18.6.08

A TERRA, esgotada e a morrer !

Nos dias de hoje, já não podemos escamotear uma verdade há tanto tempo ocultada; os recursos naturais estão a chegar ao fim e aquilo que uns consomem não pode ser consumido por outros. O petróleo esgota-se, os oceanos esvaziam-se de peixes, os solos empobrecem e o ar e água enchem-se de poluentes. Um sentimento de angústia instalou-se neste início do terceiro milénio, com países muito populosos ( India e China) a disputar, com legítima ambição, os recursos naturais que ainda restam. Deixar a Terra e ir colonizar Marte é ainda uma utopia. À humanidade não resta outra escolha senão viver num mundo esgotado. É verdade que a ciência e a indústria podem dar uma ajuda, mas não são capazes de repor os recursos aos níveis de há um século . È PRECISO AGIR RAPIDAMENTE!
Duplicar a produção agrícola nos terrenos empobrecidos e com falta de água é um problema a resolver até 2050. Não nos podemos esquecer que a população aumenta em 80 milhões de indivíduos, por ano ,e que em 2050 devem existir 9 biliões de seres humanos. Há optimistas a afirmar que, há cinquenta anos, a população tinha crescido para 3 biliões e que a agricultura respondeu favorávelmente a esse crescimento. A FAO desaconselha este optimismo, dados os preços dos fertilizantes necessários e o aumento de resistência aos insecticidas por parte das pragas cerealíferas. Não esqueçamos que, entre 2005 e 2008, o preço do trigo quadruplicou e o de milho e arroz triplicou. Para este problema , alguns especialistas apontam as seguintes soluções : fazer rotatividade de cultivo, reciclando os resíduos sobrantes para criar ecossistemas superprodutivos, recorrendo menos aos adubos químicos ; irrigar menos, mas melhor, recorrendo ao processo gota-a-gota ; apostar em sub-espécies mais produtivas e mais resistentes aos parasitas e poluição, não sendo de excluir espécies geneticamente modificadas para alcançar tais finalidades ; eliminar o lavrar do terreno, colocando mecanicamente as sementes em pequenos orifícios. Se o lavrar da terra tem a vantagem de arejar o terreno e destruir as ervas daninhas, tem como inconvenientes pôr o solo a nú, aumentando a erosão,com o húmus a desaparecer a cada chuvada, bem como a destruição da microfauna que produz o carbono necessário ás plantas; cultivar leguminosas para enriquecer o solo de azoto, reduzindo-se o uso de nitratos químicos .
Deixando a agricultura e passando á indústria onde o problema é mais grave, o lema será produzir com menos. Dado o alto preço da energia e das matérias primas, somado à falta de petróleo (espera-se que em 2030 a produção seja 5 vezes menor que a actual) ,a indústria tem que ser repensada e são apresentadas as seguintes sugestões:1- aplicação de novos materiais,de preferência recicláveis, nos objectos fabricados. 2-Reservar o petróleo para usos nobres como o fabrico de adubos, plásticos, solventes, nylon, resinas e lubrificantes, podendo os transportes usar outras formas de energia com motores híbridos, eléctricos,a ar comprimido, gás natural, hidrogénio ou óleos alimentares já usados.3-Alugar em vez de vender ,como faz a Rank Xerox que, desde 1980, aluga equipamentos e os melhora constantemente, evitando que os compradores os deitem nas lixeiras ,por ultrapassados. 4- Colocar bicicletas gratuítas nos centros urbanos, evitando o uso de carros em percursos relativamente pequenos, experiência já realizada em Aveiro. 5- Partilha do veículo particular em percursos comuns e fomentar o uso de transportes colectivos baratos ,rápidos e frequentes. 6-Reciclar o mais possível .





E o que fazer com o lixo produzido ? Estima-se que, a nível mundial, sejam quatro biliões de toneladas / ano. A solução não é fácil, pois as lixeiras estão a transbordar, a incineração polui, e a reciclegem é parcial, havendo produtos que pela sua perigosidade têm de ser armazenados e selados e sob vigilância constante. Alguns países optaram pela queima dos lixos urbanos embora saibam que as dioxinas que ela liberta passam para os solos e animais ,entrando na cadeia alimentar humana, sendo um potencial risco cancerígeno. A única vantagem de incinerar seria a produção de energia eléctrica, embora com rendimento aleatório, dada a variedade de produtos a queimar. Uma alternativa é a termólise, isto é, não chegar a queimar, aquecendo os detritos entre 350 e 750 º C, na ausência de oxigénio. Este processo permite que a matéria orgânica se decomponha em gases e matéria sólida. Os gases resultantes, metano e hidrogénio, seriam usados para secar os resíduos sólidos e aquecer as paredes do forno . Os produtos sólidos resultantes são estáveis ,tais como vidro, metais, sais e cinzas. Como o carbono se combinaria com o cloro, não se formariam dioxinas. Por sua vez as cinzas seriam transformadas em coque que é um combustível caseiro. Uma tonelada de detritos dariam 240 Kg de coque. Também a prática de compostar os detritos orgânicos ( restos de comida, vegetais, papeis, e lamas das ETAR ), por acção da fermentação, leva á formação de adubos naturais usados na agricultura. De qualquer forma,uma reciclagem levada ao extremo, tem de ser posta em marcha com a colaboração de todos, evitando-se o excesso de lixo. São recicláveis os seguintes produtos : papel, papelão, tecidos, embalagens, garrafas de vidro ,latas de alumínio , fios metálicos, metais, plásticos( PEAD-PEBD- PVC ), parafusos, pregos, pneus, tintas, tinteiros, óleos usados ,restos da construção civil e restos de alimentos. Não são recicláveis ou só o podem ser por algumas empresas :lâmpadas fluorescentes e de baixo consumo, pilhas eléctricas, electrodomésticos, baterias ,espelhos, cristal , papel químico e metalizado, esferovite e plastificados. Como no nosso país não há um local próprio para recolha de lâmpadas fluorescentes e de baixo consumo, podem as mesmas ser colocadas nos " pilhómetros",dado conterem mercúrio. Esta reciclagem, com separação de materiais, deve ser iniciada em casa de cada cidadão, evitando-se um posterior consumo de energia para o fazer industrialmente. Passando agora para o ar e água teremos outro grave problema com o seu lento envenenamento, provocado pela indústria e agricultura em larga escala.O referido problema é agudizado pela destruição sistemática das florestas tropicais em África e na Amazónia, que são o grande repositório do oxigénio da atmosfera. Para se ter uma ideia da contaminação das águas , já se chegou ao extremo de usar águas dos esgotos para se ter água potável .Isto acontece em Singapura ,usando-se um complicado sistema de membranas osmóticas, obtendo-se no final água isenta de sais minerais, microrganismos, metais pesados, etc, mas ao preço de 1 € o metro cúbico , um pouco mais barato que dessalinizar água do mar.Estão a ser produzidos 100.000 metros cúbicos de água, diariamente, mas que equivalem apenas a 15% das necessidades. Em Vanves, arredores de Paris, está a ser aplicado em passeios e ruas, um betão contendo dióxido de titânio, esperando-se que, por acção dos ultra-violetas da luz solar, este fotocatalizador possa tirar do ar 30% do dióxido de azoto. Tudo está a ser tentado, mas a que preço de energia e da saúde do Homem? A TERRA ESTÁ A MORRER....e nós com ela !

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