21.5.08

O triunfo da VACÍNIA

Uma das doenças da Europa do séc XVIII era a varíola de origem vírica ; de contágio fácil, afetava muitas pessoas, provocando grande mortandade.Para cúmulo do azar, as pessoas que escapavam à morte ficavam com cicatrizes, principalmente na cara, o que as marcava para toda a vida. Além de desfeiar, na sociedade supersticiosa daquela época, as cicatrizes eram consideradas como um castigo divino para graves pecados. Edward Jenner, médico inglês da última década do sec XVIII,tinha observado o seguinte : os criadores de vacas que haviam sofrido levemente de uma doença destes animais, muito parecida com a varíola, ficavam com uma maior resistência a esta doença. Baseado nesta observação, injectou linfa de vaca doente em indivíduos que queria libertar da varíola. Ao fazer isto, provocou nas pessoas uma reacção de defesa que lhes permitiu superar as consequências de outro contágio de varíola. A "vacinia" (do latim vacca), assim se chamava a doença das vacas, passou então a ser o termo genérico para qualquer produto de laboratório que contenha germes, mortos ou atenuados, da doença a tratar.

No século passado ,criaram-se com êxito vacinas contra a febre amarela , raiva, tétanos, difteria e cólera. Também a rubéola e poliomielite deixaram de ser ameaça na Europa e América do Norte. Mas deixemos a parte histórica e vejamos a científica: uma vacina é uma substância derivada, ou quimicamente semelhante, a um agente infeccioso, causador de doença. Esta substância é reconhecida pelo sistema imunitário do indivíduo vacinado que reage como se tivesse sido realmente atacado pelo agente infectante. O facto do agente não existir na vacina com capacidade para se multiplicar ràpidamente e causar doença dá, ao sistema imunitário das pessoas, tempo para preparar a defesa e memorizá-la. Esta memorização fará com que o sistema imunitário responda com rapidez e eficácia a uma verdadeira infecção, no futuro. Uma vacina tem, em geral, quatro componentes : o antigénio que pode ser o agente infeccioso inactivado ou atenuado ou ainda partes do agente; o solvente é,normalmente, água esterilizada ;conservantes,antibióticos e estabilizadores que servem para estabilizar o antigeno e evitar que este seja alterado por invasão bacteriana; adjuvantes que são compostos á base de alumínio com a finalidade de aumentar a resposta imunológica do indivíduo vacinado. As vacinas podem ser classificadas em três grandes grupos: Vacinas inactivadas ou inertes---o agente bacteriano ou viral é inactivado e incapaz de se multiplicar mas mantendo a capacidade de activar o sistema imunológico. São vacinas muito seguras, não havendo a possibilidade de originar a doença. Têm a desvantagem de requerer várias tomadas, 4 a 5 doses espaçadas, para terem efeitos. São exemplos deste tipo as vacinas a VIP( pólio), Pw (tosse convulsa),DTPa (difteria,tétano). Vacinas VIVAS atenuadas---O agente patogénico, obtido a partir de um indivíduo infectado,é enfraquecido através de um hospedeiro não natural ou de um meio adverso; este agente vivo atenuado, quando inoculado, multiplica-se sem causar doença, estimulando o sistema imunitário. São vacinas fáceis de produzir, existindo um pequeno risco de poder provocar infecção.São exemplo as vacinas :VAP(pólio) VAS,VAR,VASPR (sarampo,papeira e rubéola) e BCG (tuberculose). Finalmente há as vacinas por recombinação genética que se usam técnicas de biologia molecular e engenharia genética.


Actualmente usam-se vacinas polivalentes, tendo em conta os subtipos mais vulgares de virus razão porque, por exemplo, a vacina da gripe tem de ser modificada todos os anos, de acordo com as mutações detectadas no agente patológico. Infelizmente, para a SIDA e Gripe Aviária não foi ainda possível uma vacinação credível, mas não é de desanimar pois ,há pouco tempo ,surgiu a vacina para o cancro do colo do útero, o que se pensava ser impossível realizar . Doenças que na Europa há muito foram erradicadas por vacinação, continuam a provocar em África graves surtos epidémicos, tudo por culpa dos seus venais governantes. A terminar , alertamos para o facto de que qualquer vacina só deve ser tomada sob indicação e controlo médico, pois pode haver contra indicações, por as pessoas serem alérgicas aos conservantes e estabilizadores da vacina, ou por possuirem deficiência imunitária devida ao HIV , a tramento de quimioterapia ou outro.
Algumas vacinas em Portugal são gratuitas, fazendo parte do Plano Nacional de Vacinação, informação que pode colher em qualquer Centro de Saúde. Última Hora . Já depois de publicada esta mensagem chega-nos a notícia (8 de Junho de 2008) de que a Agência Europeia do Medicamento aprovou, a 14 de Maio, a primeira vacina pré-pandémica para humanos contra o virus das aves H5N1(Gripe Aviária) . A vacina tem o nome de PREPANDIX da multinacional GlaxoSmithKline.No entanto, a sub-directora geral de saúde afirmou ser prematuro Portugal adquirir a vacina. Como sempre , andamos no velho adágio de " casa roubada ,trancas na porta".

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