A civilização egípcia ,uma das mais antigas, sempre mostrou práticas religiosas, primeiro
animistas (5.000 anos antes de Cristo) tendo depois evoluído para uma espiritualidade repleta de
deuses. Esta nova espiritualidade mantinha vestígios anímicos, uma vez que esses deuses eram divindades
antropomórficas , ou seja, tinham elementos humanos e animais As primeiras referências a
sacerdotes do Egipto datam da Primeira e Segunda Dinastias, 3.000 anos antes de Cristo, embora as inscrições que a eles aludem sejam meros títulos honoríficos que não permitem determinar, em rigor, as suas funções. Do Império Antigo existem já mais informações , sabendo-se que os sacerdotes principais eram escolhidos entre os familiares do Rei (
Faraó) ou pessoas muito próximas dele. Os sacerdotes constituíam uma casta previligiada que ia obtendo cada vez mais poder mas não chegando a acumular grandes riquezas. A partir da quinta dinastia (2494- 2345 aC) com a construção de grandes templos consagrados a
Rá, o deus Sol, a classe sacerdotal ganhou independência e influência.Esta influência foi aumentando nas dinastias que se seguiram, chegando a haver
80.000 sacerdotes no templo de
Amon, em Karnak, no tempo de Ramsés III. Devemos esclarecer que eram consideradas sacerdotes todas as pessoas que trabalhavam no templo e que a sua actividade nada tinha de semelhante com a dos clérigos das actuais religiões ocidentais. Aquelas pessoas eram, na realidade,
servos do Deus e, consoante as habilitações que possuíam , assim estavam destinadas a tarefas específicas. Se sabiam ler e escrever, iriam interpretar textos, escrever documentos etc; outros praticavam observação astronómica e definiam calendários de colheitas; outros ainda dedicavam-se á medicina preparando medicamentos,fazendo sangrias ,criando elixires ,exorcismos etc; outros eram guardas e assim por diante. Os servidores do Deus podiam casar e ter outras profissões sem incompatibilidade com o serviço do templo. Existia entre esses sacerdotes ou servidores uma hierarquia que determinava a que lugares no templo poderiam ter acesso. O clero egípcio estava organizado segundo uma rígida estrutura piramidal em que no vértice estava o
Faraó como sumo-sacerdote de todo o país e de todos os deuses. Dele dependiam os corpos sacerdotais dos diferentes templos e deuses. Os corpos sacerdotais eram chefiados pelos sumo sacerdotes que tomaram designações diferentes ao longo dos tempos e consoante os lugares de culto. Como exemplo citamos o que se passava com o templo de Amon ,em Karnak,com os seus 80.ooo servidores: O
Sumo-sacerdote ou
Primeiro Servidor era nomeado pelo Faraó que delegava nele o privilégio de ser o Deus encarnado, isto depois de ouvido o oráculo. Não esqueçamos que o Faraó era considerado o Deus encarnado. O Primeiro Servidor do Deus era assistido por um
Alto Clero que com ele podia aceder às zonas mais sagradas do templo. Este Alto Clero era ainda constituído por um
Segundo,Terceiro e Quarto Servidores do Deus e tinha por missão o governo do templo, dirigir os trabalhadores e controlar todas as propriedades e terras que o santuário possuísse. Estes quatro dignitários eram apoiados por numeroso pessoal auxiliar tal como mordomos,secretários,escribas,guardas ,criados e serviçais indiferenciados. Existia também um
Baixo Clero formado por
sacerdotes puros, ou
uab que se ocupavam do ritual diário e carregavam a "Barca Divina" nas procissões .Tinham também uma hierarquia que passava pelo Director, Supervisor e Grande Sacerdote Uab, a que se acrescentavam os sacerdotes horários ,sacerdotes horóscopos , sacerdotes músicos e sacerdotes auxiliares com diferentes funções no templo. Neste imenso pessoal existiam também mulheres cuja actividade era a música e a dança para deleite do Deus, leia-se do Faraó. À cabeça deste clero feminino estava a Raínha ou uma filha solteira do Faraó,consideradas a
Esposa do Deus ou
Divina Adoradora ; seguiam-se a
Supervisora do Harém (equivalendo ao 2º Servidor do Deus) que verdadeiramente dirigia a área feminina ; a
Mãe do Deus e a
Ama do Deus , formando todas elas o Alto Clero Feminino. No Baixo Clero encontravam-se as
sacerdotisas puras , as
cantoras de Amon, as
músicas, as
bailarinas e as
leigas.
Na foto abaixo vemos a raínha Nefertite (1ª Servidora) em ritual de oferenda ao Deus .
Os Sacerdotes não pregavam os dogmas religiosos entre a população e os templos não eram lugares de culto público ,sendo o acesso a eles reservado ao clero. O culto ao Deus era realizado três vezes ao dia : ao amanhecer, ao meio dia e ao anoitecer. O Faraó ou o Sumo Sacerdote , por sua delegação, quebrava o selo da capela e abria o armário sagrado onde se encontrava a imagem mais sagrada do Deus , iniciando-se o ritual de a alimentar,lavar, vestir. pintar e adornar com jóias , como se fosse um ser vivo. É isto que podemos observar abaixo, na pintura de um papiro que passamos a descrever: O Sacerdote, com a máscara de Deus chacal Anúbis , segura a múmia enquanto , do outro lado,um outro vestindo a pele de leopardo e acolitado por mais dois , realizam os rituais atrás citados.
2 comentários:
História interessante explicando o número de milhares de "SACERDOTES" que afinal o não eram.
núuuuuu é muita coisaaaaaaa para copiarrrr e agoraaa *-*
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