A ideia de André Citroen construir um pequeno veículo motorizado, acessível a todas as bolsas, para substituir os usuais cavalos e carroças,nasceu em 1934. Era a consequência de ser um admirador de Henry Ford que, anos antes, tinha inventado a linha de montagem para fabricar o célebre Ford T , nos Estados Unidos. O citroen dois cavalos, inicialmente designado TPV,foi construído em alumínio e magnésio, materiais leves e baratos, tendo sofrido várias modificações até surgir ao público no Salão Automóvel de Paris em 1948, já depois da 2ª Guerra Mundial. A motorização era inovadora : um motor de dois cilindros horizontais, arrefecido a ar e sem motor de arranque, já que este se fazia com uma manivela exterior,como se pode ver na figura. A tracção era já feita nas rodas dianteiras, mas não possuía velocímetro ou conta quilómetros. A carroçaria em chapa ondulada muito fina, tinha um único farol e as portas abriam-se por dentro, depois de levantar, à mão ,o meio vidro da janela.O tejadilho em lona podia ser aberto enrolando-o para trás. Como o logo-tipo era um cisne, foi apelidado de patinho feio . O pai deste primitivo modelo foi Pierre-Joules Boulanger que, nos inícios dos anos 30, elaborou um caderno de encargos para uma viatura mecanizada capaz de transportar dois agricultores e 100 Kg de carga, a uma velocidade de 60 quilómetros, sem partir um ovo ,pelas lamacentas e esburacadas estradas rurais de França. O consumo teria que ser de apenas 3 litros de gasolina aos 100 Kms.No início da guerra (1939) existiam alguns exemplares experimentais que, devido á ocupação alemã,foram destruídos e uma meia dúzia enterrados em locais secretos. Findo o conflito armado a Citroen retomou o projecto com uma carroçaria redesenhada por Flamínio Bertoni. O "lata de sardinhas", do salão de Paris de 1948 ,caiu no gosto dos franceses de menos recursos financeiros e acabou por conquistar outros países dada a sua simplicidade e poucos acessórios, embora já com velocímetro, motor de arranque e abertura exterior de portas. (ver figura 2) Renovado em 1960, o 2 CV nunca mudou muito durante os 42 anos de produção.. As maiores modificações foram o redesenho da frente, a terceira janela lateral, dois farois dianteiros e o aumento da cilindrada para 602 cc, em 1970 . Foram ainda fabricadas algumas variantes como o Mèhari ( carroçaria em fibra de vidro) e a Dyane que não tiveram grande aceitação. O último veículo saiu da Fábrica portuguesa de Mangualde em 27 de Julho de 1990, tendo sido produzidos mais de 3 milhões de unidades. A última foto mostra esse modelo final do dois cavalos que deixou , por todo o mundo, inúmeros apaixonados agora organizados em clubes, que fazem encontros regulares tal como acontec com o "carocha" da WW.Compare-se este modelo de farois quadrados que voltaram a ser redondos nos últimos carros fabricados, com o original de antes da guerra e veremos que as linhas gerais ainda se podem observar passados tantos anos .
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2 comentários:
Meu caro Prof. Nogueira, realmente o meu amigo consegue brilhar em tudo o que descreve e até muito aprendi ao lê-lo.
Parabéns por mais um dos seus belos escritos.
Mário Portugal
Quem me dera ter um carro assim que segundo me disseram mesmo com a mudança metida e a embraiagem em cima só andava quando acelerado. É bom recordar o passado
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