5.11.09

Mosteiro de Coz


O mosteiro de Santa Maria de Cós (ou Coz), desconhecido da maioria da população portuguesa ,situa-se no concelho de Alcobaça, em zona campesina ou não fora ele, de início, uma granja do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça.Difícil de visualizar, situa-se a 4 kms de Maiorga, na estrada para o Juncal , passando-se por ele despercebidamente dada a sua simplicidade e semi abandono. Restaurado há pouco tempo no que concerne á igreja , encontra-se fechado, sem qualquer guia oficial ou oficioso (ano de 2009) , restando a boa vontade de uma familiar do pároco local para abrir a porta , fora das horas de culto.

Considerando o que citámos , resolvemos dar o nosso humilde contributo divulgando a sua riqueza de talha e azulejo. De origem muito antiga (1279), foi fundado por D. Fernando , abade de Alcobaça, servindo inicialmente para acolher as viúvas que optassem por se dedicar á vida religiosa. O que hoje é visitável data do século XVI e deveu-se ao abade comendatário de Alcobaça, D.Afonso, filho do rei D. Manuel I e destinava-se a albergar uma comunidade feminina da ordem de Cister.

O que hoje resta é a igreja,a sacristia ,e o que ficou de dois pisos dos grandes dormitórios( ver foto acima) estes com janelas esventradas a que foram arrancadas as cantarias para utilização em moradias , já que a parte do antigo convento tinha sido vendida a particulares. O interior da igreja revela as reconstruções dos séculos XVII e XVIII mantendo, do século XVI, um portal manuelino que dava entrada ,a nascente, para o coro. Os altares são de rica talha dourada como podemos apreciar na foto seguinte.


A nave da igreja foi dividida em duas zonas : a zona entre o altar mor e o coro destinada aos leigos e a zona do coro para as religiosas. Estas duas zonas estão separadas por um gradeamento em madeira, actualmente restaurado e de que apresentamos um pormenor.(foto seguinte) Através desse gradeamento vemos o cadeiral e os azulejos que cobrem as paredes do coro.O cadeiral teria originalmente 106 assentos , o que mostra o número de freiras e daí poder ter-se uma ideia do número de celas e tamanho dos dormitórios bem como do resto das instalações ,hoje desaparecidas.



O tecto da nave é formado por 80 caixotões de madeira com pinturas , também restauradas mas mantendo a cor envelhecida. Por este tecto e azulejos vale a pena procurar esta maravilha do século XVII.


Interessantes também os azulejos da sacristia, anexo relativamento baixo em relação á nave da igreja, mas de valor incalculável por serem do século XVII.Por falha da nossa máquina fotográfica não os podemos fixar em pormenor pelo que recorremos , com a devida vénia, a uma foto de um blog designado Fleming de Oliveira.

(vista parcial da sacristia,com o lavatório e porta de acesso ao interior da igreja).

Terminamos este apontamento com uma pergunta : que anda a fazer o pelouro da cultura da câmara de Alcobaça que não permite estar aberto, fora da hora de culto,este tesouro arquitectónico sempre com a desculpa de falta de verba? Se tanto foi gasto num longo restauro profissional, por que manter esta joia escondida de turistas que " dão com o nariz na porta" por não saberem a quem se dirigir para fazer uma visita?

1 comentário:

Anónimo disse...

É como diz, amigo Prof. Nogueira, é uma pena que essa maravilha, esteja tão escondida dos olhos do público e dos interessados, que cada vez são mais...
Talvez esta sua bela descrição, chegue às mãos de quem de direito, para possibilitar as visitas.

Gostei muito de ler e ver.

Parabéns mais uma vez, pela sua habilidade para tão bem descrever as coisas !

Mário

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