MOSQUITOS em ataque
Paludismo e Dengue são doenças responsáveis por milhares de mortes que têm, como ponto comum, o facto de serem transmitidas pelos mosquitos que acabaram de reconquistar definitivamente antigos territórios,resistindo aos insecticidas criados pelo Homem. A ofensiva é planetária e em breve o mosquito será considrado o inimigo público nº1. Tomemos como exemplo o Aedes albopactus mosquito muito activo ao amanhecer e ao crepúsculo que é veículo patogénico do Dengue e da febre do Nilo. Embora ameaçado nas cidades sobrevive muito bem no meio rural . Durante as suas dez semanas de vida não se desloca a grandes distâncias, já que voa pouco e, no entanto, já se instalou nas cidades e nos cinco continentes. A maneira de o evitar é acabar com acumulações de água nos jardins e nas varandas das casas,sabendo-se que os seus ovos resistem ao inverno.
O Dengue por ele transmitido ao homem é um virus que provoca febres altas,dores de cabeça,vómitos, dores musculares e articulares e, por vezes, hemorragias na conjuntiva ocular ou sangramento nasal. Em 1% dos casos ocorre uma hemorragia muito grave, como a gastrointestinal ou a cerebral, que levam á morte. Para o Dengue não existe vacina ou tratamento, daí os milhares de infectados por ano .
Mais comum entre nós o Anophele gambiae que transmite o paludismo,reproduz-se em charcos, nos carreiros das estradas de terra encharcadas de água e até em pneus abandonados que tenham água da chuva ou orvalho. São as fêmeas que picam o ser humano, com um máximo de agessividade á noite. O parasita transmitido pela picada do mosquito provoca febre intensa e cíclica,com dores musculares,distúrbios intestinais e enfraquecimento. Por sua vez a espécie de mosquito designada por Culex vishnui é transmissora da encefalia japonesa .Vivendo na Ásia e picando ao anoitecer, está activo de Junho a Setembro, reproduzindo-se nos arrozais,pântanos ,canais e águas estagnadas,tendo uma grande preferência pelos aviários e suiniculturas com pouca higiene . A encefalia japonesa manifesta-se por febre alta, dores de cabeça, alterações de equilíbrio, movimentos involuntários e coma em muitos casos. Existe vacina mas não tratamento. Como seria fastidioso descrever outras espécies de mosquito e as doenças que transmitem ,preferimos abordar a maneira como eles se infectam. Quando um mosquito nasce é , na maioria dos casos, isento de qualquer virus patogénico,já que a fêmea não transmite aos ovos qualquer virose que possua.
Os mosquitos alimentam-se de líquidos vegetais açucarados do tipo néctar, mas as fêmeas têm necessidade,para o desenvolvimento dos seus ovos, de aceder ás proteínas presentes no sangue dos vertebrados.
Graças aos seus receptores químicos e térmicos,escolhem uma presa de sangue quente e poisam numa zona da epiderme bem irrigada por vasos sanguíneos e aí recolhendo alguns mililitros de sangue. Todos os virus patogénicos existentes no sangue do animal picado, passam agora para o corpo do mosquito, multiplicando-se nele e alojando-se nas glândulas salivares .Este processo infeccioso dura uma a duas semanas e assim o mosquito que tinha nascido isento de doença ,torna-se portador dela. Pode acontecer que este mosquito fêmea infectado ,ao procurar mais sangue para os seus ovos, pique o Homem infectando-o com a sua saliva ,que funciona como anticoagulante.
Felizmente ,nem todos os virus infectam os mosquitos,devido ao seu sistema imunitário e será por isso que ainda não foi encontrado o virus HIV nestes insectos . Um problema que o Homem não pode esquecer é a capacidade de adaptação dos mosquitos aos insecticidas , o aparecimento de gerações cada vez mais resistentes e que se espalham por todo o mundo muito rápidamente viajando em barcos e aviões. O combate tem de ser feito em várias frentes e há quem pense nas andorinhas e outras aves que deles se alimentam, ou na esterilização radiológica de machos que fecundem as fêmeas dos mosquitos com ovos não activos, isto para além da higienização de pecuárias e vacinação de pesoas e animais . O ideal será atacar os locais de postura e evitar águas estagnadas.
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