2.7.09

ESTILO GÓTICO

A passagem do estilo românico de catedrais sólidas e escuras do século VIII para o estilo gótico de linhas leves e de grande luminosidade, não está ainda bem explicada. Sabe-se que as ideias de arquitectura sólida e desprovida de ornamentos , defendida até então pelas ordens religiosas, foram contrariadas pela Ordem de Cister no início do século XII. Os cistercienses opinavam que as igrejas deveriam ser templos de luz , já que esta estava intimamente ligada com a divindade.O abade de Saints Denis aplicou esta teoria na construção da sua basílica, começando assim o estilo gótico que rapidamente se espalhou por toda a Europa. A casa de Deus, como já referimos, deveria ser o templo de luz e, para tal, era necessário aligeirar as paredes e abrir-lhes janelas com vitrais coloridos o que só era realizável com abóbadas de arcos cruzados, arcosbotantes e arcos em ogiva. Se no início, para este tipo de arquitectura , só os monges tinham os conhecimentos necessários, em breve apareceriam os mestres de obra e os operários especializados como pedreiros, ferreiros, carpinteiros, vidreiros e outros que ,agrupados em diferentes grémios , trabalhavam como uma só equipa . Mas este tema pode ser abordado por outro ângulo : o termo catedral vem do latim cathedra que quer dizer cadeira ou trono de quem ensina, tendo sido depois aplicado ás sedes episcopais ,no tempo de Carlos Magno. Com a morte deste imperador, o poder político fragmenta-se, passando do rei para a nobreza. Esta aumenta a sua força refugiando-se nos seus castelos em detrimento das cidades, não havendo neles espaço para construir catedrais. No sec XII, o crescimento espetacular da agricultura , ensinada pelas ordens de Cluny e Cister, criou excedentes e abriu portas ao comércio e ao renascimento de grandes cidades. Os bispos abandonam os castelos dos senhores feudais que os protegiam e regressam aos núcleos urbanos , onde as catedrais voltam a ter sentido. O financiamento para as novas catedrais pertencia aos bispados que, para além de fundos próprios, contava com o patrocínio dos monarcas , dos donativos dos peregrinos e dos grémios dos operários , no fundo toda a gente contribuía . Para além das funções religiosas, a catedral pretendia ser a casa de todos: as naves laterais serviriam de lugar de reunião, de sala de aula para os estudantes e de dormitório para os peregrinos . O interesse era tanto que as cidades rivalizavam entre si para construir a melhor catedral. .Também os incêndios, saques e guerras que tinham levado á destruição das velhas catedrais eram incentivo á construção de novas igrejas. Mal sabiam porém os operários dos séculos XII e XIII que construiram essas catedrais da Europa Central que, dois ou três séculos depois, a sua obra seria repudiada por uma nova sociedade e os grandes edifícios , pagos pela piedade da gente humilde, ficariam fechados, escuros e silenciosos, inúteis para a prática religiosa. Tal aconteceu com as reformas Luterana e Calvinista que se opunham ao catolicismo e ao culto e veneração de imagens, de relíquias , de procissões, isto é, a qualquer tipo de manifestação externa que impedisse uma religiosidade individual e íntima. Hoje esses templos , nos países de religião protestante , são usados como escolas ou mantidos como monumentos histórico-artísticos para turista visitar. O esquema das catedrais góticas pouco difere do das anteriores ,como se pode ver pela figura ao lado: mantém a forma de cruz com a nave (9), os transeptos (7) e o coro (4). A nave central era circundada por naves laterais (10) e na faixa horizontal dos transeptos encontrava-se o cruzeiro (6). O deambulatório (2) dava acesso ás capelas radiais (1) e servia para procissões interiores dos peregrinos .No fundo da nave situava-se a fachada da entrada ricamente cinzelada (11) Os alicerces destas catedrais tinham oito a nove metros de profundidade e eram constituídos por camadas de pedras ligadas por argamassa á base de areia ,cal e água.. Quanto aos andaimes eram simples pranchas o que constituía perigo de vida para os operários quando as paredes atingiam razoável altura. O telhado era colocado antes da construção das abóbadas e servia de apoio á rudimentar maquinaria de roldanas usada para içar a pedra para essas abóbadas. Com o telhado pronto , as pedras talhadas que formariam as nervuras dos arcos eram colocadas sobre cimbros de madeira e firmadas pelos pedreiros com argamassa. Entre os cimbros eram instaladas tábuas de madeira que serviam de cofragem ás pedras, durante o processo de secagem da argamassa. Quando esta estava seca aplicava-se nova camada de argamassa com 10 cm de espessura, e quando esta também estava seca eram retiradas as madeiras de cofragem e os cimbros (moldes curvos de madeira).
(construção dos alicerces e do telhado como se explicou no texto)
Os arcosbotantes (ver esquema acima) serviam de amparo ás altas e finas paredes da nave da catedral. Terminaremos este curto apontamento com a foto de uma gárgula, que mais não era que uma boca de escoamento de águas pluviais , e ainda a fotografia de uma fachada.

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