Mais além, outro piso de vidro permite observar restos de muros anteriores ao terramoto de 1755 que foram postos a descoberto pelas escavações arqueológicas patrocinadas pelo BCP. Descendo para as caves , podem observar-se as bases rectangulares de pedra e argila das casas fenícias , com o local onde acendiam o fogo para cozinhar limitado por seixos rolados . Ao lado destas casas surgem vestígios romanos , numa mistura de solos e épocas causada pelos cataclismos e reconstruções já referidos. Estes vestígios romanos são cetárias ,isto é, tanques de salga de peixe que foram construídos sobre as estruturas fenícias , mais antigas. Noutra sala alinham-se cinco tanques de salga e onde se observam vasos romanos que serviam para preparar iguarias à base de peixe moído, marisco, sal e ervas aromáticas. A zona de salga deveria ser muito grande pois se estende até à actual Rua Augusta . Como se tudo isto não fosse já um riquíssimo espólio arqueológico, podemos ainda observar um conjunto de três piscinas romanas para os banhos quentes,frios e tépidos.As piscinas dão para um átrio central onde é visível um grande mosaico de figuras geométricas, possivelmente do sec.III da nossa era. Por cima deste mosaico assentam silos árabes e um forno de ferro do período reconstrução pombalina, esta amálgama resultante das sucessivas reconstruções. Deixando as caves do BCP , podemos encontrar mais cetárias romanas na Casa Napoleão ( nº 70 da rua dos Fanqueiros) e na célebre Casa dos Bicos Nesta última podemos ainda ver partes da muralha mourisca da cidade e um pavimento árabe de tijoleira em espinha. Também na rua da Prata , com entrada por um alçapão entre os carris do carro eléctrico, se pode visitar, uma vez por ano,devido ás dificuldades de acesso, galerias do período romano e cuja função é ainda hoje discutida pelos especialistas . Deste último caso mostramos as fotos seguintes.
Esta curta resenha mostra-nos uma Lisboa ainda desconhecida para a maioria dos Lisboetas e de certeza haverá muito mais a desvendar noutros pontos da cidade de Ulisses.
1 comentário:
Gostei muito da sua descrição sobre os alicerces desta Lisboa tão estranha, e tão frágil...
Mas o que é certo, é que lá se vai aguentando, desde que não venha outro 1755...
Mário
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