16.10.11

CÓDICE CALIXTINO

A notícia caiu como uma bomba nos meios culturais de Espanha e do resto da Europa pelo seu imprevisto e ousadia: “ O Códice Calixtino, ou Codex Calixtinus, um livro do século XII de valor incalculável, desapareceu da Catedral de Santiago de Compostela, em Espanha. O manuscrito estava guardado numa caixa forte no arquivo da catedral e o seu desaparecimento apenas foi reportado esta terça-feira.” ( notícia de 7 de Julho de 2011)
Esta notícia curta levou o comum das pessoas a pensar tratar-se apenas de um roubo de mais um velho livro que poucos conseguiam ler , mas o crime já é considerado um dos mais graves cometidos contra o património histórico e artístico de Espanha. Mas o que é na realidade este Códice, roubado a 5 de Julho?
O Codex Calixtinus ou Códice Calixtino , é um conjunto de manuscritos com iluminuras de meados do século XII. É conhecido do grande público pelo seu livro V, que consiste no mais antigo guia para os peregrinos que faziam o Caminho rumo a Santiago de Compostela, incluindo conselhos, descrições do percurso e das obras no arte nele existentes, assim como usos e costumes das populações que viviam ao longo da rota. Os demais livros do códice são sermões, narrativas de milagres e textos litúrgicos diversos relacionados com o apóstolo São Tiago. O códice escrito em latim nos anos finais do arcebispado de Diego Gelmírez, visava servir como promoção daquela Sé. Embora apresentado originalmente como sendo da autoria do Papa Calisto II, daí o seu nome, na realidade foi redigido por vários autores no período entre 1130 e 1160, tendo elevado valor literário.
O exemplar mais antigo dos livros que constituem o Códice é datado de 1160, e é formado pela cópia de um exemplar modelo. A cópia realizada pelo monge Arnaldo de Monte em 1173 conserva-se actualmente em Barcelona
Segundo apuramos , parte do manuscrito foi traduzido para o galego no primeiro terço do século XV onde ficou conhecido como "Milagres de Santiago"", e recolhe partes da "Historia Caroli Magni e do Guia do Peregrino. O códice sofreu intervenção de restauração em 1966 , ocasião em que lhe foi reincorporado o Livro IV, que dele havia sido destacado em 1609.
Carlos Villanueva, catedrático da Universidade de Santiago de Compostela e estudioso destas obras afirmou que o livro é de um valor "imenso", difícil de estabelecer caso a obra fosse leiloada.
Villanueva considera que o livro é possivelmente o original (ou pelo menos o melhor dos exemplares) do Codex Calixtinus, que descreve pela primeira vez os detalhes de várias das rotas do Caminho, com informação sobre alojamento, zonas a visitar e património e objectos de arte que podem ser conhecidos.
Um relato que, nove séculos depois, continua ainda hoje a ser citado e ainda serve de referência para alguns dos locais percorridos pelos peregrinos.
Conhecido também como o Liber Sancti Jacobi, foi realizado em honra do apóstolo Tiago, detalhando-se a vida, o martírio e a veneração da figura que tem em Compostela o seu maior culto.
O professor afirmou ainda que a obra acabou por ser divida em cinco livros e vários apêndices, entretanto reunidos, já no século passado, num único volume. Villanueva destaca o facto de que o livro estava " muito bem protegido e isolado, numa caixa forte, com acesso personalizado e muito difícil de ultrapassar". O seu roubo é de profissionais e"um golpe tremendo" para Santiago de Compostela por tratar-se de "uma peça significativa e fundamental para o conhecimento da história".
As autoridades espanholas montaram já uma ampla operação policial em toda a Espanha no intuito de encontrar a pista ao livro e pensam que pode tratar-se de um roubo realizado por um grupo contratado por algum coleccionador ou traficante de objectos deste tipo.
Apresentamos apenas um breve resumo deste acontecimento omitindo pareceres e opiniões ,muito abundantes na internet que apontam o roubo como sendo um acto publicitário em virtude das condições de extrema segurança em que se encontrava.

1 comentário:

João Matos disse...

Blog interessante e de temas variados apresentados de forma ligeira o que convida a leitura

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