 29 de Outubro de 1677. As freiras , o espólio e o corpo incorrupto da Raínha Santa foram transferidos para um novo mosteiro,no cimo do monte da Esperança, a actual igreja de Santa Clara-a-Nova. Com este abandono , o antigo edifício este foi-se enterrando cada vez mais e assim permaneceu durante séculos, com água até meia altura como se pode observar na foto de J.G. Mota.
Em 1991 começaram as obras de recuperação e resgate , obras que só terminaram neste ano de 2009 , com um custo de 7,5 milhões de euros , mas que permite vê-lo hoje em toda a sua beleza arquitectónica.Embora a base do mosteiro esteja a uma cota muito inferior à do rio, uma grande ensecadeira e um sistema de bombagem para retirar a água que se acumule por escorrência , é possível visitá-lo na totalidade, bem como a um moderno centro de interpretação deste legado histórico onde se expõem artefactos de há três séculos, encontrados durante os trabalhos de recuperação. Nas paredes exteriores ( fotografias acima) é visível a marca do nível das águas antes dessa recuperação.As fotos que se seguem mostram o segundo piso que foi construído, em 1333 ,por cima das colunas primitivas e que era suposto solucionarem o problema das cheias.A fotografia acima ,de Pascale Van Landuyt, mostra que parte do referido 2º piso abateu com o andar dos séculos.Em 1954 , o aspecto de Santa Clara -a-Velha era como está documentado pela objectiva de Mário Novais.Actualmente está como se segue podendo-se verificar a diferença.O antigo túmulo da Raínha Santa , foi obra de mestre Pero ,executada em meados do século XIV .No coro baixo da Igreja de Santa Clara -a- Nova, está o velho túmulo, bem como os retábulos maneiristas do antigo convento se encontram nas paredes laterais da nova igreja. Quanto ao corpo incorrupto da Raínha Santa foi transladado , em 3 de Julho de 1696, para um túmulo de prata colocado sobre o altar mor, por vontade do povo da cidade de Coimbra que o custeou na íntegra e elegeu esta Santa como padroeira da cidade.

A foto acima é do túmulo primitivo da Raínha Santa .Feito em estilo gótico,é da autoria de mestre Pero . Uma visita a todo o conjunto, incluíndo a parte museológica, demora cerca de 1 hora e meia , de terça feira a domingo no horário seguinte :Maio a Setembro das 10,00 h às 19.00 h ; Outubro a Abril 10h00 às 17h00 . Entrada gratuíta aos Domingos e feriados até às 14h00.Facilidade de estacionamento automóvel.

1 comentário:

Anónimo disse...

Coisas lindas da nossa terra, e que o meu amigo, como sempre, muito bem descreve !

Parabéns do seu amigo
Mário Bettencourt Faria

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