Um eléctrico é uma viatura de transporte de passageiros ,movida a electricidade ,que se desloca sobre carris de ferro que em geral estão embutidos nas ruas mais antigas das cidades,constituindo um meio de transporte rápido, já que geralmente tem prioridade sobre o restante trânsito. Os eléctricos foram utilizados por toda a Europa, e também pela América,já no século XX. Actualmente o transporte urbano sobre trilhos (VLT -veículo leve sobre trilhos),uma evolução do eléctrico clássico, encontra-se em expansão em várias cidades de todo o mundo e conhecido como Metro de superfície. Os eléctricos e os VLT têm grandes vantagens em relação aos autocarros, entre as quais se destacam uma menor poluição sonora e do ar e a prioridade no trânsito. Na sua primeira versão, este meio de transporte era movido por cavalos e teve origem nos Estados Unidos, daí o nome de americanos, como por vezes são conhecidos. Em 1832 faziam o percurso Nova Iorque - Harlem e em 1834 em Nova Orleães. Inicialmente a linha férrea era saliente,acima do nível da estrada,transtornando a circulação pedestre e provocando acidentes.Em 1852 passou a usar-se carris embutidos no solo.
O primeiro "americano" na França iria surgir um ano depois,para a exposição mundial,com uma linha montada especificamente para demonstração ao longo de Cours de la Reine. Este meio de transporte propagou-se pela Europa ,embora dispendioso ,dado que os carros eram ainda puxados por tracção animal. Com a invenção do motor eléctrico, em 1881, este meio de transporte seria rapidamente adoptado assim que resolvidos os problemas de produção e transmissão da electricidade. O primeiro eléctrico movido a electricidade foi inaugurado em Berlim em 1881, depois de terem sido experimentadas várias formas de tracção como o vapor e o ar comprimido. A energia para o eléctrico era gerada por um dínamo e a corrente contínua distribuida por um cabo aéreo, tendo o retorno pelos carris.. Em 1884,Frankfurt inaugura a sua rede e nesta cidade alemã funciona hoje em dia o mais antigo sistema eléctrico do Mundo. O eléctrico foi-se desenvolvendo, principalmente ao longo do primeiro quartel do século XX. Na Europa surgiram veículos de dois andares e atrelados, mas nos EUA , a opção recaiu em carruagens mais compridas. Sendo um meio de transporte barato e fiável,deu uma ajuda ao desenvolvimento económico e ao crecimento dos subúrbios e um pouco por todo o Mundo as grandes cidades aderiram ao sistema. A Segunda Grande Guerra Mundial (1939-1945) levou ao fim do eléctrico em países como a Inglaterra e a França mas, por outro lado, proporcionou a reconstrução das linhas em países como Bélgica, Holanda, Luxemburgo ,Alemanha e Europa de Leste. Um período de menor fulgor deu-se na década de 60, já que nesta época os automóveis particulares assumiam-se como principal meio de transporte, mas o excesso de carros nas cidades acabou por levar ao seu renascimento, já que se constactou que os transportes públicos eram uma excelente arma contra a poluição, e o eléctrico foi beneficiado com isso. Surgiram composições mais rápidas e confortáveis, que representam variantes ao conceito original e se chegam a confundir como próprio metro de superfície.
Daremos agora um resumo do historial dos carros eléctricos das cidades de Porto,Coimbra,Braga ,Sintra e Lisboa, remetendo para os sites específicos destas edilidades um aprofundamento do tema.
PORTO ---Começou também com os americanos em 1872,numa linha que ia do Infante à Foz. A fotografia mostra o interior de um desses "americanos" preservado no museu do electrico nesta cidade.
Em 1878 ,noutra linha que ia da Boavista para a Foz,é introduzido um sistema misto vapor-mulas ,que funcionava da seguinte maneira: Da Boavista para a Foz os carros eram puxados por mulas pois o trajecto era descendente. No sentido contrário os americanos eram atrelados em comboio e uma máquina a vapor trazia-os de volta. A 12 de Setembro de 1895 tem início a tracção eléctrica com a linha Carmo-Arrábida, mas só 5 anos depois um eléctrico chega a Gaia, passando pelo tabuleiro superior da ponte D.Luiz I .Em 28 de Fevereiro de 1928, a estação de recolha dos eléctricos na Boavista é devorada por um incêndio,ardendo 23 eléctricos,4 atrelados e 2 zorras que eram eléctricos de carga e obras de manutenção da via.Além dos eléctricos destruídos seis ficam danificados, gerando-se o caos nos transportes do Porto. Até 1946, o sistema de transporte colectivos era propriedade de uma Companhia privada passando nesse ano para alçada dos Serviços Municipalizados. Assim, dois anos depois, havia já 80 quilómetros de via e 191 carros eléctricos, tendo atingido o seu máximo em 1950. Como o trânsito de automóveis ligeiros crescia também, algumas linhas de éléctricos passam a troleicarros e em 1967 grande número deles são substituídos por autocarros. Os troleicarros teriam também o seu fim em 1997 . Esta cidade tem metro de superfície que por vezes corre no sub solo ,ocupando nalguns casos os antigos traçados dos comboios regionais.Encontra-se ainda em fase de crescimento nesta data. Como recordação dos velhos eléctricos há uma linha em fucionamento, desde o funicular dos Guindais na Batalha, até á zona da Torre dos Clérigos.
Esta fotografia encontrada no blogue "Garatujando" mostra que a Póvoa também teve "americanos" no final do século XIX. A liha ia até Vila do Conde.COIMBRA
O sistema de "americanos" começou em 1874 numa carreira que ligava a rua Ferreira Borges á estação de comboios da linha do norte ,conhecida como Estação Velha.Este serviço encerrou em 1887 porque,dois anos antes,tinha sido construído o ramal ferroviário entre a Estação Velha e o centro da cidade com a Estação Nova. Em 1904 surge nova tentativa de "americanos" agora ligando a baixa da cidade á Universidade,mas este serviço foi obrigado a encerrar em 1911 dado o traçado da via ser muito inclinado para as mulas , sendo então aplicada a tracção eléctrica. A imagem acima mostra um dos eléctricos que circularam pela cidade ,por vezes conhecidos por amarelos. Os troleicarros aparecem na década de 40 e foram substituindo alguns eléctricos desviados para novas carreiras. Na década de 60 várias carreiras são substituidas por troleicarros e autocarros. O fim dos eléctricos ocorreu em 1980.
A foto ao lado mostra a coexistência pacífica entre o eléctrico e o troleicarro na cidade de Coimbra. Esta fotografia foi tirada ao fundo da Av. Sá da Bandeira , em finais doa anos 70. Nos nossos dias continuam os estudos e algumas poucas obras para a instalação de um metro de superfície, aproveitando parte da linha ferroviária da Lousã. Coimbra é pioneira, tal como com os troleicarros, num novo tipo de transporte movido a electricidade. São mini autocarros ,movidos a electricidade acumulada em baterias, e semelhantes ao da fotografia. Circulam na zona histórica da cidade e vão até á zona alta, percorrendo ruas estreitas. Além de não ser poluente é silencioso e não necessita de uma rêde aérea para obter a energia eléctrica o que lhe dá grande autonomia de trajecto.
BRAGA Nesta cidade os eléctricos têm início em 1914 e coexistem com os troleicarros que foram introduzidos em 1962, tendo estes tido sempre problemas operativos, terminando a sua actividade em 1978,juntamente com os electricos e substituidos por autocarros.
SINTRA Depois de muito tempo desactivada , encontra-se de novo em funcionamento a linha Sintra-Praia das Maçãs. O trajecto demora 45 minutos por uma linha independente da estrada.Utilizando os modelos mais antigos de carros eléctricos é uma atra cção turística, daí termos optado por colocar a foto ao lado,com a devida vénia para o autor da mesmaJulgamos tratar-se do único eléctrico aberto em funcionamento regular.
LISBOA A rede começou em finais do sec XIX com os " americanos" pertencentes a várias companhias. Depois de vários incidentes e polémicas começou a ser substituída por carros eléctricos. O período inicial decorre decorre de 1901 a 1920, sendo que a primeira linha era entre o Cais do Sodre e Ribamar para, em 1905 ,já estarem electrificadas todas as linhas de americanos, alargando-se a rede até 1920. A grande expansão ocorre de 1957 a 1974 com eléctricos de vários modelos e origens ,desde os simples aos articulados. (ver figura ao lado)O declinio inicia-se em em1990 sendo a pouco e pouco, substituídos por autocarros e pelo metropolitano de subsolo ,este em constante aumento. Muitos dos antigos eléctricos de Lisboa circulam ainda hoje em locais tão distantes como a Argentina, em Detroit nos Estados Unidos da América, no Canadá ,no Japão e ainda em Corunha , na visinha Espanha. .Os poucos eléctricos que circulam em Lisboa são praticamente turísticos e ainda duas linhas dos chamados eléctricos rápidos para Belém . Alguns elevadores,não verticais, podem ser considerados como variações dos eléctricos para zonas de grande declive. A maioria funciona com dois carros ligados por um cabo de aço que passa por uma grande roldana ,sendo que o carro que desce obriga o outro a subir. No início o carro que descia tinha como lastro um tanque com água e esse excesso de peso obrigava o outro, vazio de água, a subir. O que descia, ao chegar ao fundo esvaziava a água e o que tinha chegado ao cimo enchia, repetindo-se o processo Hoje a energia hidráulica foi substituída pela energia eléctrica.
Fora do território continental só existiram carros eléctricos na antiga cidade de Lourenço Marques , em Moçambique. As obras de montagem da linha iniciaram-se em 1903 e um ano depois estava a funcionar. A companhia que explorava o serviço era inglesa ,a Delagoa Bay. Não sabemos quando terminaram, mas são de 1920 as fotos que publicamos.
Em algumas cidades houve eléctricos ( ou deveremos chamar-lhe ascensores) movidos a vapor e o que a imagem seguinte documenta, esteve a funcionar na Madeira. Ia desde o Funchal até á pequena povoação do Monte, num trajecto sempre a direito e com grande inclinação, pela rua que é hoje ainda conhecida como "rua do comboio". A explosão de uma das locomotivas acabou de vez com este ascensor de que só resta a estação do Funchal ,já muito modificada, e uma ponte na povoação do Monte.
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