14.3.08

UNIVERSIDADE

ORIGEM DA UNIVERSIDADE EM PORTUGAL


O estudo das Humanidades, no séc. XIII, sempre esteve confinado aos conventos e á Igreja. Portugal não podia fugir á regra e ,por isso, a primeira aula pública de que se tem notícia foi dada no Convento de Alcobaça ,em 1269. Sabe-se que o rei D.Dinis, que já era letrado, revelou a intenção de criar uma Universidade,corria o ano de 1284, pois o que existia nesse tempo eram estudos rudimentares em algumas ordens religiosas. Em 1288 ,doze dos mais importantes prelados do Reino,incluindo o Abade de Alcobaça e o prior de Santa Cruz de Coimbra,solicitam ao Papa Nicolau IV autorização para que parte das rendas de vários Mosteiros e Igrejas servissem na dotação de salários de uma universidade a instalar em Lisboa. Tal viria a acontecer em Março de 1290 pela bula " De statu regni Portugaliae " do Papa Nicolau IV , enviada ao Rei D. Dinis. Portugal ganhava assim a sua Universidade, quando na Europa só existiam a de Bolonha (1088) ,Paris (1170),Cambrige (1209) e Salamanca (1218). A autorização papal não concedia o Curso de Teologia, por temer desvios doutrinários,sendo apenas autorizados os cursos de Direito Civil ,Direito Canónico ,Medicina e Artes. As Artes eram: gramática,lógica , dialéctica (trivium) , aritmética,geometria,astronomia e música (quadrivium). Como o curso mais procurado era Direito e não havia Teologia, muitos dos estudantes sairam de Lisboa para Salamanca e Paris. O principal objectivo dos estudantes era obter licença para ensinar ,saindo com os graus de Bacharel,Licenciado e Doutor . Pese embora a tradição do estudo e do saber nas escolas islâmicas, Lisboa não possuia essa tradição com o nível de Coimbra ou de Alcobaça, daí que a criação da Universidade em Lisboa fosse vista como um previlégio papal. Em 1308 a Universidade é transferida para Coimbra, regressando a Lisboa trinta anos depois .Em 1354, por ordem de D.João III ,volta definitivamente para Coimbra. A razão desta transferência prende-se ao facto de estar longe de um porto de mar e das novas heresias. É assim que em 1400 lhe é autorizado o ensino de Teologia, após insistência da Ordem Franciscana junto da Santa Sé. A Universidade sempre se regeu por uma estrutura corporativa que juntava, por um lado, professores e assistentes (repetidores da aula) e por outro ,os alunos . Á semelhança da Universidade de Bolonha, era aos estudantes que cabia a eleição dos Reitores, que com os chanceleres mantinham a organização.A universidade de Coimbra sempre foi dotada de regalias,isenções e direitos, como o de possuir uma guarda privativa (os archeiros ) que vigiavam o comportamento dos estudantes dentro da universidade e na cidade. O rei D. Dinis ordenou a criação de Colégios,que funcionavam como residências dos estudantes pobres ou deslocados . A Universidade desde logo ficou instalada nos Paços reais desta cidade. A foto mostra a Sala dos Actos Grandes (sala dos Capêlos) nos dias de hoje, mas que era o salão nobre dos Paços Reais.Desde o reinado de D.Manuel I todos os monarcas portugueses passaram a usar o título de "protectores da Universidade", podendo nomear professores e alterar os estatutos ,o que veio a verificar-se várias vezes. No reinado de D.José a universidade sofre uma profunda alteração (1772) com os " estatutos pombalinos " que marcam o início da Reforma do Marquês de Pombal . Esta manifestou-se no grande interesse pelas Ciências da Natureza e pelas Ciências do Rigor,até aqui afastadas do ensino universitário. São criados os laboratórios.o jardim botânico,o observatório astronómico e inicia-se a ciência experimental.Em 1836 dá-se a fusão da Faculdade de Cânones com a de Leis surgindo a Faculdade de Direito para em 1911, já na República, receber novos estatutos. É nesta data que são criadas as Universidades do Porto e Lisboa, tendo em vista dotar estas cidades com estudos idênticos aos de Coimbra, já que nelas só existiam Escolas Superiores.

(biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra )


(antigo Laboratório Químico )


(lago central do Jardim Botânico)
(Porta Férrea- Entrada da Universidade antiga)




1 comentário:

Anónimo disse...

Não conhecia a história. Gostei muito. Deve continuar

JC

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