7.2.10

ORIGEM DO HOMEM (2)


Em 17-4-08, na etiqueta Antropologia, deixámos uma mensagem sobre a Origem do Homem que hoje vamos actualizar. Assim, podemos afirmar que todos nós temos um pouco de etíope, pois foi na Etiópia , na jazida de Aramis que foram encontrados restos fósseis dos hominídeos mais antigos, incluindo a Lucy , uma fêmea da espécie Australopithecus aferensis que viveu há 3,2 milhões de anos. Na referida jazida, e em locais mais a norte, foram descobertos vários fragmentos de uma nova espécie , ainda mais antiga, a Ardipithecus ranidus que viveu há 4,5 milhões de anos e é conhecida pelo diminutivo de Ardi. O Ardi é um dos nossos sntepassados mais remotos , próximo daquela espécie de Símios que, há 6 milhões de anos, se dividiu em dois ramos : o dos hominídios que veio a dar o homem e o outro que veio a dar os macacos actuais. Há indícios que o A. ranidus andava sobre as patas traseiras numa posição erecta , pois a cavidade onde a coluna vertebral encaixa no crâneo assim o demonstra. O seu cérebro rondava os 300 a 350 centímetros cúbicos , semelhante ao de uma fêmea de chimpanzé actual. A cara tinha um focinho, mas menos pronunciado que o dos chimpanzés . Os dentes caninos eram parecidos com os dos australopithecus mas mais pequenos . Os antebraços eram muito grandes e as mãos tinham dedos muito compridos . Os pés possuíam dedos também muito compridos e o dedo grande estava afastado dos outros. Corria desajeitadamente e os seus pulsos permiiam agarrar-se a ramos mas não balançar-se neles . Embora vivesse na floresta passava mais tempo no chão do que nas árvores, talvez num misto de floresta e savana.O seu andar seria lento pois se estava a passar de indivíduos que viviam a trepar ás árvores para os que só caminhavam no solo. Está assim descoberto mais um elo da cadeia evolutiva do Homem.

4.2.10

TÚMULO DE PACAL

Inúmeras vezes o arqueólogo Alberto Ruz subiu a escadaria do templo da Inscrições de Palenque , sem suspeitar que no interior do compacto monumento se ocultava uma cripta cujo conteúdo iria mudar o rumo das investigações sobre os antigos Maias. Corria o ano de 1949 e Alberto Ruz olhava, uma vez mais, os hieróglifos das paredes do santuário quando a sua atenção se deteve numa das lajes do chão. Estas pareciam ter uma dupla fiada de perfurações em todo o seu comprimento, perfurações estas tapadas com tampões de pedra, formando círculos. Para que serviam as perfurações ninguém o sabia . O solo da sala central do templo apresentava um grande afundamento ao lado da laje perfurada, mas pensava-se ser ele devido a uma tentativa de saque. Ruz observou que essa cavidade tinha o fundo tamponado com pedras e lajes ligadas com massa de cal. Trabalhos a partir desse buraco e depois da laje perfurada, permitiram encontrar uma longa escadaria que descia pelo interior da pirâmide. Os construtores dessa passagem abobadada tinham-na atulhado com toneladas de escombros, de tal forma que os arqueólogos levaram anos para a limpar. Ao fim de 20 metros de escadaria alcançava-se um recanto onde estavam os restos de vários indivíduos espalhados pelo chão e cobertos por cinábrio e cal viva. Na parede ,uma enorme laje triangular basculava sobre si mesma dando entrada para uma câmara de paredes decoradas; no centro da sala uma enorme arca de pedra cuja tampa era decorada com baixos relevos.(ver foto seguinte)

Levantada esta tampa, com o auxílio de macacos hidráulicos, surgiu um sarcófago de pedra com a forma de útero e ,no seu interior, um cadáver coberto de cinábrio e jóias de jade. No mausoléu havia cerâmicas , contas ,colares, braceletes, peitorais, brincos e uma bela máscara de jade. Após vários estudos , descobriu-se que se tratava da tumba do rei Kinich Janaabe Pacal I, nascido no ano 603 e que reinara entre 615 e 683.


Palenque fica situada no México e foi uma das metrópoles da civilização Maia. A cidade era formada por cerca de 700 edificações. Pacal I, durante o seu reinado, iniciou um programa de construção que originou uma das mais finas artes e arquitecturas da civilização Maia. Os estudiosos das construções maias procuraram, durante anos , a unidade de medida usada pelos construtores ,fosse em metros, pés ou polegadas. Chegaram a uma estranha conclusão : os engenheiros de Pacal utilizaram uma corda para fazer quatro círculos entrecruzados que formariam os cantos de um quadrado. As cordas também foram utilizadas para traçar uma diagonal e um arco. Repetindo o processo projectaram todas as edificações pois se baseavam na Geometria Sagrada que copia as formas da natureza, como as flores. Pacal fez questão que os símbolos sagrados fossem enterrados com ele ; dentro do seu túmulo foi encontrado em uma mão uma esfera de jade, e na outra um cubo de jade que são as formas geométricas chave que inspiraram e possibilitaram a construção da cidade que acabou por ser abandonada após a sua morte.

Quanto à tampa do sarcófago há quem veja nela representado um indivíduo a pilotar uma nave espacial, com capacete e até respirador . Há ainda quem veja as chamas do foguetãoSerá que este povo voava? Já nada é de espantar!

2.2.10

JUÍZO FINAL pintura mural

Na capela Sistina, do Vaticano, encontram-se os afrescos com que o renascimento chegou ao seu expoente máximo e também os que assistiram ao início do seu declínio. Na abóbada ,encontramos harmonia e serenidade nas cenas do Génesis , separadas entre si por falsas molduras; na parede do altar, a cena do Juízo Final no seu aparente caos e convulsão, mostra o início do barroco. São apenas duas décadas que separam estas duas obras de Miguel Ângelo mas a diferença é radical. É certo que o artista tinha envelhecido e estava mais pessimista , mas havia também a influência das ideias de Lutero, bem como o saque de Roma pelas tropas de Carlos V.A ideia de pintar o Juízo Final deve-se ao Papa Clemente VII, desejoso de deixar uma grande obra que o recordasse na sua passagem pela cadeira de S.Pedro. Contudo ,morreu antes de Miguel Ângelo a iniciar e foi o Papa Paulo III quem ratificou o encargo do mestre pintar a parede por detrás do altar. Sabe-se que foram feitos vários esboços para a pintura, baseados no Evangelho de S. Mateus que ficariam em quatro molduras sobrepostas. Nesse esboço , o Tribunal Celestial conteria as figuras de Cristo, da Virgem Maria , de S.João Baptista , dos Apóstolos e dos 24 Velhos do Apocalipse. Nas outras três molduras constariam a "ressureição dos mortos " a "avaliação das almas " e a " separação dos justos dos réprobos ". Miguel Ângelo esqueceu esta ideia de molduras sobrepostas e criou um caos ordenado. As suas figuras sobem, baixam , giram sobre si próprias , criando um turbilhão à volta de Cristo que também não está sentado num trono, como era usualmente representado. Miguel Ângelo mistura ainda às cenas bíblicas a necessidade de reforma da Igreja , onde o pecado da avareza é personificado por um Papa. A obra de 14,6 por 13,41 metros foi inaugurada em Novembro de 1541 , toda ela pintada pelo artista sem colaboração de discípulos . À medida que a obra ia ganhando forma , a crítica negativa da corte papal ia crescendo ; diziam que os anjos não tinham asas , as figuras sagradas não possuíam aureolas e que os órgãos genitais das figuras não estavam tapados numa demonstração de obscenidade na casa de Deus . Paulo III recebia contínuas queixas . mas acreditava plenamente no que o pintor estava fazendo. Recordemos que estas críticas aconteciam nos palácios em que os " sobrinhos ", eufemismo para filhos bastardos dos cardeais . brotavam como cogumelos . O caso das figuras nuas foi mesmo debatido no Concílio de Trento (1545-1563) e, tendo Paulo III falecido entre as reuniões, não pode impedir que tivesse sido decretada uma repintura para esconder os órgãos sexuais das figuras. Uma outra das críticas dos cardeais era que Cristo não fora retratado como um adulto de barba , mas sim como um jovem imberbe com um rosto de um Apolo Belvedere. Também criticavam a postura da Virgem nâo olhando para Cristo,como que incomodada pela atitude que o Filho estava a ter. (foto abaixo)

Atentemos noutros pormenores do grande mural ; os anjos tocam as trombetas para acordar os mortos e, no livro grande, estão os nomes dos que serão condenados (1) e no livro pequeno (2) por serem poucos, os que vão para o Paraíso. (figura seguinte)


Na figura que se segue os afortunados que sobem ao céu são ajudados por anjos (1). Se formos mais minuciosos vemos que os ressuscitados (marcados como número 2) estão agarrados a um rosário de 99 contas , usado pelos muçulmanos que são salvos por acreditarem num Deus único. Seria uma atitude eucuménica de Miguel Ângelo ?

Embora a foto acima não o mostre, alguns dos ressuscitados são representados em esqueleto ou com meia carne ou ainda a erguerem a pedra do túmulo. Noutro lado do mural está representada a descendência de Eva, como veremos na foto seguinte e de que faremos legenda.


(1)-Abraâo, (2) -Sara ,(3)- Isac e a sua esposa Rebeca (4) .Os filhos deste casal são Jacob(5) e Isaú (6). S. João Baptista (9) Niobe (13), Judite (12) e Eva com o nº 11 .no cimo à esquerda.Outros pormenores podiam ser citados mas o tamanho das fotos não o permitem observar.

No lado direito do grande mural e em baixo, é representado o mundo inferior, com Miguel Ângelo a basear-se no Inferno da Divina Comédia de Dante. Aí vemos Caronte , o barqueiro que transporta os condenados até à outra margem do lago Estígia , onde os espera Minos e outros diabos . Caronte expulsa os condenados do barco batendo-lhes com o remo. Acima desta cena , os anjos lutam com humanos que não sobem nem descem ; estamos no purgatório da Divina Comédia . Dos sete pecados mortais , dois são bem identificados : o da avareza leva uma bolsa atada á cintura e junto a esta duas chaves ,como as do emblema papal, crítica mordaz ao sucessor de Paulo III. A luxúria é representada por um homem que é agarrado pelos genitais por um diabo. Simboliza a luxúria da corte papal e seus cardeais venais. Melhor que qualquer fotografia só mesmo uma visita ao Vaticano para ver esta magnífica obra ,restaurada há uma dúzia de anos .

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