20.1.08

OS TIGRES COM DENTES DE SABRE

Com a ajuda de cientistas e da informática , temos hoje uma imagem deste animal que viveu na Península Ibérica há um milhão de anos. Armado de enormes dentes caninos que saíam da mandíbula superior como punhais curvos, matava as presas em poucos segundos, ao cravà-los no pescoço das vítimas. Este animal, denominado cientificamente como Homotherium, deriva de uma espécie que surgiu em Àfrica e se espalhou pela Eurásia e América do Norte. Tratava-se de um felino semelhante ao leão actual, mas melhor preparado para uma corrida de fundo afim de alcançar a presa e a derrubar com as patas, antes de lhe cravar os dentes .Em ossos fossilizados de diversos animais,incluindo hominídeos (antecessores do Homem), foram encontradas marcas dos enormes caninos.
O paleontólogo Maurício Antón e o grafista José Penas do Museu de Ciências Naturais de Madrid conseguiram recrear, através do computador, o aspecto e a movimentação do Homotherium e sobretudo, os movimentos da mandíbula e de outros elementos da cabeça chegando ao pormenor da musculatura do maxilar e do resto do corpo. O aspecto do animal lembra mais o da hiena, que o do tigre ou do leão, pois as patas anteriores são mais compridas que as posteriores. Estudos recentes indicam que embora não fosse um felino veloz,conseguia aguentar uma corrida prolongada,com uma estratégia de caça idêntica á dos lobos que perseguem a presa em grupo,até esta ficar esgotada para depois a derrubar.
A forma como os tigres dentes-de-sabre matavam as presas é assim descrita: " Utilizavam os caninos aguçados, que podiam sobressair mais de dez centímetros da gengiva, para os cravar no pescoço da vítima e matá-la em poucos segundos .Estamos perante um tipo de dentada muito especializada e eficaz,pois o tigre conseguia que a presa ficasse inanimada quase instantaneamente ao cortar ,com a precisão de um bisturi, os vasos sanguíneos e a traqueia. Os actuais felinos também asfixiam as presas,mas o processo pode demorar vários minutos. Mal o Homotherium consguia derrubar a presa e colocar-se sobre ela,imobilizava-lhe a garganta com as fauces.Nesse momento a mandíbula tinha uma abertura de 90 a 100 graus e os músculos masséter e temporal estavam no ponto óptimo para propiciar uma forte dentada.No mesmo instante,entravam em acção os músculos do pescoço,que esticavam a cabeça para baixo efaziam os caninos entrar com força" explica-nos Manuel Salesa .Esta forma especializada de morder ,por outro lado, limitava o leque de presas pois não podiam cravar os dentes em qualquer animal pois corria o risco de partir os dentes ao embater num osso.Assim só caçavam presas grandes como veados,búfalos cavalos e crias de mamutes.Durante as eras glaciares as mudanças climáticas modificaram a vegetação e a fauna o que poderá ter deixado os tigres sem as suas presas preferidas . Talvez também o aparecimento do homem primitivo(Homo heidelbergensis ) na Eurásia tenha encurralado o animal em zonas sem alimento e contribuído para extinguir a espécie .

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