11.11.10

CARAVAGGIO


O pintor Caravaggio nasceu numa pequena aldeia de Itália e ,na pia baptismal, recebe o nome ilustre de Michelangelo, da família Merisi, residente na paróquia de San Giorgio, junto ao Paço Bianco di Caravaggio, cujo nome depois adoptou. Aos 12 anos, começa a trabalhar na oficina de Simone Peterzano, um modesto pintor que se intitulava "discípulo de Ticiano". Não fica aqui muito tempo e por volta dos 15 anos, foge para Roma, onde anda de oficina em oficina, trocando assim de mestre. As suas primeiras obras religiosas causam escândalo por se afastarem do tradicional, dividindo o público entre admiradores e inimigos. Considerado arruaceiro , estave sempre envolvido em duelos e discussões. "Não sou um pintor valentão, como me chamam, mas sim um pintor valente, isto é, que sabe pintar bem e imitar bem as coisas naturais", disse Caravaggio perante o tribunal que julgava a sua primeira acusação de perturbar a ordem pública. Eram palavras foram sacrílegas na Roma de seu tempo, pois com elas Caravaggio denegria as estátuas clássicas e declarava nada ter a aprender com elas. Não lhe interessava mais a Roma antiga que o Renascimento tentou ressuscitar com o mito do homem heróico. Preferia a humanidade vulgar das feiras e tavernas do tempo em que vivia ,com os vendedores de frutas, músicos ambulantes, ciganos e prostitutas.Eram estes os seus modelos para os quadros, Sem um mecenas chegou a vender pinturas nas ruas, até que passou a trabalhar para o cardeal Del Monte, patrono da "Academia de São Lucas". Habitando o palácio do cardeal e com uma pensão regular, Caravaggio realiza então uma série de importantes quadros de temática religiosa. Uma das características mais importantes de suas pinturas é, como já dissemos, retratar o aspecto mundano dos eventos bíblicos usando como modêlos o povo comum das ruas de Roma. Outra característica marcante são os efeitos de iluminação criados pelo jogo de luzes e sombras, que causam um impacto realista . Usava geralmente um fundo escuro e agrupava a cena em primeiro plano com focos de luz sobre os detalhes, ressaltando principalmente os rostos.

Com uma vida boémia e afundado em dívidas, começa a decadência. Recusa a oferta do príncipe Doria Pamphili para decorar uma parte de seu palácio e insiste em pintar "quadros verdadeiros", certo de encontrar compradores. A sua situação piora em 1606, quando mata o nobre Tommasoni .Foge para Nápoles e depois ruma à ilha de Malta, onde recebe a comenda Cruz de Malta. Devido ao seu feitio brigão tem problemas com um nobre maltês e é preso. Ajudado por amigos, foge para a Sicília. Muda de cidade seguidamente: de Siracusa a Messina, daí a Palermo, retornando a Nápoles, no Outono de 1609. O seu esconderijo é descoberto e, perto de uma taberna, ferem-no à espada. Recolhido e medicado, tenta voltar a Roma por via marítima. Todavia, não totalmente recuperado, vertendo sangue e minado pela malária, Caravaggio morre numa praia deserta próxima de Roma, aos 39 anos.
Dias depois, junto com a barca onde tinha abandonado seus haveres, chega a Roma apenas uma notícia lutuosa:"Tem-se notícia do falecimento de Michelangelo Caravaggio, pintor famoso como colorista e retratista baseado na natureza..."Alheio a qualquer maneirismo, mas sensível à interpretação poética e transfiguradora do mundo real, Michelangelo Merisi da Caravaggio foi um artista despojado numa época marcada pelo excesso ornamental barroco. Contra a corrente saudosista de seu tempo, criou uma arte arraigadamente humana, realista e original. Seu critério quase "funcional" de pintura, à moderna, teve o condão de enfurecer muitos donos da cultura e árbitros do gosto da época. A esses, Caravaggio sempre deu de ombros: pintava para todos os séculos, não para o seu. Abaixo seguem fotos de quadros onde o primeiro representa S.Tomé a observar Cristo ressuscitado.




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