4.3.11

VELA LATINA


Uma das coisas que desperta a atenção de quem estuda pela primeira vez os feitos marítimos dos Portugueses é a de que eles navegavam contra o vento seguindo a direcção desejada o que, para um leigo na matéria, se afigura impossível.
Tal é possível devido ao tipo de vela usado, de forma triangular, a chamada vela latina. Parece que este tipo de vela terá surgido cerca de 200 anos antes de Cristo, na região do Mediterrâneo, e chegado ao ocidente séculos depois, já na Idade Média.
Foi com este tipo de vela que os marinheiros portugueses deixaram de fazer navegação paralela á costa ( cabotagem) e se aventuram para o interior do oceano .
O uso de velas triangulares em mar aberto permitia navegar à bolina, ou seja, contra o vento, avançando em zig-zag. Esta trajectória podia ser empreendida por entre ventos contrários e mais rapidamente do que as embarcações que utilizavam as velas quadrangulares.
Depois das viagens de exploração na costa africana, seguiram-se trajectos mais longos, como é o caso das viagens para a Índia. Para tal surgiu a nau, que também usava a vela latina juntamente com as de pano redondo
Como funciona a vela latina é o que tentaremos explicar de forma resumida, sem recorrer a um esquema de forças físicas vectoriais.
Imaginemos uma piscina com um barco de borracha dentro. Se o barco estiver ligado a uma corda e uma criança o puxar do lado esquerdo da piscina, o barco vai para o lado esquerdo. Se no entanto o barco tiver outra corda puxada por por outra criança do lado direito o barco avança em frente se as duas forças forem iguais. Se houver uma pequena diferença de forças o barco avança em frente embora deslizando para o lado da força maior.
A vela triangular desenvolve uma série de efeitos ,relacionados à dinâmica dos fluidos. Ela permite navegar contra o vento, aproveitando a diferença de pressão do ar, que se forma entre sua "face externa" (aquela que se torna convexa pela pressão interna do vento) e sua "face interna" (aquela que se torna côncava), isto é ,surgem duas forças com direcções opostas sobre a vela e portanto sobre o mastro que a suporta, tal como no caso das forças das duas crianças ,uma de cada lado da piscina. A resultante destas duas forças, como já vimos, impele o barco para a frente, embora deslizando no sentido da força maior, mas este pequeno desvio pode ser compensado pelo leme da embarcação. O barco navega em frente ,contra o vento ,como em pequenos zig-zag compensados pelo leme traseiro ou pela quilha , nos barcos modenos. Ôvo de Colombo , não é?

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