A história começa muitos anos antes quando, em 1921,Donald Douglas e seu pai iniciam a Sociedade Douglas para a construção de aeronaves para o transporte de correio e de um ou dois passageiros, nos EUA. No entanto, em 31 de Março de 1931 morre, num acidente de avião, Knute Rockne um famoso treinador de futebol americano. O avião acidentado foi um Fokker trimotor cuja estrutura era em madeira, facto muito vulgar na época, sendo o desastre devido a uma falha da estrutura. A reacção do público foi tal que a Aeronáutica Civil proibiu que os aviões de passageiros tivessem estruturas em madeira ,obrigando a que fossem em metal. Por este motivo, em 1932, a TWA convida cinco empresas construtoras a apresentar projectos para um monoplano todo em metal. A Douglas concorre com o seu DC1 (de que foi construído apenas um só aparelho) que passou brilhantemente nos testes. (ver foto abaixo)
O êxito leva a Douglas a construir vinte DC 2 para a TWA .Os DC 2 tinham motores mais potentes e levavam 14 passageiros, em oposição ao modelo apresentado pela Boeing que só transportava 10. A popularidade foi tal que a Douglas planeou logo um avião maior, o DC-3. O primeiro DC-3 começou a voar em Dezembro de 1935, resultado da evolução do DC-1 e dos DC-2. Possuía dois motores Pratt & Whitney de 1.200 HP cada. Com um peso bruto de 12.200 kg podia levar até 32 passageiros. Até terminar a sua produção, tinham sido construídas 803 unidades comerciais e 10.123 militares, não se sabendo ao certo quantos ainda estarão hoje a voar. Calcula-se que serão uns 200 em todo o mundo, voando ou aptos a voar, quase todos em mãos de particulares .O avião era fabricado pela McDonald Douglas, em Santa Mónica, na Califórnia, e ainda na cidade de Oklahoma. Originalmente o DC-3 foi concebido como um luxuoso avião comercial que oferecia camas para seus passageiros. O DC-2 que lhe antecedeu não era largo o suficiente para comportar tais beliches. Seriam sete camas superiores e sete camas inferiores, com uma cabine privada à frente. A empresa American Airlines encomendou os seus DC-3 com esta configuração porém, mais tarde, removeu os beliches e instalou três fileiras de sete assentos ( 21 passageiros). (abaixo foto de DC3 )
O sucesso foi imediato e o DC-3 entrou em serviço em Junho de 1936, fazendo a carreira New York - Chicago. A qualidade do DC3 era tal que outras companhias aéreas os encomendavam a uma tal cadência que a fábrica não podia satisfazer os pedidos. Por volta de 1938, o avião não era apenas o equipamento principal das maiores empresas aéreas dos Estados Unidos, como também já era operado por dezenas de países estrangeiros. Com a entrada dos USA na 2ª guerra mundial (1939-1945) são construídos aos milhares para as forças armadas.A popularidade do DC-3 era baseada em muitos factores: era maior, mais rápido e mais luxuoso que os aviões anteriores. Era também mais económico de operar e batia recordes de segurança. Neste aspecto vejamos alguns exemplos concretos:
-Era um avião que, com os motores parados, conseguia planar-
Um DC-3 da Capital Airlines perdeu quase dois metros da asa direita numa colisão aérea e continuou a voar sem maiores problemas.-
Durante a II Guerra Mundial, outro teve sua asa direita inteiramente destruída por um ataque, enquanto no solo. Adaptou-se ao mesmo uma asa de DC-2, que era 3,30m menor que a original. O avião voou esplendidamente e os autores da façanha baptizaram-no de DC-2 ½.-
Na mesma II Guerra, foi oficialmente creditado ao DC-3 ter abatido um caça inimigo, já que este colidira com o leme direccional do DC-3. O caça Zero japonês caiu e o DC-3 pousou com segurança. Após rápida reparação, voltou a voar.
Talvez nenhum avião tenha sido tão excedido nos seus limites e sempre se tenha saído tão bem e esta afirmação é baseada nos factos que a seguir relatamos:Durante a guerra, cruzava o Atlântico regularmente com sobrecarga de 1 a 2 toneladas. A capacidade original de 21 passageiros foi excedida muitas vezes como, por exemplo, durante a evacuação de Burma, em que um DC-3 descolou com 74 passageiros.
Outra façanha incrível documentada aconteceu em 21 de Abril de 1957, quando o resistente avião perdeu 4 metros de sua asa esquerda ao bater de raspão em árvores, devido a uma tempestade. O avião pousou com segurança no aeroporto de Phoenix, no Arizona.
Talvez a principal razão do DC-3 estar ainda hoje a voar é o facto de que nunca se ter desenhado um avião tão bom e tão adequado ao objectivo para o qual foi construído. Não se sabe ainda quando o DC-3 deixará os céus em definitivo: no fim dos anos 50 acreditava-se que ele só voaria por mais 5 anos, entretanto a previsão foi ultrapassada várias vezes e assim continua. Por isso, a única coisa que se sabe é que se o DC-3 um dia desaparecer dos céus, será saudosamente lembrado pelos milhões de admiradores que esta máquina conquistou em todo o mundo. A transportadora portuguesa TAP adquiriu em 1945 os seus dois primeiros aviões DC 3 Dakota de 21 lugares tendo esta frota atingido 8 unidades. O ultimo destes aviões é retirado de serviço no ano de 1959.( a foto abaixo mostra o último DC3 da TAP como peça de museu)
Para os amantes de aeronautica aqui deixo bibliografia sobre o DC3
Flintham, V. (1990) Guerras e avião do ar: Um registro detalhado do combate de ar, 1945 ao presente.
Francillon, René J. Avião de Mcdonnell Douglas desde 1920. Londres: Putnam & Company Ltd., 1979.
Pearcy Jnr., Arthur ARAeS. De “variants Douglas R4D (DC-3/C-47 da marinha dos E.U.)”. Avião no perfil, volume 14. Windsor, Berkshire, Reino Unido: Publicações Ltd. do perfil, 1974, P.
Yenne, conta. Mcdonnell Douglas: Um Tale de dois gigantes. Greenwich, Connecticut, EUA: Bisonte Livro, 1985.
1 comentário:
Revendo as fotos do Douglas DC-3, o qual tive o privilegio de voar atraves da Varig no RG,veio-me a saudosa lembrança deste avião, que definitivamente marcou um espaço indelevel na historia da aviação.
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