16.3.10

FILOSOFANDO ( 3 )


Há dias, alguém me questionou sobre o que era o tempo, aquele tempo que os físicos medem em unidades por eles criadas. Fiquei sem resposta imediata pois ainda retinha na memória a experiência que fora realizada pelos físicos quânticos em 2003, e na qual chegaram à conclusão que o tempo não existia. Segundo aqueles físicos havia um pequeno espaço de tempo que não existia, pois nos bilionésimos de segundo durante os quais se observa a formação de fotões, não se pode afirmar que fenómeno se passou antes ou depois, já que o tempo não passa.
Será então o tempo uma ilusão? Se a resposta divide hoje os filósofos , a ciência não oferece resposta e apenas tem uma verdade : o tempo existe apenas desde que alguém o começou a medir , primeiro com a clepsidra e actualmente com os relógios atómicos. Einstein mostrou teoricamente que o tempo é uma noção relativa e que dois relógios , por mais precisos que fossem, apresentariam leituras diferentes consoante se estivessem a afastar ou a aproximar , a velocidades próximas da luz. Também já todos nos apercebemos que às vezes o tempo nos parece passar rapidamente e de outras vezes muito de vagar, tudo dependendo do nosso estado de espírito .Dando um exemplo: uma hora (60 minutos) numa festa parece ter sido um instante e em uma situação de aflição parece ser uma eternidade. A mesma contagem de tempo torna-se diferente , de pessoa para pessoa , consoante a situação que cada uma está a viver. Perante isto voltamos ao princípio : o tempo existe ? Haverá passado, presente e futuro ? Será que vivemos aquilo que consideramos como passado, pois o que temos são lembranças ? E sendo lembranças como podemos garantir que algo realmente existiu da forma como o lembramos ? Sendo o passado uma lembrança , isto é, uma informação do cérebro, ele não existe . Nesta linha de argumentação o presente não existe porque já passou. E o futuro que vem a caminho e se vai tornando presente? Também não existe pois ele é só uma ideia na nossa cabeça. Será que o tempo não existe e é uma criação da mente humana? Sabemos que ao longo da nossa vida a percepção do tempo vai evoluindo por efeito do desenvolvimento do cérebro e do aumento da memória e das capacidades cognitivas. Expliquemos melhor: até aos 15 meses de vida uma criança não tem noção da passagem do tempo e muito lentamente , a partir dessa idade, vai tendo a noção de que o tempo é algo que passa; só lá para os sete anos de idade apreende a ideia de hora, minutos e segundos. Também se sabe que sob a acção de drogas ou por efeito de doenças neurológicas a noção do tempo é distorcida .
Para terminar, deixamos outra pergunta : quando morrermos que acontece ao tempo ? Deixa de existir ou nunca existiu ?

Terminamos com uma velha cantilena da escola
... O tempo pergunta ao tempo, quanto tempo o tempo tem. O tempo responde ao tempo que o tempo tem tanto tempo, quanto tempo o tempo tem ....

1 comentário:

Ana Ramon disse...

Olá Amigo. Entrar neste blog é sempre uma delícia e uma tentação para se ficar muito mais tempo do que aquele que se dispôe no início.
Os assuntos são muito diversificados mas apresentados de uma forma que nos faz interessar por problemas que nunca nos levaram a reflectir (falo por mim, claro) um pouco sobre eles.
Este sobre o tempo é um deles pela forma como se questiona.
Mas o título que lhe deu foi óptimo porque ao filosofar-se faz-se determinados exercícios mentais que podem levar a conclusões estranhíssimas e até risíveis.
Assim que puder virei de novo para reler este seu último escrito e também os anteriores que neste momento não posso ver porque o tempo aqui, passa realmente e de que maneira :)
Um beijinho grande

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