
Voltemos aos barcos e ao rioMondego; No tempo da ocupação romana os navios vindos do mar ainda chegariam a Coimbra, mas o progressivo assoreamento do rio foi reduzindo a navegação para montante exigindo barcos de menor porte: e fundo chato, as barcas serranas. Estas embarcações ficaram para sempre ligadas ao rio Mondego e ainda navegaram durante quase toda a segunda metade do século XX, fazendo o transporte de mercadorias do interior para a cidade e em sentido contrário usando a vela e também a força do barqueiro e da sua vara . As lavadeiras do rio. ali na zona da foz do Ceira, utilizavam estas barcas para levar a roupa que tinham recolhido nas freguesas de Coimbra e também para a trazer de volta já lavada e passada
Havia também outras barcas, um pouco mais pequenas , chamadas as barcas do sal, navegando perto da foz que levavam o sal das salina.s até às fábricas de conservas .. Muitos eram os portos importantes ao longo do Rio Mondego, para carregarem e descarregarem mercadoria dos quais destacamos o Porto da Raiva, como sendo o mais importante, e considerado um dos maiores do país, até meados do séc. XIX porto este que, diz a tradição, que a povoação da Raiva, estaca então situada na foz do Rio Alva., um dos afluentes do Mondego Aqui chegadas, as mercadorias eram descarregadas, e depois eram levadas em carros de bois para zonas do interior tais como os concelhos de Penacova, Arganil, Tábua, Mortágua, Santa Comba Dão e Oliveira do Hospital.
O progresso tudo mata e este primitivo meio de transporte acabou por desaparecer tal como aconteceu em outros rios por todo o lado..
As barcas que ainda resistem neste século XXI e mesmo assim apenas como cartaz turístico, são as do rio Douro.

O barco rabelo é uma embarcação portuguesa, típica deste rio que tradicionalmente transportava as pipas de Vinho do Alto Douro, onde as vinhas se localizam, até Vila Nova de Gaia - Porto, onde o vinho era armazenado e, posteriormente, comercializado. Sendo um barco de rio de montanha, o rabelo não tem quilha e é de fundo chato, com um comprimento entre os 19 e 23 metros e 4,5 metros de boca. Com uma vela quadrada, o rabelo era manejado normalmente por seis ou sete homens. Para governo, utiliza um remo longo à popa – a espadela. Quando necessário, os barcos eram puxados a partir das margens por homens ou por juntas de bois. Como atrás afirmámos o progresso mata tudo.Com a conclusão, em 1887, da linha de caminho-de-ferro do Douro e o desenvolvimento das comunicações rodoviárias durante o século XX, o tráfego fluvial assegurado pelos barcos rabelos entrou em declínio. Os barcos rabelos podem ainda hoje ser encontrados no Porto. Contudo são hoje, ao contrário de outros tempos, usados para o transporte de turistas com carácter lúdico e recreativo, sendo muito usados para atravessar o rio desde o Porto até Vila Nova de Gaia, local onde os turistas podem visitar algumas caves de vinho do Porto.
Também me vieram à memória as barcas do rio Minho que serviram no passado as populações raianas poia a navegação fluvial foi um meio de passar o rio, de margem para margem, e também sistema de comunicação secundário que complementava os caminhos terrestres, Muito numerosas no passado recente, as barcas transportavam desde lenha, erva , tojos e até uvas nos dias da vindima e logo vinho, gado e feirantes, sal e tecidos, também areia, madeira, pedras e lousas desde as pedreiras até ao local das construções.
Desde a nascente do rio Minho até à foz que as barcas serviram para passar de margem a margem sendo Santalha de Sisoi um dos primeiros lugares em que se empregava a barca para passar a corrente fluvial sem cobrar pelo serviço aos que precisavam passar, embora noutros locais o serviço fosse pago. As barcas tinham tamanho variável consoante fossem para o serviço particular do proprietário ou de serviço público.
Eram de tamanho considerável as barcas destinadas a tirar areia do rio, trabalho muito comum ainda no século XX. Com capacidade de transporte de um a dois metros cúbicos, eram uma embarcação de quatro metros de cumprimento por mais de dois de amplitude, pelo que precisavam da força de dois barqueiros com rema ou vara.. . Também aqui o progresso com as pontes e estradas fizeram desaparecer este meio de transporte.
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