6.2.08

COMBOIOS

OS COMBOIOS
Foi a invenção da máquina a vapor e a sua aplicação á indústria que levou os governos europeus, por volta de 1835, a criar novos meios de transporte para escoar com rapidez os produtos saídos das fábricas.Desapareciam as carroças e nascia o caminho de ferro, que toma esse nome porque os veículos se deslocavam em carris de ferro. Em Portugal,depois de muitos projectos e constituição de várias empresas fracassadas, foi inaugurada a primeira linha de caminho de ferro entre Lisboa e o Carregado, numa extensão de 37 Kms. A primeira viagem realizou-se no dia 28 de Outubro de 1856 ,levando a bordo o rei D.Pedro V ,sendo a composição rebocada por duas máquinas.( ver foto)



A empresa construtora designava-se Companhia Central e Peninsular dos Caminhos de Ferro em Portugal e tinha por objectivo levar a linha de Lisboa ao Porto (linha do Norte) e ainda uma outra de Lisboa a Badajoz para ligar a Madrid. Dada a lentidão das obras o Governo, em 1860, extinguiu esta Companhia e criou outra designada Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses a quem entregou a obra. Esta ficou concluída em 1864, chegando o comboio a Gaia e aí ficando ,pois havia o problema da travessia do rio Douro. Também este problema foi resolvido em 1877. com a construção da ponte D. Maria, projecto do eng. Gustavo Eiffel, e a linha do norte passou a terminar na estação de Campanhã,na cidade do Porto. Outras linhas tinham sido entretanto lançadas, tanto para sul como para norte de Lisboa e pertenciam a diversas Companhias que as exploraram até 1947. Nesse ano o Governo decide integrá-las todas numa única Companhia , a CP ou Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses que passou a gerir linhas de via larga e estreita, com uma única excepção, a linha de Cascais. Depois desta " viagem" muito rápida e incompleta sobre os caminhos de ferro em Portugal, vamos falar do comboio em geral, já que existem bons sites para os Caminhos de Ferro Portugueses, como é o caso do da APAC. Um comboio é constituído por uma locomotiva e por carruagens de passageiros ou de carga, deslizando sobre carris de ferro ou de aço. A distãncia entre os carris denomina-se de "bitola" e varia de país para país, estando a caminhar-se para uma uniformização. As primeiras locomotivas eram a vapor, tendo como combustível para a caldeira a lenha e depois o carvão mineral. Com o final da 2ª Grande Guerra Mundial (1945) surgem locomotivas a motor diesel.


Estas locomotivas tinham fraco poder de tracção e partiam o diferencial motor-rodado, pelo que foram substituídas pelo modelo diesel-eléctrico. Este sistema consiste num motor diesel ligado a um gerador de corrente eléctrica . A corrente eléctrica assim gerada vai accionar motores eléctricos ligados aos rodados. ( ver fotografia abaixo). Existem variantes deste sistema como as diesel-hidraulicas e as de turbina de gás .


Por uma questão económica e de velocidade o sistema diesel foi .a pouco e pouco, sendo abandonado e substituído por composições que usam locomotiva só eléctrica,cujos motores são directamente alimentados por uma catenária ou por um terceiro carril como é o caso de metropolitano de Lisboa. A corrente injectada nos motores é de milhares de volts. A foto que se segue mostra uma composição com máquina eléctrica alimentada por uma catenária.



Falámos de locomotivas mas as carruagens também variaram muito ao longo dos tempos, quer no aspecto quer no conforto. As primeira eram de madeira e acabaram depois por ser metálicas variando também no comprimento , no tipo de assentos,no número de pisos e até na localização dos rodados independentes do chassis, além de outras soluções técnicas que permitem mais velocidade e menos balanços.














Os vagões de carga também sofreram grandes modificações; Recordemos os velhos Jotas em madeira , para mercadoria em geral e de que mostramos uma fotografia . Hoje os vagões de mercadorias são especializados e vão desde os mineraleiros aos cisternas, para já não falar nos de transporte de automóveis.
Durante a evolução do comboio surgiu a automotora.Trata-se de uma grande carruagem de passageiros com locomoção própria, a diesel ou a electricidade. Tem dois postos de comando, um em cada extremidade,podendo funcionar como uma unidade simples ou em combinação com outras semelhantes e reboques.



A evolução natural das automotoras foi para os comboios de alta velocidade com um número reduzido de carruagens e linhas aerodinâmicas para permitir grandes velocidades. A tracção é eléctrica e a alimentação da energia feita por catenária. Há no entanto alguns modelos diesel eléctricos.



No caso do TGV (comboios de grande velocidade) ,para além das linhas aerodinâmicas há que ter um traçado de via especial para suportar velocidades da ordem dos 300 Kms/Hora.



A fotografia seguinte mostra um comboio de levitação .Não possui rodas e desloca-se numa almofada electromagnética,atingindo grandes velocidades


As estações dos Caminhos de Ferro de Portugal são , na maioria dos casos, belos museus da arte do azulejo, como podemos ver pelas fotografias. Pena é que em alguns casos de linhas encerradas, a CP e o Governo não tenham cuidado deste património como ele merecia .


























Para além dos belíssimos paineis de azulejos que retratam normalmente monumentos ou costumes das regiões onde se encontram construídas, possuiram , em tempos, jardins que eram tratados pelos ferroviários e iam a concurso.
P.S.: Um leitor deste modesto blog mandou um contributo muito curioso sobre bitolas que,com a devida vénia, passo a expor : Na Inglaterra e na América há duas bitolas ,uma de 4' e outra de 8,5' e isto porque a empresa que construiu as primeiras carruagens de comboio era a mesma que construia as carroças de cavalos e elas tinham esta distància entre os rodados. Por que teriam esta distância entre os rodados ? Porque era essa a largura das estradas na Europa, que copiaram por sua vez a largura das antigas estradas romanas. Estas estavam adaptadas aos carros de guerra romanos, que eram puxados por dois cavalos .A largura destes carros era igual á distância que vai desde a ilharga exterior de um cavalo até á ilharga externa do outro. Resumindo: A bitola inglesa e americana foi sucessora directa da distância de rodados de um carro de guerra romano.
(Mário Portugal Leça Faria)

2 comentários:

Anónimo disse...

parabens, o conteudo e a linguagem esta tudo muito desenvolvido e as imagens sao muito boas.
um trabalho muito bem elaboado.

" De Nós para Vós " disse...

Olá boa noite!
Não nos conhecemos, numa pesquisa aos "comboios de ontem e comboios de hoje" vim dar com o seu blog, o qual simplesmente gostei!!! muito bem elaborado.
Mas o assunto que me leva a redigir estas palavras é: sou nova no assunto a que toca a "Blogs", sendo eu uma formanda do curso EFA, na escola Secundária Soares de Basto, Oliveira de Azeméis, gostaria de colocar um Calendário Relógio no blog, gostei imenso do que possui no seu blog, será possível eu também colocar um igual? se sim, gostaria que me informa-se onde poderei "buscar" e como faço para o colocar?
Sem outro assunto,
Comprimentos
Formanda

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