1.3.09

VIAGENS

Não sabemos se há nos cromossomas humanos algum gene que leve o homem a viajar já que, desde sempre, os nossos antepassados longínquos observavam tudo á sua volta e tentavam saber o que se passava para além do seu horizonte visual. Para tal , apesar dos perigos que corriam, esses homens primitivos iam-se deslocando com espírito aventureiro, prontos a vencer " os monstros fantásticos" das terras ainda para eles desconhecidas. Muito mais tarde, nas civilizações grega e egípcia, as grandes viagens tinham um carácter religioso, com grandes peregrinações anuais aos santuários. Nessas grandes exibições públicas, os deuses eram transportados num andor em forma de barca, recreando o meio de transporte mais usado na época, principalmente no rio Nilo. Também os Jogos Olímpicos da Grécia antiga auspiciavam as grandes viagens, num clima de paz específica para esses jogos. As razões económicas e o desejo de encontrar terras mais férteis ou comerciar com outros povos, levavam a viagens de longo curso e duração, organizadas e pagas colectivamente. Em 1982, foram encontrados ,nas costas da Turquia , restos de um navio fenício naufragado há mais de 3.400 anos e cuja carga consistia em cerâmicas gregas, jóias egípcias, dentes de elefantes e ovos de avestruz da África central, bem como valiosos lingotes de estanho da península Ibérica. Nas viagens por terra, os peritos foram os romanos que construíram estradas ligando Roma com os pontos mais distantes do Império e por elas marchavam as legiões,os comerciantes e os cobradores de impostos.. Os verdadeiros viajantes são, no entanto, aqueles que partem por partir, para ir ao fundo do desconhecido e encontrar coisas novas. Deste tipo de viajantes da antiguidade lembremos Marco Polo que permitiu ao ocidente conhecer o oriente longínquo. A sua publicação " Livro das maravilhas" é o relato da sua assombrosa viagem á China que, além de abrir a Europa medieval ao mundo, preparou os espíritos para os descobrimentos marítimos. Seguindo a "rota da seda" ( ver neste blog etiqueta História) Marco Polo esteve vinte anos ao serviço de Kublai Kan, o grande imperador mongol, tendo assim ficado com uma perspectiva completa dos usos e costumes, da forma de governo, dos produtos existentes e dos conhecimentos científicos daqueles povos, o que permitiu aos europeus ter uma nova visão do mundo.. A amizade entre o veneziano Marco Polo e o Grâ-Kan permitiu á Europa competir com os mercadores muçulmanos nos negócios com a Ásia. Ao regressar a Veneza por mar, Marco Polo visitou lugares remotos e desconhecidos como a Índia e a Pérsia. Não podemos esquecer que a China foi pioneira nas grandes explorações marítimas. Muito antes dos europeus se lançarem a explorar o mundo , a frota de juncos do almirante Zheng He sulcou o oceano Índico e chegou ao golfo Pérsico e á costa oriental de África. Viajando em grandes juncos, como o que vemos representado na figura,supõe-se terem chegado ás Américas antes de Colombo e Magalhães, facto pouco provável devido ao tipo de embarcação, mas que reforça a tese de que os chineses tivessem conhecimento dessas terras por anteriores viagens dos fenícios. (ver neste blog Os Templários na etiqueta Enigmas da Antiguidade). No final do século XX, aparecem as viagens de lazer, as denominadas viagens turísticas, por todo o mundo, muito incrementadas pela rapidez e conforto da aviação comercial. Possivelmente a maior viagem, a mais extraordinária realizada pelo Homem, terá sido a viagem á Lua, projecto político devido á guerra fria e ao salto tecnológico havidos nos Estados Unidos da América e na ex-União Soviética.( ver neste blog LUA nosso satélite natural, na etiqueta História) Actualmente o turismo orbital terrestre está a dar os primeiros passos e será o percursor,a longa distância no tempo, do turismo planetário, agora só em filmes de ficção. Ao que se sabe, há já cinco candidatos portugueses aos voos orbitais, pese embora o preço a pagar por essa viagem de curta duração, a realizar ainda este ano de 2009.

1 comentário:

Anónimo disse...

Meu caro Professor
O Sr. é sempre admirável nos temas que escolhe e na forma deliciosa como escreve !
Gostei imenso deste novo artigo!

Mário Portugal

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