14.7.09

A GUERRA DAS CORRENTES ELECTRICAS

Foi em meados do século XIX que na América se teve a ideia de utilizar a electricidade para substituir a energia do vapor nas fábricas e o gás na iluminação das casas. Em breve surgiria também a dúvida se usar a corrente contínua de Edison ou a corrente alternada de Tesla.

Podemos dizer que a história da electricidade começa muito antes quando, em 1570 , William Gilbert demonstra a existência de forças atractivas e repulsivas do magnetismo e sugere que a Terra é um enorme íman. Stephen Gray, em 1729, consegue transmitir cargas eléctricas através de um condutor e em 1800 , Alexandre Volta inventa a pilha , a primeira fonte de corrente contínua funcional. O dínamo é inventado por Thomas Alva Edison em 1882, pondo em funcionamento a primeira central de distribuição de corrente contínua de Nova York para iluminação das habitações.A ideia de Edison foi bem acolhida pelos norte americanos já que o cientista gozava de certa popularidade devido aos seus anteriores inventos mas em breve começaram a surgir problemas: a energia fluía num só sentido e os cabos muitas vezes derretiam com a passagem da corrente, bem como não era possível transportá-la a mais de 2 kms o que obrigava a montar geradores por toda a cidade. Outro inconveniente resultava do facto da corrente contínua não poder alterar a sua voltagem o que obrigava a montagem de linhas separadas para a iluminação e para a indústria.. Dado os factos apontados, o céu de Nova York parecia uma gigantesca teia de aranha tantos eram os cabos transportadores de energia mas pior que isso era a segurança das pessoas . Durante o ciclone de 1888 os cabos partiram e caíram nas ruas matando mais de 400 pessoas e ateando incêndios.

Entretanto chegara a Nova York um jovem sérvio de nome Nikola Tesla que tinha muitas ideias para melhorar o sistema eléctrico da cidade . Edison aceitou-o como técnico e ofereceu-lhe um prémio de 50.000 dólares se conseguisse melhorar o sistema. mas ,pouco tempo passado , começaram os conflitos pois Edison tinha apenas conhecimentos dados pela experimentação, enquanto Tesla possuía uma sólida formação em matemática, mecânica ,física e engenharia sendo capaz de resolver problemas técnicos sem recorrer ao método experimental , o que irritava Edison. Quando um ano após o seu trabalho Tesla afirmou ter a solução para o transporte da energia Edison não acreditou e até desdenhou da solução recusando o pagamento do prémio. O que Tesla tinha inventado era um sistema de corrente alternada que era transportada em alta voltagem e sem perdas a grandes distâncias e que ,por meio de transformadores ,podia diminuir a voltagem no destino, consoante as necessidades .Zangado com Edison, Tesla demitiu-se passando a trabalhar para Western Union Company que o apoiou economicamente na investigação e construção de um grande alternador. Começa então uma guerra entre os dois sistemas eléctricos que durou uma década e que opunha a General Electric (Edison) á Westinghouse Corporation onde trabalhava Tesla.

Com o intuito de manter o monopólio da distribuição , Edison inicia uma campanha de difamação da corrente alternada cobrindo a cidade de cartazes que advertiam para o perigo da corrente alterna, chegando ao cúmulo de electrocutar em público cavalos e porcos para provar a sua perigosidade. Esta guerra só terminou com a Exposição Universal de Chicago, em 1893, na qual participaram 19 países e contou com 27 milhões de visitantes. Os dois sistemas foram testados, tendo-se concluído que o sistema de Tesla para além de ficar por metade do preço, não necessitava de tantos cabos e conseguia alimentar cem mil lâmpadas incandescentes sem quebra de potência , o que não aconteceu com o de Edison que ao ligar o sistema fez baixar a intensidade luminosa da cidade. Perante tal resultado ,as pessoas passaram a aceitar a corrente alterna e a cidade de Búfalo foi a primeira a ser iluminada por corrente alterna que era produzida a 32 Kms numa central hidroeléctrica das cataratas do Niagara. A corrente contínua não desapareceu por completo das cidades de todo o mundo, onde ainda é usada em transportes colectivos e outras pequenas aplicações específicas , na maioria das vezes a partir da corrente alterna rectificada

2 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro Professor
É uma pena que ainda não haja uma forma de uma pessoa saber quando saem novos artigos nos imensos blogs, pois acontece que, por se andar "viajando" por outros sítios, se percam artigos que já foram publicados há muito tempo, e só, por acaso, nós damos por eles...
Hoje dei com esta maravilhosa crónica , de que, por motivos de ofício, eu já conhecia, mas escrito por si, é outra coisa, dados os imensos detalhes que descreve.
Gostei imenso dele e mais uma vez, os meus parabéns.
É destas matérias que toda a gente devia ler, até porque ela nos diz respeito a todos e cada dia mais, por estarmos todos ligados às correntes eléctricas.
Por favor, de futuro, envie-me um mail de aviso, para ct1dt@sapo.pt
para aqui o vir ler, de imediato.
Seu amigo
Mário de Portugal

Anónimo disse...

Olá

Adorei o artigo. Estou fazendo um trabalho sobre a Guerra das Correntes e adorei seu ponto de vista e modo como descreve o episódio histórico. Sou brasileira, e também não concordo com este novo acordo para mudar a ortografia. Acredito que apesar de a colonização de ambos os países terem partido do mesmo grupo, com o passar dos anos cada povo desenvolve suas próprias características culturais, que são únicas. E, muito depois, ter que se adaptar a uma novo forma de escrita é inadequado. Até parece que estamos na era dos primatas. Obrigada e Parabéns! Jessica

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